Origem: Livro: Breves Meditações sobre os Salmos
Salmo 137
Este Salmo também não tem título. Portanto, ele pode ser lido como os Salmos anteriores, como sendo a linguagem dos cativos que chegaram em Jerusalém. Eles se lembram de seu cativeiro na Babilônia e que naquele momento não tinham música (veja Tiago 5:13). Eles se recusaram a colocar suas harpas em qualquer cântico que não fosse aquele que celebrasse Sião, ou a ter cântico na presença dos inimigos de Sião. Eles agora se lembram disso. E essa lembrança é fácil e natural. Eles agora estavam colhendo com alegria, mas no meio da colheita, eles se lembram de como haviam semeado em lágrimas. E a festa dos Tabernáculos, que era a grande época da festividade Judaica e a figura da alegria milenar da nação, retinha as mesmas lembranças. Pois o povo então habitou em tendas sete dias em lembrança do deserto. Mas todos esses pensamentos do passado apenas dão entusiasmo e plenitude ao presente; como nosso próprio coração bem entende.
O Israel que retornou, também deseja juízos sobre seus opressores. Isso ainda está em seu caráter. E esses exercícios do coração estão de acordo com os padrões celestiais. Pois, no Apocalipse, ouvimos os santos glorificados assim ocupados de várias maneiras, seja contando sua alegria presente, lembrando-se de sua tristeza e degradação passadas, ou antecipando o juízo vindouro de seus inimigos (veja Apocalipse 5, 7, 11), eles celebram Cristo como Parente-Redentor; e esperam Cristo como Parente-Vingador. E, quando Ele Se levanta para agir como Vingador, eles são então preparados para triunfar em Seus juízos (Ap 19), como antes haviam sido para celebrar Sua graça (Ap 5); como a mãe em Israel de antigamente cantou: “Louvai ao Senhor pela vingança de Israel” (Jz 5:2 – ACF).
Edom e Babilônia são os inimigos vistos pelo longamente afligido Israel de Deus. Babilônia, sabemos, é amplamente tratada como um mistério na Escritura. Quanto a Edom, podemos apenas notar que seu julgamento também é terrivelmente anunciado. “Enquanto se alegra toda a Terra, a ti te porei em assolação” (veja Isaías 34; Jeremias 49; Ezequiel 35; Obadias 1; Malaquias 1). Pois Esaú (chamado de “profano”) deliberadamente, desistindo de seu interesse em Deus, tomou em troca o mundo como sua porção.
Mas, voltando-nos aos pensamentos mais felizes deste belo pequeno volume (Salmos 120-137), podemos observar que ele nos mostra que, enquanto Israel estava na Babilônia, eles não tinham cânticos; enquanto estavam a caminho de casa, eles tinham cânticos ocasionais; mas depois que chegaram em casa, eles tinham cânticos constantes – seja de bênção (Salmo 134), de louvor (Salmo 135) ou de ações de graças (Salmo 136), continuamente. O mesmo acontece com o crente. Ele aprende que toda a sua diversão antes de conhecer o Senhor deveria ser vergonha e tristeza; então, ele vivencia celebrações mistas de alegria e tristeza, de oração e louvor; mas ele anseia ser um morador na casa de Deus, e então ter cânticos e regozijos indivisíveis para sempre.
Podemos observar, no entanto, além disso, que lendo esses Salmos como as expressões do Remanescente que retorna e que já retornou, e ao ver esses cativos também à luz dos livros de Esdras, Neemias e Ester, podemos julgar que, enquanto estavam na Babilônia, que a alma deles foi mais abençoadamente exercitada do que a nação havia sido no Egito antes; e durante seu retorno da Babilônia, mais do que Israel no deserto. Não havia a mesma glória manifestada, mas, mais da energia espiritual interior. A nuvem não estava sobre eles, mas o coração exercitado estava neles. Enquanto na Babilônia, eles penduravam suas harpas em salgueiros; quando se levantam para partir, exercem uma bela fé às margens do Aava; enquanto viajam, eles despertam suas almas com um cântico ocasional; e em seu retorno, embora em fraqueza e desprezo, eles se dedicam a servir e cantar.
