Origem: Livro: Os Patriarcas

Adoração simples e funerais

Em outros tempos, a adoração era uma cerimonia magnífica. Templos, altares, festas, dias santos, sacrifícios e similares, a adornavam, e oficiais de diferentes ordens, em vestimentas apropriadas, a conduziam. Porque naqueles dias a adoração apontava para certos grandes mistérios que deveriam ainda ser realizados. Mas agora esses mistérios foram cumpridos na manifestação de Cristo, Sua Pessoa, obra, sofrimentos e vitórias – de modo que essa suntuosa adoração é agora apenas uma reprovação a tudo o que é encontrado n’Ele, em sua plena substância e eficácia.

Tanto quanto aos funerais, bem como ao culto. Em outros tempos, eles deviam ser magníficos. Porque a ressurreição estava então apenas em perspectiva; e os funerais eram então uma espécie de penhor da ressurreição esperada; e era apropriado que o penhor fosse magnífico de acordo com a glória daquilo que era prometido. Mas agora, uma vez que a ressurreição foi realizada na Pessoa do Senhor Jesus, o Filho de Deus, o magnífico funeral, como a cerimoniosa adoração, é antes uma reprovação, como se o grande mistério em si ainda não tivesse sido realizado em sua substância e eficácia. Pois não é a pompa fúnebre que agora é a garantia da nossa ressurreição vindoura – a ressurreição do Senhor é essa garantia, as primícias de uma colheita prometida.

Consequentemente, o culto e os funerais devem agora, com a mesma simplicidade, manifestar a fé da Igreja nos mistérios consumados. Estamos agora à vista da vitória do Senhor Jesus. Não damos nem recebemos mais promessas sobre eles, como acontece nas ordenanças, mas os celebramos. José de Arimateia deu ao corpo do Senhor um enterro de grande valor, como José, filho de Jacó, aqui dá ao corpo de seu pai amado e honrado. Lemos sobre Jesus: “E puseram a Sua sepultura com os ímpios e com o rico, na Sua morte”. Naqueles dias de José de Arimateia, o sepulcro não havia sido rompido; e as promessas, portanto – as promessas como estas, feitas no dia do patriarca – ainda podiam ser feitas. Mas no sepultamento do Senhor Jesus vemos corretamente a última dessas promessas; porque n’Ele vemos as primícias dos que dormem. Os lençóis e o lenço que ele deixou no sepulcro vazio como despojos de uma guerra gloriosa, e troféus que falam de uma vitória gloriosa. A morte foi vencida e a fé agora celebra o que os ofícios e costumes, bem como as ordenanças e cerimônias, antes apenas prometiam e prenunciavam. E deixe-me acrescentar que a fé aprendeu esta lição, pois o sepultamento que se seguiu ao de Jesus não teve nem embalsamamento nem magnificência. Foi logo realizado, com total reverência e amor. “E uns varões piedosos foram enterrar Estêvão e fizeram sobre ele grande pranto”.

Se tivéssemos fé, deveríamos valorizar profundamente tudo isso. Nossos privilégios são realmente grandes. Agora, nos serviços da casa de Deus, a mesa sucedeu o altar e, em vez de um sacrifício, temos uma festa sobre um sacrifício. E também devemos ver a morte e o sepultamento à luz da ressurreição de Jesus.

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