Origem: Livro: Os Patriarcas
Santa Aceitação da Proximidade Divina
Mas se tudo isso é assim, como certamente é, surge uma pergunta sagrada: Como devemos considerar isso? Com que espírito e de que maneira devemos agir de acordo com a verdade deste gracioso propósito de Deus? Devemos admiti-lo e acreditar em toda a simplicidade com que se revela. Este é o nosso primeiro dever. Não devemos de forma alguma recusar a ideia desta proximidade divina. Será que João, pergunto, recusou-se a deitar-se no seio de Seu Senhor, ou desculpou-se por fazê-lo? Não. Nem devemos, por humildade equivocada, questionar se interpretamos corretamente as muitas escrituras que declaram esta verdade. Devemos usar os privilégios que ela confere.
Mas com este uso dos seus privilégios devemos honrar as suas reivindicações. Pois esta presença de Deus é um elemento puro e também alegre. Antigamente, os sapatos deveriam ser tirados dos pés, quando aquela presença fosse adentrada, para expressar o sentimento de santidade que a caracterizava. Mas isso foi tudo. Nem Moisés nem Josué foram obrigados a se retirar; apenas que pisassem suavemente. Foram acolhidos e encorajados, ao mesmo tempo em que instruídos na santidade de tal intimidade.
Assim é nos Cantares de Salomão. A alma se gloria do amor de seu Senhor. Ela não se recusa a ouvir as mais ternas expressões dele, nem a recitar Seu bem conhecido desejo por ela; mas em tudo há uma indignidade reconhecida e sentida. Há a expressão dos pensamentos mais puros, embora mais íntimos – uma afeição rapidamente sensível à desconsideração a essas tão maravilhosas condescendências do amor divino, e diligência em nutrir na alma a resposta que lhes é devida. E desta forma, este pequeno livro dá um testemunho muito claro da verdade da intimidade de Deus com o homem e da maneira como ela deve ser recebida por nós. E ao fazer isso, apresenta-nos um grande mistério divino, que, da mesma maneira, obtém sua ilustração inicial e constante no livro de Deus – um mistério que agora deve prender nossos pensamentos por um tempo. Quero dizer o da Noiva e do Noivo.
