Origem: Livro: Princípios da Guerra Espiritual
Derrota- Josué 7:8-29
“Estrangeiros lhe devoraram a força, e ele não o sabe; também as cãs se espalharam sobre ele, e não o sabe” (Os 7:9).
Profundas e comoventes são as lições ensinadas pela derrota de Israel diante de Ai, onde corações, fortes pela fé, tornaram-se fracos como água, e onde o grito de vitória se transformou em choro.
No primeiro versículo de Josué 7, o dedo de Deus aponta para a fonte secreta de onde a tristeza surgiu. O mal começa por dentro e se manifesta para fora, “o seu coração enganado o desviou”. O crente em declínio é como o nobre carvalho que, em um estado de decadência, retém a aparência externa de vida e vigor muito depois que sua força se foi.
É somente na luz que podemos ter comunhão com Deus, e se Israel estivesse andando na luz, eles teriam buscado conselho d’Ele antes da batalha e, assim, teriam sido poupados de sua tristeza.
Israel julgando pela vista, eles subiram e observaram a terra, e, entusiasmados com a vitória, eles dependeram de seus próprios recursos em vez de Jeová. “Não fatigues ali a todo o povo, porque poucos são os inimigos”. Portanto, quando a derrota veio, o desespero que os tomou expressou a real condição do coração deles. As circunstâncias sempre trazem à tona o que há em um homem, revelando seu estado real. Quando a derrota toma conta do crente que tem confiança em si mesmo, o desespero rapidamente se apodera dele.
Josué quase culpou Deus pela queda de Israel. Em sua amargura, ele exclamou: “Ah! Senhor JEOVÁ! Por que, com efeito, fizeste passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer?” O desespero surge quando nos afastamos de Deus. Josué considerou todo o Israel como completamente destruído, e chegou ao extremo, quando disse: “que farás ao Teu grande nome?” Mas, na verdade, esta era a própria pergunta que havia sido respondida pela derrota e o massacre que ele lamentava; e Deus ordenou que ele soubesse que Israel havia pecado, e que Seu nome deveria ser purificado da associação com o mal a qualquer custo. Israel havia tomado do anátema; eles também haviam roubado e mentido.
Quando o povo de Deus intencionalmente toca o mal – rouba aquilo que Ele designou para o fogo, dissimulação e desonestidade os caracterizam. E como “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma”, Ele tem uma questão com os tais, tanto por causa do “anátema (coisa condenada – ARA)”, quanto porque eles não andaram “honestamente” como “filhos do dia”. Deve o povo de Deus, cujos pecados são tirados pelo sangue de Jesus, o próprio Filho querido de Deus, esconder o mal em seu meio, quando Israel, que se aproximou de Deus pelo sangue de touros e bodes, que nunca poderia tirar o pecado, foi separado d’Ele porque o anátema estava entre suas coisas? “Santificai-vos”.
“Anátema há no meio de vós, Israel; diante dos vossos inimigos não podereis suster-vos, até que tireis o anátema do meio de vós”.
Josué não foi vagaroso em obedecer, “Então, Josué se levantou de madrugada” e, em obediência à Palavra de Deus, procurou o mal. Quando o mal foi detectado, o cuidado do povo pela glória do grande nome de Jeová foi despertado. Eles correram, tiraram as coisas escondidas, vomitaram-nas a todo o Israel e as colocaram diante do Senhor. Nenhuma vergonha do pecado foi encoberta, pois a questão com o povo era esta – Acã ou Jeová. Não havia trégua para Jericó, como então haveria trégua para o israelita que trouxe a coisa amaldiçoada de Jericó para o arraial do Senhor? E como todo o Israel estava envolvido na desonra feita ao nome do Senhor, então todo o Israel se juntou à purificação, “E todo o Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo e os apedrejaram com pedras”.
Um grande monte de pedras foi erguido sobre o transgressor, pois não era intenção de Israel apagar a memória da triste lição que haviam aprendido. “Então o Senhor Se desviou do ardor (do furor – ARA) da Sua ira; pelo que se chamou o nome daquele lugar o vale de Acor (Perturbação), até ao dia de hoje”.
Este Vale de Acor se tornou uma porta de esperança para Israel, e, bendito seja o Deus de toda graça, vales de perturbações ainda são portas de esperança para os contritos, pois, “se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça”. A tristeza piedosa é sempre saudável para a alma. Chorar sobre o mal, e colocá-lo de lado, leva a bênçãos renovadas e mais vitórias.
A coisa amaldiçoada em si tem sua instrução. A capa veio de Sinar, a planície sobre a qual Babel foi construída. Os homens daquele dia deixando a luz – viajaram desde o leste, e deixando seus lugares altos – as montanhas onde a arca repousara – encontraram uma planície, e ali uniram corações e mãos para fazerem para si um nome em independência de Deus. Esta foi Babel, ou Confusão. Infelizmente, as capas da apostasia agora não estão apenas escondidas nas tendas dos crentes, mas usadas em plena luz do dia. E quanto à prata e ao ouro, o dinheiro é uma triste armadilha para o povo de Deus, atravessando-os com muitas tristezas.
Israel estava agora restaurado ao pleno favor de Deus. Ele os lembrou das primeiras promessas, e em fidelidade imutável ordenou-lhes novamente: “Não temas, e não te espantes”. É assim que o Senhor conduz nossa alma restaurada de volta à fonte de Sua graça, e refrigera nosso coração com Seu amor imutável. Mas porque Israel tinha sido negligente, e disse: “não fatigues ali a todo o povo”, o Senhor agora ordena que se esforcem ao máximo, “toma contigo toda a gente de guerra”; e como eles tinham confiado em sua própria força, eles agora têm que passar pela humilhação da fuga fingida para alcançar a vitória.
É bom andar suavemente depois de ter caído, pois embora Deus nos perdoe a iniquidade do nosso pecado quando o confessamos, Ele aprofunda em nós o senso dos nossos maus caminhos.
Há encorajamento recebido pelo modo com que o rei de Ai saiu contra o Israel restaurado. Ele não percebeu nenhuma diferença neles, mas correu orgulhosamente para sua ruína. Os caminhos de Deus com Seu povo confundem os cálculos de seus inimigos, que meramente colocam homem contra homem, e deixam Deus de fora em seu cálculo.
A chave para a vitória final é encontrada na persistente obediência de Josué aos comandos do Senhor: “Porque Josué não retirou a sua mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente a todos os moradores de Ai”. Precisamos de um propósito de coração e dependência do Senhor. Um homem fiel, de coração pleno, nunca está satisfeito até que o nome do Senhor esteja em triunfo. É um pobre soldado de Cristo aquele que, tendo uma vez estendido a mão por ordem de seu Capitão, a retira antes de alcançar plenamente seu objetivo.
