Origem: Livro: Princípios da Guerra Espiritual
Sinceridade- Josué 14:6-15
“Com firmeza [propósito – JND] de coração, permanecessem no Senhor” (At 11:23).
O Senhor certamente Se agrada mais em registrar a energia de Seu povo do que sua frouxidão, seus triunfos do que suas derrotas. A sinceridade de Calebe forma um brilhante contraste com o espírito que permeia o acampamento em geral, e não é sem propósito divino que sua história é introduzida antes que as terras e possessões de Israel sejam detalhadas, sejam elas desfrutadas ou meramente repartidas.
A história de Calebe é um exemplo de propósito nobre, um punhado do melhor trigo; seu espírito era segundo o coração de Deus.
Calebe havia sido provado no dia do declínio. Ele havia permanecido firme com Josué quando todo o Israel praticamente abandonou o Senhor. Quando os espias que o acompanharam para espiar a terra prometida trouxeram de volta seu trágico relatório, lamentaram a presença dos gigantes e fizeram todo o Israel desmaiar. Calebe, pensando apenas na excelência da herança e no deleite de Deus em Seu povo que Ele havia tirado da terra da servidão, da abundância de seu coração disse: “Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela”. Seu coração, estando cheio da bondade e fidelidade de Deus, estava guarnecido contra a incredulidade e as murmurações. O segredo do Senhor está com aqueles que O temem, e Calebe com Josué “perseverou em seguir ao SENHOR”, e diante de seu desânimo e incredulidade – maiores inimigos do que todos os filhos de Anaque – declarou fervorosamente a Israel: “O Senhor é conosco”. Calebe, portanto, ocupou um lugar separado entre seus irmãos, que subiram com ele para espiar a terra (Veja Nm 13-14:10.)
Como é frequentemente o modo de Deus tratar com Seu povo, após a promessa ser dada, veio a provação. As tristezas do deserto intervieram; sua disciplina, sua correção. Calebe teve que vagar com o Israel rebelde, suportar as murmurações junto com eles; ele viu os homens de guerra caírem, um por um, e morrerem – ele viu o Senhor desonrado por Seu povo – ele se lamentou a negligência deles em relação à circuncisão e à celebração da festa da Páscoa – ele lamentou pelos ídolos que eles carregavam consigo; mas a promessa o manteve – seus olhos estavam nela – ela brilhou além do deserto sombrio – ela iluminou seu caminho – ela emoldurou sua vida; sua alma foi levantada do deserto, tendo encontrado seu tesouro na terra prometida.
Ele havia pisado naquela terra uma vez, e pela fé a tornou sua. Ele sabia que era uma terra extremamente boa, e que o Deus da graça, que havia dado tal terra ao Seu povo, em Quem Ele Se deleitava, Ele os levaria para lá. Ele não havia perdido o sabor das primeiras uvas maduras, nem esquecido o Vale de Escol.
O fogo do seu amor que foi aceso naquele primeiro dia ainda queimava dentro dele.
Sua sinceridade não foi de forma alguma prejudicada pela espera do cumprimento da promessa, pelas aflições, pelas perspectivas aparentemente frustradas.
Nem sua força foi prejudicada, pois aos oitenta e cinco anos de idade, esse nobre soldado era tão forte para a guerra, tanto para sair quanto para entrar, quanto era quarenta e cinco anos antes. Olhando para trás, para seu caminho acidentado no deserto, ele disse: “o SENHOR me conservou em vida, como disse; quarenta e cinco anos há agora, desde que o SENHOR falou esta palavra a Moisés”.
Ele confiou em Deus tanto por si mesmo quanto por seus filhos, e nenhuma palavra do Senhor caiu por terra! Companheiro crente, que nosso coração seja verdadeiro e forte como o de Calebe! Não permita que as murmurações, ou a inquietude de nossos companheiros, afastem nossa alma da graça de Deus. Devemos passar por disciplina, não apenas por nós mesmos – para testar nosso próprio coração – mas também em companhia da família de Deus em geral. Se andarmos por algum tempo no deserto, veremos “homens de guerra” cair ao nosso lado. Alguns sairão das fileiras, alguns voltarão para o mundo, alguns agirão em comum com o adversário; mas que nenhuma dessas profundas aflições afaste nosso coração de nosso Deus. O Senhor é nossa força, Seus confortos nunca falham; se permanecermos em Sua presença, Ele estará conosco o tempo todo.
Calebe, olhando para o passado no poder do presente, era um sinal seguro de que seu coração não o condenava, e que ele habitava na força de Deus. Não foi duvidando que ele disse: “porventura, o SENHOR será comigo, para os expelir, como o Senhor disse”; mas na percepção da necessidade da força e presença do Senhor para capacitá-lo a obedecer a Sua Palavra. A promessa graciosa, “o SENHOR, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares”, era a energia de Sua força. O deleite do Senhor em Seu povo com o qual ele havia procurado encorajar Israel em Escol, era sua coragem diante dos gigantes e de suas grandes e fortificadas cidades.
Às vezes, o soldado Cristão, depois de estar muito tempo a serviço de Deus, quase se esquece de que somente Deus é sua força, e “porventura, o SENHOR será comigo”, é trocado por uma vangloriosa confiança própria: “Sairei ainda esta vez como dantes e me livrarei” (Jz 16:20).
O Senhor honrou a dependência de Calebe n’Ele; ele tomou Hebrom e “expeliu Calebe dali os três filhos de Anaque” (Js 15:14).
Em Calebe temos uma amostra das melhores qualidades do soldado Cristão: um coração inteiro, força inabalável e dependência contínua.
“E Josué o abençoou”. Sem dúvida sua alma foi tocada pelas palavras de Calebe.
Com uma nota de louvor, esta história se encerra. “E a terra repousou da guerra”. A fidelidade ganha descanso. “Bem está, servo bom e fiel… entra no gozo do teu Senhor”. Calebe teve sua porção na grande herança de Judá (que significa “louvor”)!
