Origem: Livro: Segue-Me e Jejuando ou Festejando
Descoberta de Si Mesmo
O primeiro incidente é o de Simão Pedro. O Senhor pede emprestado seu barco e prega a partir dele. Depois Ele diz a Simão para ir ao mar alto e lançar suas redes para pescar. Simão responde que eles trabalharam arduamente a noite toda e não pegaram nada, mas por Sua palavra ele lançaria a rede. Feito isso, uma grande multidão de peixes foi colhida de modo que a rede rompia-se, e os barcos começaram a afundar.
Que efeito isso teve sobre Simão? Certamente o caráter Divino da Pessoa em cuja presença ele se encontrava deve ter tido um efeito avassalador sobre ele. Será que ele pensou no Salmo 8, onde o Filho do Homem tem poder sobre “os peixes do mar”[1]? (Sl 8:8).
[1]  N. do A.: Não é notável que quando os tempos dos gentios chegam, e Nabucodonosor – a cabeça de ouro – tem poder dado a ele, esse poder inclui os animais do campo e as aves dos céus, mas não os peixes do mar. Poder sobre “os peixes do mar” é dado somente ao Filho do Homem. Nos evangelhos, o número de incidentes em conexão com os peixes do mar é impressionante, e pretende indicar claramente Quem era o Filho do Homem.
De qualquer forma, ele se viu conscientemente na presença de uma Pessoa Divina, e se viu completamente inadequado para essa presença. Você já experimentou isso? Você já esteve na presença Divina, e lá aprendeu algo de você mesmo? Para o homem natural, é um lugar terrível. Quando Deus falou na visão da escada para Jacó, aquele pecador culpado clamou assim que acordou: “Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus” No entanto, este era Betel de Jacó. Será que um pecador, como pecador, será feliz na presença de Deus? Não, o céu seria para o tal mais intolerável do que o inferno.
Simão Pedro sentiu tudo isso e clamou: “Senhor, ausenta-Te de mim, por que sou um homem pecador”. Aqui está mais a convicção de seu estado do que de suas ações, pois ele diz: “Senhor… sou um homem pecador”. Ele foi descoberto nas fontes secretas de seu ser.
No entanto, nessa exposição, Simão foi atraído, o que é sempre o caso quando a pessoa é o objeto de uma obra divina, e não meramente convencida pela consciência natural, a qual deixa a vontade e a afeição intocadas. Isso é ilustrado pela diferença de conduta entre Simão neste incidente e os fariseus em João 8.
Eles encontraram uma mulher no próprio ato de adultério e a trouxeram ao Senhor. Nisso eles foram influenciados não tanto por um zelo ardente pela justiça, mas sim por um desejo intenso de se opor ao Senhor. E esta é sempre a verdadeira atitude da religiosidade da carne em relação a Ele. Eles pensaram: como poderia o Expoente da graça manter a lei? A graça injusta, sabemos, não é graça real de forma alguma.
O Senhor respondeu a eles: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”; em outras palavras, Ele indicou que o executor da lei deve estar livre de sua maldição. Ah! Eles foram expostos, mas, diferentemente de Pedro, não foram atraídos. A luz era muito poderosa. O caráter defeituoso deles só podia ser mantido em trevas. Empenhados em manter esse caráter, eles saíram. Em outras palavras, eles assumiram a responsabilidade de se afastar da luz, de Cristo; enquanto Pedro, verdadeiramente exposto, e de uma forma diferente e mais profunda do que os fariseus, pois nenhuma confissão saiu dos lábios deles, colocou sobre o Senhor a responsabilidade de Se afastar, pois Pedro disse: “Senhor, ausenta-Te de mim, por que sou um homem pecador”. Bendito seja Seu nome, Ele nunca Se afasta da necessidade, e assim é aqui.
Contudo, tal era a atração de Simão, assim como de Tiago e João, seus companheiros, que, quando chegaram à terra, abandonaram tudo e O seguiram.
No próximo incidente, temos a necessidade satisfeita.
