Origem: Livro: DISCIPLINA CRISTÃ

1. O QUE É DISCIPLINA CRISTÃ?

Por disciplina Cristã entendo o privilégio do crente, sob a graça, e o esforço amoroso que lhe incumbe, de advertir, exortar, instruir e aconselhar um companheiro Cristão que errou ou está em evidente perigo de se desviar, no espírito daquela sabedoria que vem do alto e no “espírito de mansidão” (Tg 3:17-18 e Gl 6:1), como na presença de Deus; e (em caso de arrependimento) encorajá-lo, confortá-lo e fortalecê-lo, e ajudá-lo a uma renovada comunhão com Deus, e assim reconduzi-lo ao caminho da santidade, da justiça e da paz, ou seja, “restaurai o tal” (Gl 6:1 – TB).

O que muitas vezes é entendido por disciplina na Igreja, a saber: a excomunhão da assembleia, deveria ser. e é de fato. apenas o fim da disciplina, a última e extrema medida, depois que todos os esforços para restaurar o errante terem se mostrado infrutíferos. Nada pode ser mais contrário ao Espírito de Deus e à graça de Cristo do que começar com a excomunhão da assembleia ou Igreja; isto significa tomar como primeiro passo na disciplina, aquele que deveria ter sido o último e o encerramento da disciplina, cuja intenção deveria ser evitar esse ato extremo e solene de disciplina da Igreja. Pois, por mais verdadeiro que seja que uma Igreja que se recuse a exercer a disciplina piedosa, não pode mais ser considerada como a assembleia de Deus, uma assembleia que é culpada de um ato de disciplina tão precipitado e prematuro, pronuncia a sua própria condenação, e irá descobrir que o “Juiz está à porta” (Tg 5:9). O que deveríamos dizer de um médico que, quando chamado para curar uma perna doente, começaria a cura amputando-a? Ou o que se diria de um pai de família que, no caso de um filho desobediente, iniciasse sua disciplina expulsando-o de casa? Não seria ele chamado de pai desnaturado e sua ação considerada como bárbara ao extremo? E, no entanto, quantas vezes ouvimos falar de tais cruéis procedimentos, quando em casos da chamada disciplina piedosa o primeiro grito foi: “Seja excluído da assembleia!” Aqueles marinheiros gentios, que “remavam, esforçando-se” para salvar tanto Jonas (que foi a causa de toda a sua angústia), como a si mesmos e ao navio, poderiam ensinar uma lição a muitos marinheiros Cristãos!

Como tais medidas cruéis e ímpias devem ferir o terno e amoroso coração de pastor d’Aquele que é nosso Cabeça na glória, e cuja última ação antes de voltar novamente para Seu Pai, foi restaurar uma ovelha que havia se desviado de Seu rebanho, que era ninguém menos que Seu principal apóstolo, a quem Ele confiou as chaves do reino dos céus e que O negou três vezes.

Tais decretos judiciais (como estamos constantemente testemunhando) não deixam de trazer, mais cedo ou mais tarde, o julgamento de Deus sobre os juízes e assessores, por parte d’Aquele que é o Filho sobre Sua própria casa, Cabeça da Igreja e Sumo Pastor, e Quem há mais de 2.000 anos, pelo Seu Espírito profético em Seu profeta Ezequiel, pronunciou este julgamento sobre os falsos pastores.

“A fraca não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza Eis que Eu estou contra os pastores e demandarei as Minhas ovelhas da sua mão; e eles deixarão de apascentar as ovelhas e não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as Minhas ovelhas da sua boca, e lhes não servirão mais de pasto” (Ez 34:4, 10).

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