Origem: Livro: Sobre Disciplina
Disciplina em Amor Fraternal
A declaração desenvolvida em Mateus 18:15-17, embora frequentemente citada, não parece se relacionar com o assunto. É uma questão de ofensa feita a um irmão; e nunca é dito, a respeito daquele que provocou a ofensa, que a assembleia deva excluí-lo; mas, “considera-o (tú) como um gentio e publicano”. Talvez esse seja o caso quanto à Igreja futuramente, mas não é o seu caráter aqui, e sim simplesmente: “considera-o como”, etc. – não tendo mais nada a ver com ele. Isso supõe um caso de uma injustiça cometida contra um indivíduo, como na expiação da culpa, onde é dito: “Quando alguma pessoa pecar, e transgredir contra o SENHOR, e negar ao seu próximo o que se lhe deu em guarda” (Lv 6:2), etc[1]. Há a soberania da graça para perdoar, mesmo “setenta vezes sete”; mas “não deixarás de repreender o teu próximo, e não levarás sobre ti pecado por causa dele” (Lv 19:17 – TB). Uma pessoa me prejudicou: como devo agir? Não ajo em disciplina do Pai, nem em disciplina do Filho sobre Sua própria casa; mas, agindo para com ele em amor fraternal, digo a ele: “Irmão, você me fez mal, me ofendeu”, etc. Antes de qualquer coisa há essa apresentação sincera dos motivos da repreensão em justiça, porém, agindo dessa maneira, não podemos sair do âmbito da graça. Tendo feito isso, se ele não me ouvir, levo dois ou três comigo, “para que, pela boca de duas ou três testemunhas”, etc. Se isso falhar, então, eu digo para toda a assembleia. Se ele se recusar a ouvir a assembleia: “Considere-o como…”, etc. Essa orientação representa o curso de uma conduta individual, e o resultado, uma posição individual com relação a outro. Pode ser que chegue a um caso de disciplina na assembleia, mas não necessariamente. Eu vou a meu irmão na esperança de ganhá-lo para o arrependimento, para recolocá-lo em sua relação correta, comigo, e com Deus, (onde há falha no amor fraternal, isso necessariamente afeta a comunhão com o Pai): porém, se meu irmão é ganho, isso se encerra aí e nunca sairá isso dos meus lábios; nem a assembleia nem qualquer outra criatura saberá algo sobre isso, mas somente nós dois. Se tiver havido fracasso, devo agir para restaurá-lo em comunhão com todos.
[1] N. do A.: Toda a ação contra os mandamentos de Deus, fazendo o que não deve ser feito, é pecado e exige a oferta pela expiação do pecado; mas, havendo ofensas contra um indivíduo, erros cometidos contra o próximo, por quebra de confiança e coisas semelhantes, para estes havia uma oferta pela expiação da culpa. Veja os primeiros sete versículos de Levítico 6. ↑
