Origem: Livro: Sobre Disciplina

Disciplina do Pai

Quanto à disciplina do Pai, há muito mais da prerrogativa individual da graça nisso. Tenho dúvidas se isso deva estar sob os cuidados de um corpo de Cristãos; antes, esse é o exercício do cuidado individual. Não vejo que a assembleia esteja no lugar do Pai. A ideia de superioridade é verdadeira em certo sentido; há diferença de graça assim como de dom. Se eu tiver mais santidade, devo ir e restaurar meu irmão (Gl 6:1). Porém, essa ação individual em graça não é disciplina da assembleia. É muito importante manter essas coisas claras e distintas, de modo que, embora a pessoa esteja pronta para estar sujeita aos dois ou três, a energia individual não deve ser restringida, mas permanecer clara e intocada. O Espírito Santo deve ter toda a Sua liberdade. Eu poderia supor um caso em que um indivíduo tivesse que ir e repreender a todos em seu redor, como Timóteo: “instes repreendas, exortes, com toda a longanimidade”, etc. (2 Tm 4:2). Isso é disciplina; mas a assembleia não tem nada a ver com isso, é ação individual.

Mas, novamente, a assembleia pode ser forçada a exercer disciplina, como no caso dos coríntios (1 Co 5). Os coríntios não estavam nem um pouco preparados para exercer disciplina; mas o apóstolo insiste para que eles o façam. Há aquilo que é o exercício individual da energia do Espírito no ministério da graça e da verdade, e coisas semelhantes, sobre a alma dos outros; e a ação da assembleia não está de forma alguma envolvida. É um mal fazer da disciplina da assembleia a única disciplina. Seria uma coisa terrível se fosse necessário trazer todo o mal diante de todos. Não é a tendência do amor trazer o mal a público: “O amor cobre uma multidão de pecados”. Se ele vê um irmão pecar, um pecado que não seja para a morte, ele vai e ora por ele; e esse pecado pode nunca vir a ser tratado como uma questão de disciplina na assembleia. Creio que nunca há um caso de disciplina na assembleia, que não seja para a vergonha de todo o corpo. Ao escrever aos coríntios, Paulo diz: “nem ao menos vos entristecestes”, etc., todos eles estavam identificados com isso. Como uma ferida no corpo de um homem, ela fala da doença do corpo, da condição física. A assembleia nunca estará preparada, ou na posição de exercer disciplina, a menos que tenha primeiro se identificado com o pecado do indivíduo. Se não o fizer dessa maneira, ela assume uma forma judicial, que não será a ministração da graça de Cristo. Cristo ainda não tomou plenamente Seu lugar de Juiz. No momento que isso acontecer – a declaração “Quem é injusto faça injustiça ainda”, etc. –, a Igreja terá se afastado completamente de seu lugar. Na presente dispensação o caráter sacerdotal dela é o de graça.

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