Origem: Livro: Sobre Disciplina
Caráter da Disciplina do Filho Sobre a Sua Própria Casa
A grande parte da disciplina deve ser totalmente direcionada a evitar o ato de excomunhão – colocar uma pessoa fora. Noventa por cento da disciplina que deveria ocorrer é de natureza individual. Se se trata da questão do exercício da disciplina do “Filho sobre Sua própria casa”, a assembleia nunca deve discutir ou debater sobre ela, mas sim estar em autoidentificação, em confissão de pecado comum e vergonha, por ela ter chegado a isso. Portanto, não seria um tribunal de justiça, mas uma desonra para o corpo. A espiritualidade na assembleia eliminaria a hipocrisia, a contaminação e tudo o que é indigno, sem assumir um aspecto judicial. Nada mais abominável do que tal coisa acontecer na casa de Deus. Se fosse na nossa casa que algo desonroso e vergonhoso tivesse acontecido, será que nos sentiríamos totalmente despreocupados, como se não tivéssemos nada a ver com isso? Se algum filho perverso devesse ser expulso, por causa dos outros – se ele não pudesse ser recuperado e está corrompendo a família – o que poderia ser feito? Se fosse necessário dizer: “Não posso mantê-lo aqui; não posso corromper os outros por causa de seus hábitos e maneiras”. Não seria isso, no entanto, motivo de choro e lamento, de tristeza de coração, vergonha e desonra para toda a família? Ninguém gostaria de falar sobre o assunto; e se absteriam disso para poupar seus sentimentos: o nome daquele filho nem seria mencionado. Considerando a casa do Filho, como é repugnante o ato de colocar alguém fora de comunhão! Que vergonha para todos! Que angústia! Que tristeza! Não há nada mais abominável a Deus do que um processo judicial.
A Igreja está realmente mergulhada em corrupção e fraqueza; mas isso é exatamente o que faria alguém se apegar aos santos, e mais ansiosamente manter a responsabilidade individual daqueles que têm algum dom para o cuidado pastoral. Não há nada que eu ore mais do que o ministério dos pastores. O que quero dizer com um pastor é uma pessoa que pode suportar toda a tristeza, cuidado, miséria e pecado de outro em sua própria alma, e ir a Deus sobre isso, e trazer de Deus aquilo que satisfaz essas coisas, antes que ele vá para o outro.
Há outra coisa muito clara. O resultado pode ser o colocar fora de comunhão; mas se chegar a um ato corporativo de julgamento, a disciplina termina no momento em que ele é posto fora e termina completamente. “Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora” (1 Co 5:12-13).
