Origem: Livro: Um Pouco de Fermento

Perguntas frequentemente feitas

Se porventura surgisse uma diferença de julgamento entre duas assembleias, o caminho seria buscar juntos a mente do Senhor, seja enviando homens piedosos, em cujo julgamento os santos pudessem confiar (como foi feito em Atos 15), ou em alguma outra maneira de entender a mente do Senhor, pois o Senhor não poderia ter dois pensamentos sobre o mesmo ponto. Agir independentemente um do outro seria negar o único Espírito. Além disso, pode haver fermento em uma assembleia, mas as outras assembleias não se virem como sendo uma assembleia com a assembleia levedada, porém são tão responsáveis pela presença do fermento na assembleia fermentada como se ele estivesse entre elas mesmas. Uma maneira de visualizar a unidade é supor que todos os santos da Terra pudessem ficar em um salão. Então, se algum santo trouxesse consigo um “ímpio” (1 Co 5:13), ou um mestre maligno (2 Jo 10; Ap 2:14-15, 20), qual parte de toda a assembleia reunida naquele salão se tornaria responsável por aquele fermento? Toda ela seria responsável. Isso “faz levedar toda a massa. A única maneira seria ou colocar o próprio fermento para fora, ou (se os santos que o trouxeram se recusarem a fazer isso) deixar esses santos fora do ajuntamento que confessa a santidade da casa de Deus, e admitir apenas aqueles que, em fidelidade à Cabeça, consentem em se separar do fermento. O que muitos queridos santos não percebem é que reunir-se em lugares diferentes não destrói a unidade, pois o único Espírito habita em todos. Ora, isso não significa excluir os Cristãos, mas admiti-los – admitir aqueles que se purificaram “do fermento velho”, pois o fermento não pode ser permitido dentro.

Pode-se dizer: “Talvez alguns ignorem que o fermento esteja ali”.

Então cabe a mim mostrar a eles que ele está ali. Não é benigno para com um santo de Deus deixá-lo sustentar ignorantemente aquilo que desonra sua Cabeça, quando ele se afastaria disso se soubesse o que estaria fazendo. Devo instruí-lo, então ele não será ignorante, mas não devo permitir que o pão levedado e o ázimo ­sejam considerados como um só pão. A ignorância é uma coisa; permitir fermento é outra. Ele deve comer apenas os ázimos. Se ele persistir ­em participar de ambos, isso seria confessar os dois pães como sendo o mesmo pão, e eu sei (se ele não reconhecer isso) que aquele está fermentado.

Mas isso não seria estabelecer o seu julgamento ­e tornar o seu julgamento o padrão do certo ou do errado?

Não; a Palavra de Deus diz o que é certo ou errado e do que devemos nos purificar. Perguntar como é que eu posso me purificar do fermento se não o reconheço quando o vejo é um argumento que defende o mal! O quê? Não devo saber discernir o mal? Verdadeiramente deveríamos então estar confusos!

“Mas os homens piedosos pensam de forma diferente”.

Não tenho nada a ver com homens, por mais piedosos que sejam; Eu tenho a ver com Deus. O teste de um homem piedoso é a Palavra de Deus. Só conheço a sua piedade ­pela forma como respondem à Palavra de Deus – esse é o teste de toda piedade (Jo 8:47; 1 Jo 4:3-6; 1 Co 14:37-38). Deixo que Ele julgue isso naquele dia, e procuro agir em obediência por mim mesmo e me purificar do mal. Não julgo o coração dos homens antes do tempo, mas julgo o que é mau e me separo dele.

“Mas você está excluindo os santos”.

Não, não estou excluindo os santos; Estou excluindo o mal. Se um santo se alia ao mal, sinto muito por ele e ficaria feliz em fazê-lo perceber isso e ajudá-lo a sair disso, se eu pudesse. Mas se um santo está unido ao mal, embora ele possa dizer que não esteja, não posso permitir que ele seja o meio de eu me unir ao mal. Se eu deixar ele partir o pão comigo onde eu estou, eu estaria partindo o pão com ele onde ele está e, portanto, tenho que perguntar onde ele está partindo o pão e se o seu pão está levedado ou não. Se ele tomar o terreno do corpo, seja qual for o pão dele também será o meu também, pois não há dois pães. Devo então, em amor, explicar-lhe por que não posso andar com ele.

“Mas a ignorância e a fraqueza não farão diferença no seu tratamento com os santos?”

Sim, no que diz respeito a eles. Devo suportá-los, esperar por eles, instruí-los onde me permitirem, mas não acompanhá-los, pois isso envolve meu próprio caminho, ou melhor, o do Senhor. Recebê-los para um ato que expressa comunhão (a menos que seja para tirá-los de onde estão) é dizer: “O Senhor não se importa com o caminho deles”.

“Você receberia o ignorante, então.”

Sim, se honestamente for ignorante, ele não está contaminado; mas devo ter o cuidado de saber se a ignorância ­era realmente ignorância, pois a experiência infelizmente mostrou que muitos professaram ignorância quando sabiam tudo sobre o assunto; alguns, é claro, menos do que outros. “Deus é luz, e não há n’Ele treva alguma.” Quem anda com Deus não quer encobrir nada.

“Mas o Senhor os recebeu.”

Que assim seja; essa é a única razão pela qual tenho qualquer ­autoridade d’Ele para agir. Tenho a ver apenas com Cristãos professos nestas questões de disciplina, e não com quaisquer outros (1 Co 5:11-13; 2 Ts 3:6; Êx 32:26-27; Nm 25:7-13).

“Mas ele não é um ‘ímpio’.”

Não, mas ele é seu companheiro. Ele se confessa como um com ele em redor do um só pão (2 Jo 11; Ag 2:12-13; 1 Rs 13:16-30). Ele é desobediente à Palavra do Senhor. “Ah! Irmão meu”. Ele é como o profeta que profetizou contra o mal, mas comeu onde estava o mal, enganado pelo profeta mentiroso.

“Mas como você sabe que existe mal?”

Essas coisas não são feitas às escondidas. Você não sabe que centenas, ou melhor, milhares de santos foram obrigados, com tristeza, a se separarem para testemunhar contra isso – os únicos que estão realmente se reunindo em reconhecida comunhão uns com os outros, com base no fato de que Cristo tem apenas um corpo, e que há apenas uma Cabeça para o corpo, e que essa Cabeça é santa? Se você não sabe sobre eles, procure-os. Há evidências suficientes dos males em coisas impressas e publicadas até hoje, das quais qualquer santo piedoso se envergonharia – coisas que lançam uma desonra terrível sobre o nome do Senhor Jesus.

“Ouvi falar de tais coisas, mas me disseram que elas não existiam mais.”

Então não te disseram a verdade, pois esses males são anunciados até hoje, e há muitos que os propagam.

“Disseram-me que o autor retirou certas observações.”

Sim, e agora as divulga novamente com palavras diferentes, mais suscetíveis de enganar, que são publicadas ­até hoje.

“Disseram-me que ele estava morto.”

Mas outros estão em comunhão com ele, o que é exatamente a mesma coisa. Sua morte não faria diferença; uma certa posição da igreja, assumida em relação a ele, e chamada de correta, deve ser retirada tão aberta ­e distintamente como foi assumida. As palavras eram bastante claras, mas os atos eram mais claros ainda; e qual é a utilidade das palavras se os atos as contradizem? Mas não é só isso; pode haver agora outras coisas, pois onde os santos são descuidados em expulsar o mal, ele logo os corromperá.

Será que vocês não sabem, também, que aqueles que não podem estar no terreno do um só corpo estão excluindo da comunhão deles milhares de santos que não podem estar em sua única assembleia, porque não podem renunciar ao (santo) nome de Cristo, por eles foram instruídos a retê-lo com firmeza; além disso, eles “se reúnem nesse nome”. Por ­exemplo, se o castigo pelo pecado não for eterno, e os ímpios forem aniquilados, e assim por diante, Cristo morreu em vão. Não poderíamos estar todos reunidos em torno de um nome, pois deve haver dois nomes diferentes. Eu não poderia permitir que Cristo tivesse um “nome” como esse. Se eu partir o pão com uma pessoa que defende tais doutrinas, eu deveria estar dizendo que suas doutrinas não importam para “o nome”. Eu me torno um com ele nessas doutrinas, ou então 1 Coríntios 10:17-18; 5:6-7; 2 Jo 11; Ag 2:12-13 não significam nada. Se uma pessoa diz: “Posso partir o pão com ela sem sustentar suas más doutrinas”, eu respondo: “Você é culpado de apoiá-las; você é indiferente a elas. Eu levo em consideração seus atos e não suas palavras. E devo separar-me desse nome em torno do qual vocês dois se reúnem, pois não é o nome de Cristo”.

“Mas não é certo receber Cristãos quando eles vêm, e não fazer perguntas, e deixar que o Senhor descubra se eles estão andando corretamente ou não?”

Não encontramos que os primeiros Cristãos tenham feito isso. Cartas de recomendação eram claramente usadas entre eles (At 18:27; Rm 16:1; 2 Co 3:1; Cl 4:10; 3 Jo 9). Elas tendem a promover ­a confiança e o companheirismo de ambos os lados, e tornam-se valiosas como uma forma segura de distinguir o verdadeiro do falso.

Eles são especialmente úteis nos dias de hoje, pois nem todos discernimos os espíritos, e lembre-se ­que nos é dito para “provar os espíritos”.

Como um servo fiel age até mesmo nas coisas temporais? Suponha que você me deixou como seu servo para cuidar de sua casa enquanto você estava fora. Um homem bate à porta e diz que é seu amigo, e pergunta se posso deixá-lo dormir na casa; diz também que você deu permissão para seus amigos dormirem na casa e ele deseja aproveitar isso. Minha resposta seria: Minha responsabilidade é para com meu senhor e seus bens. Não é minha casa, mas do meu senhor. Devo saber primeiro se você é um amigo. Lembro-me de que Ele disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Você pode dar alguma prova de que o que você diz é verdade – a mais curta linha na caligrafia do meu senhor, ou de qualquer amigo cuja caligrafia eu conheça, ou qualquer sinal pelo qual eu possa julgar? “Não, sinto muito, não posso.” Então lamento não poder fazer nada por você, pois não devo arriscar que a casa de meu senhor seja roubada, na medida em que tenho o cuidado dela, e muitos fizeram isso, vindo dessa maneira.

“Mas os ladrões foram descobertos.”

Sim, depois de o mal ter sido feito, e tarde demais para remediá-lo. Os bens do meu senhor são valiosos para mim. Ele não gostaria de me ver descuidado com eles. Sei que tomo cuidado para não ter minha própria casa roubada. Deveria ter menos cuidado na casa de meu senhor? Não estaria eu correto ao responder assim?

Muitos amados irmãos, sem perceberem, colocam sua responsabilidade nos ombros do ladrão, porque aceitam sua palavra, em vez de esperar até que aquele que chega lhes seja recomendado por alguém que o conhece adequadamente. Você acha que o Senhor envia Seus servos sem quaisquer credenciais ­para provar que são Seus? E se somos lentos para discerni-las e propensos a cometer erros, como todos nós somos, tanto mais precisamos de cuidado ou de cartas de recomendação.

“Mas todo Cristão tem o direito de estar à mesa.”

Achei que não tínhamos nenhum direito, e que éramos pecadores salvos pela graça, e fomos instruídos a nos submeter uns aos outros. Não tenho o direito de excluí-lo, se sei que Cristo lhe deu um lugar ali. Mas preciso aprender isso primeiro, e de alguma maneira aprender isso somente de Cristo. Eu preciso ter credenciais, não do homem, mas do Senhor – algo que eu possa reconhecer como sendo do Senhor. Quem sou eu para não receber aqueles a quem o Senhor receberia? Mas quem sou eu para ser descuidado e desobedecê-Lo? A questão não é se ele é Cristão.

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