Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Da Sua Própria Tribo – Cap. 6

Em Números lemos sobre um homem de nome Zelofeade que morreu deixando cinco filhas e nenhum filho. Em Israel somente os filhos homens podem herdar a possessão do pai, então uma provisão especial foi concedida (Nm 27:1-11), e as filhas receberam a herança. Mais tarde (Nm 36), os líderes da tribo de Manassés protestaram para Moisés que se as filhas de Zelofeade cassasem fora de sua própria tribos, então a possessão iria para outra tribo. Em resposta ao seu apelo, Moisés disse: “Esta é a palavra que o Senhor mandou acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Sejam por mulheres a quem bem parecer aos seus olhos, contanto que se casem na família da tribo de seu pai” (Nm 36:6). Elas estavam, portanto, limitadas a casar com homens da tribo de Manassés.

Dessa antiga e divina decisão, podemos tirar uma lição para os dias atuais. Já vimos isso, nunca é correto um crente casar com um incrédulo, pois isso é um transgressão muito séria da determinação contra o jugo desigual. Mas, o que podemos dizer de um filho de Deus casando com uma filha de Deus, quando eles não estão na mesma disposição quanto às coisas do Senhor? Quando um está associado a um grupo de Cristãos, numa posição oposta da que o outro se identifica? Tal casamento, não pode, corretamente, ser chamado de jugo desigual no sentido de um ser filho da luz, e o outro ser filho das trevas, pois ambos são salvos pelo precioso sangue de Cristo. Não estaria unindo Cristo e Belial, um crente com um infiel (ou incrédulo), ou o templo de Deus com os ídolos, como encontrado em 2 Co 6:14-18, e assim mesmo seria muito provável ser a mais infeliz união, repleta de perigos para ambos os cônjuges e para sua posteridade. É nesse sentido que aplicamos o preceito de “se casem na família da tribo de seu pai”, mencionado em Nm 36.

Neste dia quando a Cristandade está toda dividida em fragmentos inventados pelos homens, o que cria uma grande barreira em um lar Cristão, do que quando um vai por um caminho e o outro vai por outro caminho na questão de comunhão Cristã. Como pode haver qualquer unidade no propósito de seguir ao Senhor quando marido e mulher não são uma unidade em Suas coisas. Eles podem ser Cristãos zelosos, podem ler a Palavra de Deus juntos em casa regularmente, podem orar juntos, mas quando chega a manhã do dia do Senhor e um vai sozinho a um lugar de sua escolha para se juntar com outros Cristãos, e o outro vai sozinho fazer lembrança do Senhor em outro lugar, que unidade há nisso? Ou talvez, pelo bem (interesse) da paz um deles cede e vai junto a um lugar que sabe que não é o certo. Seria esta uma condição feliz? Fazer concessões raramente, senão nunca, é uma solução satisfatória.

Se alguém se encontra em tal difícil situação, sugerimos que unidos se entreguem em oração e aguardem no Senhor, pois Ele irá mostrar a cada um onde Ele nos quer juntos, pois sabemos que não é da vontade d’Ele que os Cristãos fiquem em casa e não tenham um lugar para se unir em adoração Cristã. Sua Palavra diz: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10:25 – ARA). Também não temos qualquer direito de escolha por nós mesmos de onde devemos nos reunir juntos. Se houver uma divisão de pensamento entre marido e mulher nesta importantíssima questão, então um ou outro, ou talvez ambos, estão errados. Será somente em humilhação, buscando a vontade do Senhor nessa questão e deixando de lado seus próprios desejos, que a harmonia, segundo Deus, poderá ser alcançada no lar.

Quando o Senhor Jesus enviou dois de Seus discípulos para preparar a última ceia da Páscoa, eles não se separaram e foram a lugares diferentes para preparar a ceia, nem concordaram em um lugar que julgassem adequado; não havia vontade própria nessa questão, e com toda simplicidade perguntaram ao Senhor, “Onde queres que a preparemos?” (Lc 22:9). Esse deveria ser o padrão para todos hoje em dia. Devemos deixar de lado nossos pensamentos e preferências e perguntar ao Senhor onde Ele quer que respondamos a Seu único pedido – “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22:19) – além de nos reunirmos para oração, ministério da Palavra, e atividades evangelísticas.

Outro triste resultado de um lar dividido na questão de onde adorar a Deus, é que as crianças ficam confusas, e com frequência, crescem nem indo no lugar da escolha do pai, nem ao da mãe, mas busca por outra conexão religiosa por conta própria. Talvez se afastem e escolham o mundo, esquecendo-se do Deus de seu pai e de sua mãe. Pode haver muitos resultados tristes de uma divisão entre pai e mãe nessa parte essencial da vida Cristã.

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