Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Demonstração de Afeto – Cap. 9

Há pontos perigosos nesse mundo, os quais devem ser diligentemente evitados pelos filhos de Deus. Um deles, sob o qual iremos erguer um farol, é a demonstração da afeição humana – uma coisa certa e adequada em seu devido lugar, mas a mais perigosa armadilha para os desavisados. Talvez não haja um lugar mais escorregadio para os pés Cristãos; está na beira do abismo de sofrimento, no qual muitos queridos Cristãos caíram. Um momento desprotegido, um ato descuidado, pode dar à carne e ao diabo uma abertura que pode levar a uma desonra pública ao Senhor e arruinar permanentemente o testemunho de um Cristão.

Jovens Cristãos que foram criados num dia de grande frouxidão moral no mundo, necessitam ser guiados pela Palavra de Deus, e não pelo que veem nos ímpios, ou até mesmo em outros Cristãos. Toda atmosfera do mundo é permeada por um sentido degradado daquilo que as pessoas “naturalmente conhecem, como animais irracionais” (Jd 1:10). O príncipe deste mundo está conduzindo-o pela estrada trilhada pelo depravado Império Romano, onde virtude era quase inexistente.

Portanto, gostaríamos dar algumas palavras de conselho e advertências a respeito das carícias, ou demonstração de afeto. Aqui podemos confiantemente buscar a sabedoria encontrada na Palavra de Deus. Não permita ninguém dizer, está fora de moda, ou desatualizada. Sã Sabedoria é encontrada somente na Palavra de Deus, e nunca está fora de moda ou antiquada. “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a Tua Palavra” (Sl 119:9 – ARA).

Acariciar é uma demonstração de afeição humana, um pelo outro. É, com certeza, algo belo em seu próprio lugar. Deus mesmo colocou afeição no coração humano, e Ele nos dotou com a capacidade de manifestá-la, mas certamente é para ser demonstrada com respeito e discrição. A presente prática generalizada das carícias promíscuas a tem degradado ao nível da mais barata indulgência carnal.

Em cada relacionamento, há a conduta adequada para aquele que busca caminhar no temor de Deus e agradar ao Senhor. Por exemplo, há a afeição que pertence ao relacionamento dos pais com os filhos, e dos filhos com os pais; e a falta natural de afeição não é de Deus – é um dos sinais dos últimos dias (2 Tm 3:3) – “sem afeto natural”. Mas, mesmo entre pais e filhos há uma demonstração apropriada de amor e afeto que não deve ser violada, nem deve ser indulgente para aqueles que não estão nesse relacionamento – somente a filha deve demonstrar a afeição que pertence à filha, e somente ao filho deve se dar o lugar de filho. O momento ainda não chegou em que podemos afrouxar nossa afeição; devem ser guardadas pela discrição e sabedoria como nos são dadas por Deus. Aquele que dá liberdade aos seus sentimentos está caminhando à beira da tristeza. Enquanto tivermos a velha natureza com suas concupiscências conosco, e isso será enquanto estivermos no corpo, “tendo cingidos os vossos lombos com a verdade” (Ef 6:14 – TB).

Então há as demonstrações de afeto que são próprios e pertencem exclusivamente ao relacionamento entre marido e mulher. Existe aquilo que é apropriado àqueles “que Deus ajuntou” (Mt 19:6), e até mesmo no casamente deve ser de maneira apropriada, como admoestado em Hebreus: “Que o matrimônio seja mantido de todos os aspectos em honra” (Hb 13:4JND). O descuido em observar essas distinções, e a frouxidão em demonstrar conduta apropriada, e a devida delicadeza trouxeram tristeza a muitos corações.

Há, também, a demonstração de afeto apropriada naqueles que ficaram noivos, e estão comprometidos em se casar, mas que seria completamente imprópria para aqueles que não estão comprometidos. Deve-se lembrar, entretanto, que as pessoas que estão noivas não estão realmente casadas, e que toda manifestação de afeto mútuo, deve ser conduzida com autocontrole , e sábia discrição. (No Livro de Provérbios – Livro dirigido “aos jovens” (Pv 1:4) – “discrição” (TB), é mencionada inúmeras vezes. Quão melhor, mais seguro, e mais feliz é abster-se de ultrapassar os limites da decência, e desfrutar somente daquilo que é apropriado, enquanto se antecipa o momento em que o afeto poderá ser manifestado mais plenamente. Aqueles que se guardam nisso, não são perdedores, e quando o tempo correto se aproxima para uma plena manifestação de afeto, eles experimentarão mais regozijo naquilo que foi preservado puro. “Aquele que confia no seu coração é tolo; mas quem anda em sabedoria, escapará {será salvo – ARA} (Pv 28:26 – TB).

Para aqueles que não estão noivos a regra de “não toque” certamente é sábia e segura. Ó, quanta tristeza Cristãos trouxeram para si mesmos – e desonra para o Senhor – por ultrapassar o que é apropriado, cedendo à mera indulgência da carne. Satanás está sempre pronto para armar um laço para nossos pés, e ele usa “a concupiscência da carne” (Gl 5:16), com muito sucesso. É uma das marcas dos “filhos da ira” que eles satisfazem “a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef 2:3). Mas somos exortados: “a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1 Pe 2:11 – ARA).

Devemos também, lembrar que o casamento é a abençoada figura de Cristo e a Igreja. O homem representa Cristo, que amou a Igreja e entregou a Si mesmo por ela; e se um homem brinca com os afetos e trata levianamente aquilo que é sagrado, ele certamente não é fiel com aquilo que deveria manifestar; nem uma jovem irmã é fiel a ser uma figura da Igreja se permite ou recebe abraços e atenções íntimas de outros que não sejam seu próprio marido, ou seu futuro marido – neste último caso, com suas devidas limitações. O apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios; “pois vos desposei com um só Esposo, Cristo, para vos apresentar a Ele como virgem pura” (2 Co 11:2 – AIBB).

Estas notas não se esquadrinham nem com as ideias gerais ou prática no mundo, mas quando o mundo já foi capaz de estabelecer um padrão de conduta adequado para os filhos de Deus? O mundo está acelerando para a sua destruição e está diariamente crescendo em frouxidão moral e depravação, mas Deus nos chamou para fora dele, para Si mesmo. Que possamos nos lembrar das palavras de nosso Senhor Jesus quando Ele orava para Seu Pai (Jo 17); Ele fez uma grande distinção entre o mundo e aqueles que são d’Ele, e Ele desejou que fossemos guardados do mal – “Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno” (Jo 17:15 – TB). Seria bom para nós ler cuidadosamente o capítulo quinto de Efésios, onde somos chamados para ser “imitadores de Deus” (Ef 5:1), enquanto estamos nesse cenário moralmente sombrio; devemos evitar toda impureza, não ter comunhão com ela, andar como filhos da luz, e ser circunspecto e sábio. Possa o Senhor no dar Seus pensamentos para aquilo que é apropriado àqueles que foram assim chamados para fora desse mundo para Aquele que é santo.

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