Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados
O Casamento – Cap. 10
Finalmente chega o dia das núpcias – esse momento feliz quando a noiva e o noivo estão para ser unidos em casamento, no Senhor. É tempo para os irmãos e irmãs em Cristo de “alegrai-vos com os que se alegram” (Rm 12:15). Certamente é adequado desejar e ter a comunhão com outros Cristãos ao dar esse grande passo, “porque somos membros uns dos outros” (Ef 4:25), e “se um membro é honrado, todos os membros se regojizam com ele” (1 Co 12:26).
Houve um dia quando o Senhor Jesus e Seus discípulos foram convidados para “umas bodas em Caná da Galileia” (Jo 2:1), e eles foram (veja João 2). Sabemos que esse incidente tem uma aplicação típica para a bênção de Israel num dia futuro, quando Ele irá suprir seu regozijo, mas ainda permanece o fato que Ele sancionou o casamento pela Sua presença. Isso, algumas vezes, tem sido usado para trazer Seu nome, para dar aprovação a exibições muito extravagantes e suntuosas, mas devemos buscar o equilíbrio em todas as coisas. Enquanto a comunhão em um casamento seja claramente desejável, agir como se já estivéssemos reinando como reis (1 Co 4:8), é incongruente com nossa posição como “peregrinos e forasteiros” (1 Pe 2:11). Não está de acordo com o fato de sermos nada neste mundo onde nosso Senhor e Salvador foi rejeitado, nem mostra o espírito de usar este mundo, mas não como sendo nosso – “os que usam deste mundo, como se dele não abusassem” (1 Co 7:31). Que o Senhor dê aos Seus, graça para estarem dispostos a suportar as marcas de cidadania estrangeira, enquanto ao mesmo tempo, aceitem de Sua mão amorosa as provisões de graça que Ele tem para nós, sejam quais forem.
O casamento é o momento quando conectamos em nossa mente os livros de Gênesis e de Apocalipse. Em Gênesis encontramos a divina instituição do matrimônio, e em Apocalipse encontramos o grande antitipo – o grandioso momento para o qual Deus mesmo aguarda – quando o Noivo celestial tomará Sua noiva – a noiva que Ele morreu para conquistar. Então, em um casamento, olhamos para trás e para frente. Como olhar para o futuro preencherá nosso coração com êxtase e louvor! Nosso Senhor mesmo está pacientemente esperando para nos tomar, o preço do “trabalho de Sua alma” (Is 53:11). Então Ele estará satisfeito e todo o céu se regozijará, “Porque são chegadas as bodas do Cordeiro” (Ap 19:7 – ARA).
Na Terra, há especulações, algumas vezes, sobre como a noiva será vestida, e a Palavra de Deus nos diz da nossa vestimenta naquele dia futuro quando seremos a noiva: “Pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos” (Ap 19:8 – ARA; veja JND). Nossas vestes serão exatamente as mesmas, que nessa cena, nosso Senhor operou em nós por Sua graça e Seu Espírito; são todas vindas d’Ele mesmo. As pequenas coisas feitas hoje e ontem para Ele; as coisas que Deus operou, “tanto o querer como o realizar, segundo Sua boa vontade” (Fp 2:13 – ARA), serão vistos lá para realçar nossa beleza para Ele, e tudo para Seu próprio louvor.
O tempo logo deixa suas marcas em tudo aqui, e a noiva não é mais a noiva, mas em Apocalipse lemos da Igreja como a noiva mais de 1.000 anos depois das bodas: “Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o Seu Esposo” (Ap 21:2 – ARA). Nesse momento, todo o Milênio terá terminado seu curso, e o estado eterno terá iniciado, e ainda assim o tempo não terá mudado nada na glória e beleza da noiva do Cordeiro. Sim, Ele apresentará “a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5:27). Máculas falam de contaminação, e rugas falam de decadência, mas nenhuma delas jamais manchará aquela abençoada cena para qual estamos indo. Vale a pena mencionar aqui que ela é “adornada para seu Esposo”, e não para os olhos de outros. Então, Ele verá aquela pérola de grande valor pela qual Ele vendeu tudo, e Ele a verá na beleza que Ele mesmo colocou sobre ela. Nós seremos, para Ele, exclusivamente naquele dia, e seremos exatamente como Ele nos quer. Senhor, Senhor, apresse o tempo! E, embora, estejamos vestidos com vestes de beleza que Ele nos deu, não estaremos ocupados com elas, mas com Ele mesmo, como o poeta tão apropriadamente expressou:
“A noiva não olha para seu vestido,
Mas o rosto de seu amado noivo.
Há um outro vislumbre da noiva celestial, quando ela é vista “descendo do céu da parte de Deus, e tendo a glória de Deus” (Ap 21:10-11 – TB). Aqui o caráter da noiva não é tão enfatizado como “a esposa do Cordeiro”; é a glória que ela terá diante de todos, por estar conectada com Ele, que é o Herdeiro de todas as coisas. Teremos uma beleza que é toda para Ele; teremos, também, a glória diante de todo universo sendo “a esposa do Cordeiro” (Ap 21:9 – ARA) – aquela que compartilhará todos Seus vastos domínios. Ambas serão nossas, queridos irmãos em Cristo.
Também, haverão convidados para esse casamento do Noivo celestial e da noiva – “Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19:9 – ARA). Somente aqueles que forem salvos entre o dia de Pentecostes e o arrebatamento farão parte da noiva, mas haverá miríades de outros santos no céu – todos os santos do Velho Testamento. Sim, e João Batista que disse que era apenas um amigo do Noivo, estará lá como um destes convidados. Eles desfrutarão de um regozijo peculiar ao contemplarem a Seu gozo.
Nós nos detivemos nessas certezas da esperança, pois nossa apreciação por elas ampliará grandemente nosso gozo, seja como noiva ou noivo, ou como um daqueles que se regozijam com eles em um casamento aqui, enquanto aguardamos pela realidade lá dos céus.
Há mais um ponto que requer cautela, entretanto, deveria ser acrescentado como a conduta apropriada em um casamento. Temos falado sobre como uma exibição exagerada é inapropriada, mas há também um perigo em cair nos caminhos do comportamento mundano, com brincadeiras barulhentas ou comportamentos indecorosos. Essas demonstrações grosseiras mostram uma completa falta de respeito pela Sagrada instituição do matrimônio; são eventos vergonhosos para aqueles que professam serem seguidores de Cristo. Que toda postura adequada esteja concedida a todo casamento Cristão.
A cerimônia concluída, a noiva assume o nome do marido. Esse, de fato, é um princípio da Escritura, pois em Gênesis, onde o registro da criação de Adão e Eva é mencionado é acrescentado que Deus “os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão ” (Gn 5:2 – ARA). Ela estava tão identificada com seu marido que seu nome também se tornou Adão, ou como costumamos dizer hoje – a senhora Adão. Assim também seremos identificados com Cristo.
“Ele vem como o Noivo,
Vindo para revelar finalmente
O grande segredo de Seu propósito,
Mistério de eras passadas.
E à noiva, a ela é concedida,
Em Sua beleza então brilhar,
Como em êxtase ela exclama,
‘Eu sou d’Ele, e Ele é meu!’
Oh, que gozo aquela união matrimonial,
Mistério do amor divino!
Doce é cantar em toda a sua plenitude,
‘Eu sou d’Ele, e Ele é meu!’”
