Origem: Livro: A Instituição do Matrimônio e Assuntos Relacionados

Novas Responsabilidades Mais Uma Vez – Cap. 21

Este precioso bebê, que despertou as fontes da afeição dos pais guardadas no coração do jovem pai e mãe, também, trouxe a eles novas e sérias responsabilidades. Tal como a mãe de Moisés, que foi encarregada pela filha de Faraó de criar Moisés para ela (Êx 2:5-10), assim os pais Cristãos devem criar os seus filhos para o Senhor. E esta é uma ocupação de tempo integral, e uma que requer muita dependência no Senhor.

Num mundo ímpio, que piora a cada momento, é um assunto sério estar encarregado de criar os filhos. Haverá muitos ventos contrários soprando, que somente pela sabedoria divina que pode ser encontrada na Palavra de Deus, é que os jovens pais poderão traçar um caminho direito. Desde que Adão e Eva foram expulsos do Jardim do Éden, e o homem teve que fazer seu próprio caminho nesse mundo contaminado, os santos de Deus, de todas as épocas, precisaram de um caminho traçado pelo próprio Deus. Isso é verdade para todo nosso caminho, mas é especialmente importante na questão da criação de uma família.

Com muita frequência, a responsabilidade dos pais Cristãos não é percebida suficientemente cedo, e anos valiosos de formação da infância passam despercebidos e insuficientemente aproveitados. Precisamos fazer uso de todo o tempo que nos é dado “Remindo o tempo; porquanto os dias são maus” (Ef 5:16). Uma jovem mãe, certa vez, procurou um idoso servo do Senhor, e perguntou-lhe quando ela e seu marido deveriam iniciar a educação de seu filho; ele respondeu perguntando a ela, qual era a idade de seu filho. Quando a mãe falou a idade, o servo do Senhor disse: “Você já perderam todo esse tempo!”.

É difícil perceber, sobretudo os pais, que aquele inocente e doce bebê, tenha dentro de si a raiz de uma natureza má; já nasceu com uma natureza caída, capaz de produzir tristes frutos, que o levarão bem longe de Deus. As inclinações naturais já se encontram nele, e à medida que se desenvolve e cresce, também vai se despertando a capacidade de manifestá-las. Em tudo isso temos que nos lembrar que transmitimos aos nossos filhos, à nossa descendência, um coração perverso e uma vontade corrompida, que herdamos dos nossos pais e antepassados. “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27:19).

“O que é nascido da carne é carne” (Jo 3:6). Passamos para nossos filhos o mesmo caráter da carne que temos, nem uma partícula melhor, nem uma um pouco pior. Não podemos dar a eles a nova vida. Eles devem recebê-la da mesma maneira que recebemos; eles, também, devem nascer de novo. O Espírito de Deus deve agir no coração deles, produzindo a nova vida, com novos desejos. Mas devemos nos desesperar porque isso é verdade?

Devemos cruzar nossos braços e dizer que devemos aguardar pelo Espírito de Deus agir neles? Não! Não!

Seria bom se os pais dobrassem os joelhos juntos e agradecessem a Deus pela dádiva da criança amada, e, então, e ali mesmo suplicar fervorosamente para que a criança seja trazida, ainda cedo em sua vida, ao conhecimento da salvação do Senhor Jesus Cristo. Esta deve ser uma questão próxima ao coração de todos os pais Cristãos, e uma questão que deve ser constantemente levada diante de nosso Deus e Pai. Devemos fazer isso em fé, contando com Ele; é um assunto de suma importância e deve ser o peso de nossas orações desde o dia do nascimento da criança.

O mundo tem muitos livros sobre educação infantil, que pretendem instruir os pais na maneira correta de criar os filhos. Mas para os pais Cristãos, isso não é confiável, se não perigoso. Podem conter uma certa quantidade de sabedoria humana, mas a sabedoria deste mundo não é para ser comparada com a sabedoria divina. É muito melhor orar sem cessar em busca da sabedoria de Deus “que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada” (Tg 1:5 – AIBB). Se nos falta sabedoria (e certamente falta), peçamos a Deus por sabedoria. Ele nunca falhará para com um coração confiante. É muito melhor estar em um lugar onde sentimos nossa incapacidade e nossa fraqueza, do que recorrer aos conselhos do mundo. “Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios” (Sl 1:1).

Devemos sempre lembrar que a Palavra de Deus contém a sabedoria que vem do alto; nela é encontrada aquela palavra para o pai – “não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4). Também contém muitas lições práticas. Vemos exemplos de homens e mulheres de fé que criaram os filhos no temor de Deus, e advertências solenes na história daqueles que falharam nessa responsabilidade.

Abraão tinha, em seus dias, sua casa bem ordenada. Ele não somente andava por fé, mas ordenava “seus filhos e a sua casa depois dele [após ele – JND], e por isso ele recebeu especial elogio do Senhor. Foi por sua fidelidade nas suas responsabilidades familiares, que ele recebeu comunicações vindas da mente de Deus – “disse o SENHOR: Ocultarei Eu a Abraão o que faço Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR”, etc. (Gn 18:17-19). Dessa maneira, ele obteve o título “amigo de Deus” (Tg 2:23).

Anrão e Joquebede foram fiéis em seus dias, e todos seus três filhos – Moisés, Arão e Miriã – foram notavelmente devotados ao SENHOR. No dia em que Moisés nasceu, o povo escolhido estava em circunstâncias muito difíceis. Eles eram escravos, maltratados no Egito, e um decreto governamental condenava os meninos recém-nascidos à morte (Êx 1:22). Certamente um livro publicado pelos egípcios em como tratar com crianças não serviria para esses pais fiéis. Eles agiram em fé diante de Deus, e protegeram seu precioso filho o máximo que puderam. Esse é realmente um bom exemplo para os pais, pois eles não têm muitos dias ou anos para proteger sua “herança do Senhor” da influência maligna deste mundo perverso. Cada oportunidade deve ser aproveitada para proteger seus pequenos filhos de influências malignas.

Não podemos dar a nossos filhos fé para andar no caminho da fé, assim como não podemos lhes dar uma nova vida, mas educando-os na disciplina e instruções do Senhor, eles aprenderão o que é agradável ao Senhor. Moisés foi instruído de maneira tão completa no caminho e nos propósitos de Deus para com Israel, que quando sua mãe teve que devolvê-lo para à benfeitora real para ser ensinado nas escolas do Egito, ele foi capaz de caminhar por fé por si mesmo. Ele “foi instruído em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7:22), mas lançou sua sorte com o desprezado povo de Deus – um grupo de escravos. “Ele deixou o Egito” (Hb 11:27), porque por fé, ele viu o final.

A palavra para educar as crianças na disciplina e instrução do Senhor é dada ao pai; ele é o responsável. A mãe, porém, exerce uma grande influência sobre os filhos, pois nos primeiros anos de vida a presença da mãe é mais constante com eles. É de extrema importância que o pai e a mãe estejam numa única mente diante do Senhor nessa questão. Nada além do mal pode acontecer quando o pai ou a mãe tende para um lado, enquanto o outro tende para o outro lado. Joquebede parece ter sido especialmente proeminente na educação de Moisés. É, também, digno de nota que na história dos reis de Judá e Israel, frequentemente, lemos: “Era o nome de sua mãe (1 Rs 15:2; 1 Rs 14:31; 2 Rs 21:1, etc.). É como se o Espírito de Deus chamasse atenção para a parte que sua mãe teve no princípio de seus ensinamentos. Às vezes, o nome ou a nacionalidade da mãe, claramente indica o que se revelou na criança.

Timóteo foi instruído desde cedo nos caminhos do Senhor. Ele conhecia as Escrituras Sagradas desde sua infância, e a piedade de sua mãe, e de sua avó são mencionadas. Tais instruções são como um cuidadoso preparo para o fogo na fornalha; o papel e a madeira são meticulosamente colocados em ordem, para quando o momento apropriado chegar, tudo o que é necessário é uma chama. Um fósforo é tudo que é necessário para produzir um bom fogo depois que tudo é colocado em ordem na fornalha; então com a mente devidamente armazenada com o inestimável tesouro da Palavra de Deus, tudo o que é necessário é que o Espírito de Deus use a Palavra para implantar uma nova vida. Então, depois da criança ser salva, todas as riquezas armazenadas da Palavra a sustentam pela caminhada que está diante dela.

Pais Cristãos, tomem uma coragem renovada; confiem seus pequeninos ao Senhor, em fé, protejam a eles das influências malignas enquanto puderem, encham sua mente receptiva com a sabedoria vinda da Palavra de Deus, e instrua-os sobre a vaidade de tudo aqui e seu caráter transitório, enquanto você lembra a eles das glórias celestiais que aguardam todos aqueles que depositam sua confiança no Senhor Jesus.

Repetimos nosso aviso contra as muitas revistas e livros que estão à venda que se propõe a dar conselhos de sabedoria na maneira de educar a criança. Na maior parte esses livros são não somente um erro, mas são definitivamente prejudiciais. Eles têm sua origem nos ensinamentos infiéis do dia que diz que uma criança não tem uma natureza maligna, mas que é inerentemente boa, e somente o que a cerca é mau. Isso é a mais pura mentira, originada pelo “pai da mentira” (Jo 8:44).

De acordo com esse “conselho dos ímpios” (Sl 1:1), a criança só precisa de um pouco de instrução, e não de correção e disciplina. A maneira moderna é deixar que a criança se desenvolva naturalmente, e chamar toda sua maldade por outro nome. A criança deve seguir seus próprios instintos sem restrições. O nome menos ofensivo foi criado para isso – “autoexpressão” – mas chame como quiser, isso é uma das principais causas de toda a delinquência juvenil no mundo. Por meio disso, Satanás está preparando o alicerce para os dias de total rebeldia que estão por vir.

Pais Cristãos, não se deixam enganar pela chamada abordagem psicológica para educação da criança. É muito melhor usar a sabedoria que vêm do alto. Ela é encontrada naquele inestimável tesouro, a Palavra de Deus; e se os problemas surgirem para você, com os quais você não saiba lidar, você tem um Recurso constante onde a perfeita sabedoria pode ser obtida – o próprio Deus. “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus” (Tg 1:5).

Tenha certeza disso, Deus conhece melhor como as crianças devem ser educadas. Sua Palavra diz: “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga” (Pv 13:24 – ACF). Desejaríamos ficar sem a correção de Deus? Desejaríamos ser deixados por nossa própria conta? Nós mesmos somos corrigidos às vezes, e por quê? “Porque o Senhor corrige a quem ama” (Hb 12:6 – ARA). Outro versículo diz: “Corrige a teu filho enquanto há esperança; mas não te incites a destruí-lo” (Pv 19:18 – AIBB).

A vara não deve ser usada com raiva, nem com brutalidade, mas no temor de Deus e no amor verdadeiro pela criança. Disciplina, no entanto, é uma responsabilidade solene que não pode ser negligenciada sem causar danos à criança, e consequentemente desonra ao Senhor. Qualquer maneira áspera e insensível na disciplina pode desencorajar as crianças; é para ser usada com o coração enternecido por eles, para o próprio bem deles.

Poderíamos aprender algumas lições importantes em disciplinar crianças por considerar como nosso Pai sábio e amoroso nos disciplina. Em Hebreus 12:10, lemos que nossos pais nos corrigiam segundo melhor lhes parecia, mas pode lhes ter faltado sabedoria; não é assim com nosso Pai, que nos disciplina “para o nosso proveito, a fim de sermos participantes da Sua santidade” (Hb 12:10 – TB). Assim, a disciplina deve ser conduzida de forma refletida e em oração pelo bem da criança, com um certo objetivo em vista – a glória de Deus. Precipitação e aspereza na disciplina devem ser diligentemente evitadas. A criança deve sentir que os pais não gostam de puni-la, e que é feito em amor visando uma educação adequada.

Lemos de um sábio pai, que quando ele estava caminhando com seu filho, notou uma árvore velha e torta. Ele parou, chamou a atenção de seu filho para a má formação da árvore, e falou para seu pequeno filho que ele tentasse endireitar aquela árvore. O filho tinha idade suficiente para saber que aquilo não poderia ser feito, e disse a seu pai que era muito tarde para se fazer isso. Aquilo deu ao pai a maravilhosa oportunidade para explicar, que também é necessário corrigir as crianças quando ainda são jovens, e era por essa razão que ele frequentemente o corrigia, pois ele não queria que ele crescesse torto como aquela árvore velha.

É verdade que as crianças devem obedecer seus pais sem questionamento, mas não é sábio para os pais que exerçam seu poder arbitrariamente sem nenhuma razão ou explicação. A criança rapidamente sente quando nossas ações são ponderadas e pensadas, ou talvez, até mesmo injustas. Os pais podem ter ocasião para proibir a criança de fazer alguma coisa, ou de ir a algum lugar; não seria mais efetivo que o temor a Deus seja trazido para a questão? Não seria melhor explicar pelas Escrituras o motivo de sua recusa?

Quando o Apóstolo Paulo escreveu para os crentes Tessalonicenses, ele disse: “Assim como sabeis de que modo tratávamos a cada um de vós, como um pai a seus filhos, exortando-vos e animando-os” (1 Ts 2:11 – TB). Paulo tinha um coração de pai pelos santos, e suas declarações enfatizavam a parte que os pais tinham que educar as crianças (os filhos). O modo paternal de Paulo com aqueles crentes era para exortá-los, ou para encorajá-los, trazendo a Palavra de Deus para direcionar a conduta deles; ele também os consolava, e como poderia fazer isso sem trazer “o Deus de toda consolação” (2 Co 1:3)? Como um Apóstolo, ele poderia ensiná-los e testificar como deveriam andar para a glória de Deus. Leia sua palavra para eles no Capítulo 4: “Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais” (1 Ts 4:1).

Se os pais lessem as epístolas de Paulo, eles aprenderiam como ele, como pai, admoestava e instruía os santos. Que Deus conceda aos pais jovens de hoje mais desse espírito ao disciplinar seus filhos.

Paulo também agiu no papel de uma amorosa mãe para com aqueles santos; ele disse a eles: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (1 Ts 2:7). Quem pode ter o coração de uma mãe além de uma mãe? E ainda assim, Paulo, em sua medida, tinha tal coração por aqueles queridos Cristãos. Oh! Que gentileza e bondade com as quais ele agia para com eles! Ele poderia ter agido de forma arbitrária como um apóstolo de Cristo, e ter ordenado o que deveria ser feito, mas leia como ele escreveu a Filemom; ele não exigiu, mas escreveu de tal maneira que somente um coração vil e frio poderia resistir aos seus apelos.

Quais pais que criaram filhos não reconhecerão que falharam no cumprimento de seu dever dado por Deus? E não confessaremos todos que nossa falha tem sido em grande medida devido à falta de atenção a esses princípios divinos que encontramos nas Santas Escrituras? Portanto, é importante que jovens pais e mães busquem na Palavra por essa sabedoria que vem do alto, para que estejam aptos a proteger seus queridos filhos das terríveis influências espalhadas pelo mundo. O curso do mundo está se tornando cada vez mais corrupto; as características marcantes da Terra antediluviana e de Sodoma estão voltando rapidamente, como o próprio Senhor disse que aconteceria (veja Lucas 17:26-30).

Possa Deus despertar no coração de Seu povo para a percepção da gravidade do tempo em que vivemos, e dos perigos que cercam nossos filhos.

“Contemple o rio largo e veloz!
Brilhante, parece ser tão atroz,
Mas em suas profundezas sem igual,
Certamente fluem correntes venenosas de mal.
Pais Cristãos parem para pensar
À beira daquele rio traiçoeiro,
Antes de lançar seu pequeno barco
Naquelas águas profundas e sombrias,

O caminho de Jesus, que é seu aqui.
Busquem-no para seus queridos filhos.
Embora vocês não possam transmitir a vida,
Nem encurvar um coração teimoso.
Não ajudem a tecer uma corrente,
Que vocês ficariam felizes em quebrá-la novamente.
Aquele que por vocês deu Sua vida,
Não supriria suas necessidades, na medida?

Aquele que lhes tem dado filhos
Ele pode abençoar a Terra e o céu.
Busque, então, primeiro Sua santa vontade,
Busque Seu prazer cumprir,
Constantemente em fé e oração,
Para que essa bênção seus filhos possam usufruir.

E quando pelo poder do Espírito,
Chegar a hora tão esperada,
Quando os lábios que tanto amas,
Da graça do Salvador proclamarem,
Que não tenham motivo algum para dizer
Que desviaste seus pés do caminho certo.
Antes, desde a mais tenra juventude,
Ensinados e nutridos na verdade,
Que a luz deles brilhe sem impedimento,
Para o louvor da graça divina.

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