Origem: Livro: A Lei do Leproso
Capítulo 6 – Duas aves, vivas e limpas
Levítico 14:4-7
Mas sigamos o leproso que está verdadeiramente coberto de lepra. O sacerdote olha – não para ver se o leproso está purificado, mas para ver se ele está curado. E agora ele não encontra um ponto em qualquer lugar sem a praga. Oh! Que gozo, agora ele pode ser purificado.
Agora, caro leitor, observe particularmente o que o leproso deve fazer para ser purificado. Outra pessoa o levou ao sacerdote. O sacerdote sai do arraial, olha e decide se o leproso está em condições de ser purificado. Agora ouça! O sacerdote fala, “então, o sacerdote ordenará que, duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo” (v. 4). O leproso era pobre e indefeso demais para obter essas aves e outras coisas para si mesmo; nem o sacerdote lhe diz para obtê-las. Não, ele diz a outra pessoa para fornecer essas duas aves vivas e limpas. Ele fala a outra pessoa, não ao leproso, para obter as outras coisas necessárias para sua purificação.
Isso nos lembra da pergunta de Isaque: “Onde está o cordeiro para o holocausto?”. E pensamos na resposta de Abraão: “Deus proverá para Si mesmo o cordeiro para o holocausto, meu filho” (Gn 22:7-8). Deus sempre precisa providenciar a oferta. Nós, pobres pecadores, iremos morrer em nossos pecados, se tivermos que ir em busca de um sacrifício adequado, pois nunca, nunca o encontraremos. Mas a Palavra de Deus diz: “O sacerdote ordenará que, por aquele que se houver de purificar, se tomem”.
 
14 – “Duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo” – Lv 14:4
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Deus proveu aquelas duas aves vivas e limpas. Juntas, as duas formam uma bela figura de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. “Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas” (v. 5). Novamente, o pobre leproso fica parado enquanto outro não apenas fornece a oferta, mas a sacrifica. Olhe por um momento para aquela figura. Um vaso de barro; dentro daquele vaso de barro, uma ave pura e imaculada. Os céus são o lar da ave – os céus são seu ambiente natural – mas ela desce e entra em um vaso de barro. Deixa seu ambiente natural, deixa sua casa lá em cima, por esta pobre e triste Terra. E naquele vaso de barro ela é morta. Que figura de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Ele deixa Sua casa nos céus, Ele deixa Seu trono acima, Ele desce a este mundo triste e toma um corpo terrenal. Pois, verdadeiramente nosso corpo é apenas “vaso de barro”. Você sabe que “Adão” significa “terra” ou “terra vermelha”. Então, nosso Senhor tomou um corpo terrenal. Como gostamos de ver aquele Homem celestial andando neste mundo em Seu corpo terrenal! E nesse mesmo corpo Ele foi morto. Homens ímpios pregaram aquele corpo na cruz, e Seu precioso sangue foi derramado.
 
15 – Uma das aves é morta num vaso de barro” – Lv 14:5
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Mas, a ave foi morta em um vaso de barro sobre a água corrente ou viva. A água corrente tem vida e poder. Que poder tremendo existe na água corrente nas Cataratas do Niágara! A água na Bíblia muitas vezes fala da Palavra de Deus (Sl 119:9; Ef 5:26). E a água corrente, ou viva, nos fala da Palavra viva de Deus, aplicada pelo Espírito de Deus ao nosso coração. Essa Palavra é “viva e eficaz” (Hb 4:12). Tal Palavra toma a morte de Cristo, e me diz, no poder vivo do Espírito, que o Senhor Jesus Cristo morreu por mim, que foi por meus pecados que Ele sofreu. Talvez você já tenha ouvido, muitas vezes, a história da morte d’Ele. Muitas vezes você viu aquela ave morta no vaso de barro: mas, caro leitor, você já percebeu que isso era para você? Você já O viu morto sobre a água viva? “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10:17). É da Palavra viva que você obtém fé viva.
Do lado furado de nosso Salvador fluiu “sangue e água” (Jo 19:34).
“Rocha Eterna! Fendida pelo pecado,
Nela a graça nos escondeu em segurança!
Onde a água e o sangue
Do Teu lado rasgado flui
São a dupla cura do pecado:
Purificação da sua culpa e poder.”
 
16 – “Serão molhados no sangue com a ave viva” – Lv 14:6
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“E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo e os molhará com a ave viva no sangue da ave que foi degolada sobre as águas vivas” (v. 6).
Tem sido destacado que as duas avess são uma figura de nosso Senhor Jesus Cristo. Nós O vimos descer do céu e tomar aquele corpo que foi preparado para Ele, e naquele “vaso de barro” Ele morreu na cruz por nós. Ele não ficou na cruz, mas ainda carregando aquelas marcas de morte nas mãos, pés e lado, Ele foi colocado na sepultura – mas no terceiro dia Ele ressuscitou ainda carregando aquelas mesmas marcas de morte. E assim vemos a ave viva descendo para o sangue da ave morta e subindo com suas penas puras, todas marcadas com a morte. Que figura maravilhosa da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo! Mas, ainda a ave é segurada na mão do sacerdote. Ainda não está livre para ascender ao seu lar natural nos céus.
Mas não só a ave viva foi mergulhada no sangue da ave morta: madeira de cedro, escarlate e hissopo também foram mergulhados naquele sangue. A madeira de cedro nos fala das maiores e mais altas coisas da natureza: o hissopo nos fala das coisas mais vis, mais baixas e mais amargas da natureza. Salomão falou de “árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce na parede” (1 Rs 4:33). Aquilo que é maior por natureza deve passar por aquele precioso sangue. O homem ou mulher mais inteligente, mais brilhante: a pessoa mais gentil e mais humana da Terra, o homem mais honesto e sincero que vive – todos igualmente, só podem obter a salvação por meio do sangue. E ainda, a pessoa mais pobre e miserável, cuja vida é amarga com trabalho duro – ela também deve passar pelo sangue se quiser obter a salvação. Mesmo aqueles que são “símplices” devem ter o sangue como seu único direito (Ez 45:20). O carmesim fala da realeza e nos diz que aqueles que ocupam os lugares mais altos da Terra devem também passar pelo sangue junto com os mais simples.
Mas essas coisas nos dizem algo mais. São coisas que pertencem a este mundo; e quando Cristo foi crucificado, o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo (Gl 6:14.). Este mundo está manchado com o sangue do Filho de Deus, meu Salvador, e o mundo e eu nunca mais poderemos ser amigos novamente. A cruz fica entre ele e eu. Na verdade, a Palavra me diz claramente que “não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4:4).
“Somos apenas estranhos aqui, não desejamos 
Um lar na Terra, que te deu apenas uma sepultura, 
Tua cruz cortou os laços que nos ligavam aqui, 
Tu mesmo é nosso tesouro em uma esfera superior”.
 
17 – “E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá” – Lv 14:7
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“E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então, o declarará limpo e soltará a ave viva sobre a face do campo” (v. 7).
Admirável versículo! Basta contemplar aquela cena maravilhosa. O pobre leproso foi trazido de fora do arraial, o sacerdote foi até ele. Outro proveu aquelas duas aves vivas e limpas. Outro matou uma dessas aves, e agora seu sangue está na bacia; as penas da ave viva, o pau de cedro, o carmesim e o hissopo estão todos manchados com o sangue da ave morta. O pobre leproso contemplou toda essa cena, mas não houve mudança nele ou em sua condição. Mas agora o sacerdote asperge o sangue sete vezes sobre o próprio leproso – uma vez, duas, três vezes… e, seis vezes, e ainda nenhuma mudança, mas agora a sétima vez – e o homem está purificado! O sangue o purificou. Sem o sangue, não havia como purificar o pobre leproso. E sem o derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9:22.). Mas esse sangue tinha poder para purificar o leproso de toda contaminação. A ave limpa pode limpar o leproso imundo. Não importava o quão vil e repugnante fosse o pobre leproso, contanto que a ave estivesse limpa. Sete vezes fala da perfeição da purificação. E agora o precioso sangue de Cristo tem poder para purificar o pecador mais vil, mais contaminado e repugnante de todo vestígio de pecado. Por favor, esteja perfeitamente esclarecido sobre isso. Foi o sangue, e apenas o sangue, que purificou o leproso. É o sangue, e somente o sangue, o que purifica qualquer pobre pecador hoje.
 
18 – “O sacerdote… o declarará limpo” – Lv 14:7
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Mas, como o leproso sabia que estava purificado? Sua lepra desapareceu de repente quando o sangue foi aspergido sobre ele pela sétima vez? Não penso assim. Eu não acho que ele se sentiu um pouco diferente, do que ele sentiu antes, depois que o sangue foi aspergido. Eu não acho que ele pareceu um pouco diferente, de como parecia antes, depois que o sangue foi aspergido.
Como, então, ele sabia que estava limpo? No momento em que o sangue é aspergido pela sétima vez, o sacerdote o declarou limpo. Ao ficar de pé e assistir a essa cena maravilhosa, você pode ouvir o sacerdote fazer aquele pronunciamento abençoado: “Sê limpo”. O sangue da ave o purificou, a palavra do sacerdote o faz saber que ele está limpo. Foi a palavra do sacerdote que anteriormente o fez saber que ele estava impuro, e assim, exatamente da mesma maneira, é a palavra do mesmo sacerdote que o faz saber que ele está limpo.
 
19 – “Soltará a ave viva” – Lv 14:7
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Mas isso não é tudo; no momento em que o sacerdote declara que o pobre leproso está limpo, então ele pega aquela ave viva, manchada com o sangue da ave morta, e a solta sobre a face do campo. A obra do sacrifício foi concluída, o leproso é purificado e sabe que está limpo, e agora não há nada para manter aquela ave viva aqui embaixo.
Da mesma forma, o Senhor Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, carregando as marcas da morte sobre Ele, e depois de uma breve estadia entre os homens aqui embaixo, Ele subiu aos céus, ainda carregando essas mesmas marcas – prova de que Sua obra está completa, Sua vitória conquistada, nossos pecados retirados, e Ele mesmo, e nós com Ele, agora somos aceitos no alto. Num dia vindouro, Ele apresentará Sua Igreja a Si mesmo como uma Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante (Ef 5:27). As feridas e cicatrizes de sua guerra aqui embaixo serão todas levadas para lá, e por toda a eternidade nosso Senhor Jesus Cristo carregará essas marcas da morte em Suas mãos, pés e lado.
Se Sua obra na cruz não tivesse sido completa – se Ele não tivesse verdadeiramente purificado nossos pecados – se um de nossos pecados tivesse permanecido sobre Ele – Ele nunca poderia ter subido do sepulcro e ascendido ao céu. Mas, louvado seja Deus! O trabalho d’Ele está completo. Foi aceito nas alturas, e Ele voltou para Seu lar nos céus, em prova positiva de que tudo está feito.
Suponha, agora, que um velho vizinho encontre o leproso purificado e lhe diga: “O que você está fazendo aqui? Você é um leproso! Saia daqui!”. O leproso responde: “Sim, verdadeiramente eu era um leproso, mas agora, graças a Deus, estou purificado!”. “Purificado!” responde o vizinho. “Você não está limpo! Pelo contrário, você parece pior do que nunca! Você parece estar todo coberto de lepra!”.
– Isso mesmo, mas o sacerdote aspergiu o sangue da ave sobre mim e me declarou limpo, e eu sei que estou limpo, porque ele disse isso.
“Que absurdo! Você o entendeu mal. Ele provavelmente lhe disse que você não estava limpo! Qualquer um pode ver que você é um leproso!”.
 
20 – “Sobre a face do campo” – Lv 14:7
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Ah, não! Não há possibilidade de que eu o tenha entendido mal. Primeiro eu tive o sangue aspergido em mim, e então eu mesmo ouvi a própria voz do sacerdote me dizendo que eu estava limpo; mas isso não é tudo – com meus próprios olhos, eu mesmo vi a ave viva – com suas penas cobertas de sangue voar para o céu aberto. Você conhece a lei. Você sabe que a ave viva não pode voar para longe até que o sacerdote me declare limpo.
“Mas”, continua o vizinho, “quer dizer que você sente que está limpo, quando admite que está todo coberto de lepra?”.
“Amigo, essa não é a questão. O sacerdote disse eu estou limpo, e isso resolve o assunto. Como você sabe, ele, e somente ele, tem autoridade para declarar qualquer homem limpo, e ele me declarou limpo, então, agora sei que estou limpo, não importa como me sinta”.
O vizinho é silenciado, e o leproso se enche de gozo, paz e triunfo, ao se lembrar daquela visão da ave viva, voando livre, de volta à sua antiga casa.
Assim mesmo é com você e comigo, querido companheiro pecador, purificado no sangue de Jesus? Ao observarmos, pelos olhos da fé, nosso Senhor e Salvador voltando para Sua casa nos céus, sabemos que Ele é aceito, e sabemos que também somos aceitos n’Ele (Ef 1:6).
Mas aquele Salvador vivo, que voltou para o céu, nos diz mais do que o fato de que Sua obra de purificação está completa. Sua ressurreição e ascensão nos dizem que Ele é Vencedor, Ele é Vitorioso sobre a morte e a sepultura. A batalha mais poderosa do universo foi travada e vencida, e agora Ele pode cantar em triunfo, e nós com Ele: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó morte, a tua vitória?” (1 Co 15:55 – ARA).
“Oh, não me mostres meu Salvador morrendo,
Como na cruz Ele sangrou,
Nem no túmulo, um cativo deitado,
Pois Ele deixou os mortos.
Então não me peça para reconhecer
Aquela forma estendida para o meu Redentor,
Quem, aos mais altos céus subiu,
Em glória enche o trono.
Não choreis por Ele na estação do Calvário!
Chore apenas pelos teus pecados;
Veja com exultação onde Ele estava;
É aí que começa a nossa esperança.
No entanto, não fique aí, tua tristeza alimentando
Em meio às cenas que Ele pisou,
Olhe para cima e veja-O intercedendo
À direita de Deus.
Ainda na vergonhosa cruz eu me glorio,
Onde Seu querido sangue foi derramado;
Pois lá o grande propiciatório
Aboliu toda a minha culpa.
No entanto, no meio do conflito e da tentação,
A força e o socorro darão?
Ele vive, o Príncipe da salvação;
Portanto, Seus servos vivem.
Pela morte, derrotou o sombrio rei da morte,
E venceu a sepultura;
Ressuscitando, o triunfo que Ele completou,
Ele vive, Ele reina para salvar.
As felizes miríades do céu se curvam diante d’Ele:
Ele vem, o Juiz dos homens;
Estes olhos O verão e O adorarão:
Senhor Jesus, venha e reine.”
J. Condor
