Origem: Livro: A Ordem de Deus para o Lar Cristão
Honra
A atitude do marido para com a esposa também é o assunto dos escritos do apóstolo Pedro. Pedro diz ao marido com muita firmeza que ele deve honrar sua esposa. Essa exortação parece vir para contrastar o convívio do marido e da esposa Cristãos com a do incrédulo, em particular o pagão. Estes últimos não tinham conhecimento do verdadeiro significado do casamento. Eles não tinham entendimento do amor pelo qual o casamento deveria ser moldado. Portanto, a esposa não esperava muito respeito ou honra. Ela pode até estar em uma ordem social inferior à do marido. Ela pode ter sido apenas uma das várias esposas mantidas pelo marido para a satisfação das paixões de sua natureza caída. Não é de surpreender que algumas dessas ideias e hábitos se apeguem aos novos crentes. Na verdade, eles ainda são vistos hoje em países que estiveram sob a influência do Cristianismo por séculos. Pedro desejava esclarecer o assunto para esses novos crentes, e todos nós nos beneficiamos dessas Escrituras (1 Pe 3:1-7).
O marido é exortado a coabitar com a esposa com entendimento (v. 7). O marido Cristão recebe entendimento do verdadeiro significado do amor e do casamento e do exemplo de Cristo e Sua Igreja. Esse conhecimento coloca imediatamente a esposa em um lugar de honra, uma pessoa a ser nutrida[1] e amada. Não há mais níveis sociais diferentes. Ela é uma herdeira junto com ele, embora um vaso mais fraco, da graça da vida. O casamento agora é honroso e a expressão do amor físico está sujeita à instrução divina, com o prazer do marido e da esposa igualmente considerados (Hb 13:4; 1 Co 7:1-5). Tudo isso traz novas dimensões ao significado do casamento e também confere novas responsabilidades ao marido Cristão, que devem continuar por toda a vida (Pv 5:15-21).
[1]  N. do T.: A palavra grega ektrephō significa educar até a maturidade, isto é, (geralmente) cuidar ou treinar, criar, nutrir, e aparece duas vezes na Escritura: em Efésios 5:9 e 6:4. ↑
Ao encerrar esta seção sobre as responsabilidades do marido de amar e honrar sua esposa, fazemos um apelo por uma maior demonstração disso no lar Cristão de uma maneira clara. Novamente, a moderação é necessária, mas às vezes a atitude encontrada nos lares Cristãos dá a entender que o casamento é um fardo ou uma provação necessária. Certamente o casamento baseado na ordem de Deus é uma instituição de regozijo. Talvez a modéstia vitoriana[2], não a modéstia bíblica, tenha feito com que o relacionamento amoroso entre marido e mulher fosse tão velado que até mesmo os filhos às vezes deviam se perguntar se ele realmente existia. Até mesmo psicólogos incrédulos nos dizem que a demonstração de amor em casa dá aos filhos uma segurança que não se encontra em nenhum outro lugar. Além disso, um mundo observador, onde o colapso do lar não é mais uma exceção, deve ficar impressionado ao ver o amor e o respeito dados por Deus demonstrados e aplicados na vida dos seres humanos de uma maneira que de outra forma seriam desconhecidos. Talvez se o amor do marido e sua honra à esposa tivessem sido mais visíveis no passado, a esposa moderna não se sentiria tão degradada e confinada.
[2]  N. do T.: Uma ordem valores morais imposta pela rainha Vitória, da Inglaterra (1837-1901) com estrito código de conduta que pregava, entre outras coisas, a restrição sexual e rígida forma de vestir.  ↑
Lembremo-nos de Isaque que “tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado” (Gn 24:67).
