Origem: Livro: A Ordem de Deus para o Lar Cristão
A esposa como mãe
Deus pode, em sabedoria divina, impedir filhos. Se Ele o fizer, isso traz um especial exercício e confiança em Si mesmo. Em geral, a família, nas Escrituras, inclui os filhos. O apóstolo Paulo foi inspirado a escrever: “Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos” (1 Tm 5:14). Esta Escritura por si só deixa claro que o casal Cristão deve planejar ter filhos. Terá que haver uma família para que as jovens “apeguem-se a seus filhos” (Tt 2:4 – JND). Deixar de obedecer a essas Escrituras roubará do lar o puro gozo que os filhos podem proporcionar. Também faltarão os exercícios e as lições espirituais que acompanham cada criança individualmente e que podem aproximar os pais um ao outro e do Senhor. Além disso, o deleite e o prazer que os netos trazem não podem ser possíveis se o casal optar por não ter filhos.
As consequências da recusa egoísta em aceitar a responsabilidade dos filhos serão sentidas entre os Cristãos de outras formas, além da simples ausência dos filhos na rotina diária do casal. As Escrituras designam duas instituições como aquelas com obrigação de cuidar dos idosos. Uma delas é a família (1 Tm 5:4) e a outra é a assembleia (1 Tm 5:9-11). Se a família não existe, não há ajuda disponível de uma das instituições designadas. A assembleia, por sua vez, tem o direito de buscar determinados pré-requisitos. Um deles, que a assembleia deve considerar com relação à sua obrigação de cuidar de uma viúva, é “se (ela) criou os filhos” (1 Tm 5:10). Se o Senhor nos deixar aqui, haverá muitos idosos sem filhos, solitários e necessitados, que não terão família e talvez não se qualifiquem para receber auxílio da assembleia. Essa necessidade, pelo menos em parte, está sendo assumida atualmente pelo poder público por meio de programas de bem-estar social. À medida que o número de famílias sem filhos aumenta simultaneamente com o envelhecimento da população do baby-boom pós-Segunda Guerra Mundial, a pirâmide etária da América do Norte se tornará mais pesada. Os economistas já estão alertando os governos sobre o perigo de que tais programas levem o tesouro público à falência. O fracasso em seguir a ordem de Deus só pode colher privações pessoais e caos econômico para a sociedade.
Em outra esfera, o resultado de casais Cristãos sem filhos será privar a Igreja e a assembleia local de bispos e diáconos. A fim de se qualificar para essas posições, um homem deve ter tido a experiência de criar os filhos em sujeição e de governar bem a sua casa (1 Tm 3). Certamente, se um casal deixou intencionalmente de ter filhos, o marido não poderia ocupar a posição de bispo ou diácono. Estes são ofícios a serem desejados; a preparação para eles não deve ser evitada ou negligenciada.
Visto que haverá filhos, a esposa Cristã, além de ser a ajudadora espiritual do marido, deve ser mãe. A história de Ana fornece instruções para as esposas que buscam os princípios das Escrituras para guiá-las nesse papel. Uma leitura cuidadosa de sua história (1 Samuel 1 e 2) revela vários aspectos diferentes do cuidado de Ana.
Ana orou muito! Suas orações consistiam em petições e louvores. Seja em amargura de alma (1 Samuel 1) ou em momentos de regozijo (1 Samuel 2), ela se voltava para o Senhor em oração. Certamente, para uma mãe sobrecarregada com a responsabilidade do cuidado diário dos filhos, haverá momentos de ambos. As tristezas e alegrias entram na perspectiva correta quando são trazidas à presença do Senhor.
A amamentação e o desmame de Samuel também desempenharam um papel significativo no início da história de Samuel, assim como as roupas de Samuel. Deixando de lado por enquanto as lições espirituais a serem tiradas dessas duas considerações, deve-se notar que nelas temos duas responsabilidades proeminentes de qualquer mãe – alimentação e vestuário das crianças. As duas responsabilidades também se destacam fortemente na vida da mulher virtuosa de Provérbios 31.
Nesta era da assim chamada libertação feminina, a sugestão de que a principal ocupação de uma esposa deve ser direcionada para o cuidado dos filhos e para as atividades relacionadas à alimentação e vestuário atrai o escárnio e o ridículo. Correndo o risco de atraí-los, é nossa opinião que esse é o direcionamento da Palavra de Deus. Estes não são campos limitadores, nem menos exigentes ou desafiadores do que as outras áreas em que as mulheres trabalham hoje. Apesar disso, muitas mulheres, inclusive Cristãs, casam-se com muito pouca preparação para essas atividades domésticas e de cuidados com os filhos. Felizmente para algumas, elas tiveram mães que estavam em casa e tiveram tempo para ensinar suas filhas. Tais situações não são tão comuns hoje como costumavam ser. Além disso, os sistemas escolares dão menos ênfase a esse tipo de treinamento para meninas. A jovem Cristã, que é cada vez mais pressionada a estudar além do ensino médio e a ingressar em carreiras públicas antes do casamento, deve refletir um pouco sobre quais áreas de estudo podem ser pertinentes e uma ajuda em seu papel de mãe e esposa.
Voltando agora ao significado espiritual da alimentação e vestimenta de Samuel, o papel da esposa é novamente observado. Ana não quis subir ao Senhor até que ela desmamasse a criança. O desmame parece significar cortar atitudes e hábitos naturais que são característicos da velha natureza da criança.
Certamente é o lar onde o fundamento para isso é lançado. É verdade que somente o novo nascimento pode realizar isso, mas recai sobre a mãe a responsabilidade de estar em casa e cumprir diariamente a tarefa de fornecer instruções das Santas Escrituras que são capazes de tornar uma criança sábia para a salvação por meio da fé que está em Cristo Jesus (2 Tm 3:14-15). Ninguém é capaz de influenciar a criança como sua mãe. Sem dúvida, é a isso que Paulo se refere ao lembrar a Timóteo da fé não fingida que havia nele, mas que habitou primeiro em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice (2 Tm 1:5). Este desmame de uma criança das atitudes e hábitos do mundo incrédulo ocorre em uma idade jovem – talvez muito antes de a criança confessar a Cristo como Salvador. A Palavra de Deus nos lembra que quando Ana desmamou Samuel, a criança era pequena (1 Sm 1:24) e que ainda não conhecia o Senhor (1 Sm 3:7). Quão importantes são os primeiros anos da vida da criança e quão necessário é que a influência constante das Escrituras seja exercida sobre a criança à medida que ela se desenvolve nesses tenros anos. Babás e creches provavelmente não farão isso. Somente uma mãe que está regularmente em casa está em condições de assumir essa responsabilidade e privilégio.
Depois que Samuel foi desmamado, lemos que sua mãe fazia para ele uma túnica pequena e trazia para ele ano após ano. Talvez no nível espiritual isso possa ensinar a mãe a estar constantemente atenta ao crescimento espiritual de seus filhos. Quantas vezes as mães se preocupam quando o desenvolvimento físico não parece estar progredindo como deveria. Certamente o crescimento espiritual dos filhos exige a atenção que só uma mãe percebe e pode dar. Em 1 Coríntios 13:11, lemos: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. Este seria um desenvolvimento gradual, e os diferentes estágios de desenvolvimento no crescimento espiritual de uma criança certamente requerem reconhecimento e atenção que somente uma mãe observadora pode dar. Por exemplo, a criança em certa idade pode sentar-se apenas por um curto período de tempo para ouvir a Palavra de Deus ou memorizá-la, mas à medida que cresce tanto física como espiritualmente, tal instrução pode requerer mais tempo e profundidade. O marido é, talvez, menos propenso a notar essas coisas do que a mãe, que tem olhos aguçados e coração terno. Talvez mais exemplos pudessem ser usados, mas parece suficiente dizer que a mãe que busca a bênção do Senhor estará buscando crescimento em seus filhos – tanto físico quanto espiritual, e que quando o crescimento for notado, haverá nova instrução para sustentá-lo – túnicas pequenas de ano em ano!
A esposa Cristã tem sido considerada a ajudadora espiritual do marido e a mãe dos filhos. Nesta seção final ela é considerada, não tanto em um papel específico, mas do ponto de vista de certas coisas que devem caracterizar a esposa, de acordo com as Escrituras.
