Origem: Livro: Aos Pais de Meus Netos

Enoque

É um gozo passar do “sétimo depois de Adão” na linhagem de Caim para o “sétimo depois de Adão” na linhagem de Sete (Judas 14). A propósito, vocês já pararam para pensar por que o Espírito Santo, em um livro tão breve quanto Judas, deveria Se dar ao trabalho de apontar para nós o número de gerações de Adão a Enoque? A história de Enoque deve trazer conforto a qualquer pai Cristão hoje. Lemos: “E viveu Enoque sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém. E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Metusalém, trezentos anos e gerou filhos e filhas” (Gn 5:21-22).

Observe que não há registro de que Enoque andou com Deus por sessenta e cinco anos antes que o bebê Metusalém entrasse em cena. Aparentemente, foi aquela criancinha que levou Enoque a andar com Deus.

Vocês devem ter notado como a maioria dos jovens Cristãos são egoístas, não importa se são casados ou solteiros. O “eu”, o “eu” bom ou o “eu” mau, geralmente ocupa um lugar importante em seus pensamentos. “O que eu gostaria?” “Eu não quero fazer isso!” Quantas vezes ouvimos tais expressões! Quantas vezes nós mesmos as usamos! Mas quando as crianças começam a chegar, começamos um novo curso de aulas. O bebê está inquieto e não dorme. A mãe teve o filho o dia todo e agora é a vez do pai. Muitas horas caminhei pela casa com um de vocês em meus braços, quando de bom grado estaria dormindo em minha cama quente e aconchegante. Felizes os pais que podem andar com Deus, como eles andam pela casa com um bebê chorando e inquieto. Eles encontrarão aquelas temidas vigílias noturnas transformadas em comunhões celestiais, com seu melhor e mais querido Amigo. A casa silenciosa, quando todos estão dormindo, será exatamente o lugar onde seu Senhor e vocês podem caminhar juntos sem serem perturbados.

E quando o bebê, (como cada um de vocês fez por sua vez), desce à beira daquele rio frio e escuro, e aquela pequena vida, que se tornou mais preciosa para você do que a sua própria, parece prestes a se esvair, vocês aprendem uma das lições mais profundas que esta vida pode ensinar; a dizer com toda a sinceridade: “Seja feita a Tua vontade!”

Mas um livro pode ser escrito sobre as lições que aprendemos com nossos querido pequenos, com aquelas mãozinhas delicadas, cujo toque passa a significar tanto para nosso coração, ou aquelas vontades teimosas que se colocam em desafio contra nossa autoridade.

Não podemos falar mais dessas lições, apenas um pai as conhece e as entende, e suponho que apenas um pai pode entender verdadeiramente a história de Enoque. Parece ter sido escrita especialmente para nós, pais, e que cada um de nós descubra, como Enoque descobriu, que nossos queridos pequenos nos levam, ou nos impulsionam a andar com Deus, e nesta maravilhosa companhia possamos encontrar força e conforto para o nosso caminho como pais.

Aquele bebezinho, que parece ter sido o meio de fazer seu pai andar com Deus, deve ter observado aquele pai amado dia após dia em sua caminhada. Ele deve tê-lo ouvido proferir aquelas solenes profecias de julgamento vindouro, registradas para nós milhares de anos depois por Judas; e seu próprio nome Metusalém significa: “Quando ele morrer, isso acontecerá”. Tudo isso deve ter dado a ele esperanças e ambições muito diferentes das de seus primos, os filhos de Lameque.

“O que há em um nome?” tornou-se um provérbio em nossos dias; mas quanta significância estava envolvida no nome do filho de Enoque, para aqueles que tinham olhos para ver e ouvidos para ouvir. Por trezentos anos ele observou a caminhada consistente de seu pai, até que “não se viu mais, porquanto Deus para Si o tomou”; “o tomou” sem ver a morte, como aprendemos em Hebreus 11. Mas Metusalém viveu aqui abaixo, e ele sabia que, enquanto ele vivesse, o juízo não cairia. Seu próprio filho Lameque nasceu e viveu 777 anos (muito diferente do homem do último livro da Bíblia, cujo número é 666) e morreu, mas Metusalém, seu pai, viveu por mais cinco anos. Ele observou seu neto Noé (que significa “Conforto”) durante 600 anos de vida, ouviu o solene anúncio do juízo e viu a arca sendo preparada para salvar a vida de toda a família de seu neto, antes que finalmente ele, o homem mais velho que já viveu, saiu desta cena e preparou o caminho para o juízo que viria. Os 969 anos da vida de Metusalém são uma voz poderosa que clama àqueles que têm ouvidos para ouvir, falando-nos da paciência e longanimidade de Deus; esse juízo é Sua obra estranha, mas proclamando com igual clareza e precisão a certeza do julgamento vindouro.

Compare por um momento o lar desses dois patriarcas, cada um sétimo depois de Adão; um respirou o ar da Terra, o outro a atmosfera do céu. Um era culpado de haver causado morte, o outro nunca provou a morte.

Nós, pais, podemos muito bem desejar uma vida como a de Enoque como um exemplo a ser dado a nossos filhos. Não pode haver nada que os separe mais poderosamente deste mundo que jaz sob sua destruição iminente do que uma vida como esta.

Embora minha pena tenha ido muito além do que pretendia dizer sobre Enoque, gostaria de incluir as seguintes linhas que ligam esses Patriarcas, Enoque, Metusalém e Noé.

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