Origem: Livro: Aos Pais de Meus Netos
Josias
Josias tinha apenas oito anos quando começou a reinar, mas quando ainda era apenas um moço de quinze ou dezesseis anos, ele “começou a buscar o Deus de Davi, seu pai”. Aqui está outra história sobre a qual o Espírito Santo Se deleita em Se estender. Observe quanto espaço na Bíblia é dado a Josafá, Ezequias e Josias; e entenderemos o deleite do coração de Deus em encontrar um homem que verdadeiramente O buscasse. É um regozijo para o coração ver o jovem rei, quando o sacerdote Hilquias encontra o livro da Lei do Senhor perdido e esquecido por tantos anos, quando eles estavam limpando a Casa do Senhor e reparando-a. Josias nunca tinha visto ou ouvido falar disso antes. Essa era a condição a que Judá havia chegado; e que lição para nós. O Senhor havia dito muito antes: “Ponde, pois, estas Minhas Palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te e escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas, para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a Terra” (Dt 11:18-21). Mas nos dias de Josias e nos dias de seu pai, esse abençoado Livro foi tão negligenciado que nem o rei nem o sacerdote sabiam de sua existência. Não é de se admirar que a nação tenha se desviado. Uma nação sem a Bíblia não pode fazer mais nada, e uma família sem a Bíblia fará o mesmo. Meus filhos, esta é uma mensagem urgente para vocês. Isso é algo que muito me condena; mas vocês, queridos, ainda têm a oportunidade. Que o Senhor ajude vocês a tornar seus filhos mais familiarizados com a Bíblia do que nunca fiz com vocês. Sim, que aprendam a amar esse querido Livro, e que o escondam, não no pó e nas ruínas, como o povo de Jerusalém fez, mas em seu próprio coração. Mas são vocês, pais, que devem liderá-los (não coagi-los), a conhecer, amar e honrar este abençoado Livro.
Hilquias, o sacerdote, deu o Livro a Safã, o escriba, e este o levou ao rei, e o leu em voz alta; (assim como meus pais faziam conosco, até fazerem as histórias se tornarem vivas diante de nossos olhos); o rei, é claro, nunca tinha ouvido nada parecido com isso em sua vida, pois nunca tinha visto uma Bíblia antes. Qual foi o resultado? Ele rasgou suas vestes e chorou diante do Senhor (2 Cr 34:27). Mas ele fez mais, enviou Hilquias e Safã e alguns outros à profetisa Hulda. Talvez Hulda tivesse uma Bíblia, não sei, mas ela tinha uma triste e solene mensagem para o bom e jovem rei: “Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a mim: Assim diz o SENHOR: Eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá. Porque Me deixaram e queimaram incenso perante outros deuses, para Me provocarem à ira com toda a obra das suas mãos; portanto, o Meu furor se derramou sobre este lugar e não se apagará. Porém ao rei de Judá, que vos enviou a consultar ao SENHOR, assim lhe direis: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel, quanto às palavras que ouviste: Como o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as Suas Palavras contra este lugar e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante Mim, e rasgaste as tuas vestes, e choraste perante Mim, também Eu te tenho ouvido, diz o SENHOR. Eis que te ajuntarei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus habitantes” (2 Cr 34:23-28).
Tal era a triste, triste mensagem. Mesmo um rei como Josias, embora pudesse adiar o terrível castigo, não poderia evitá-lo. O arrependimento do rei e do povo de Nínive adiou o julgamento daquela cidade por muitos anos; mas o julgamento finalmente caiu. E Josias foi tirado do juízo vindouro, sendo ainda jovem, com apenas 39 anos; exatamente a idade em que Deus disse a Ezequias que ele deveria morrer. Quão melhor teria sido para Israel se Ezequias pudesse confiar em seu Deus; então Manassés nunca teria nascido. Pois Manassés foi na realidade a causa da queda final de Israel. Foi a vontade própria que foi a causa da morte de Josias. Ele estava determinado a lutar com Neco, rei do Egito. Deus o advertiu para não fazer isso, mas ele seguiria seu próprio caminho, como Ezequias antes dele, e ele “não deu ouvidos às palavras de Neco, que saíram da boca de Deus; antes, veio pelejar no vale de Megido. E os flecheiros atiraram no rei Josias; então, o rei disse a seus servos: Tirai-me daqui, porque estou gravemente ferido” (2 Cr 35:22-23). Ele morreu e todo o Judá e Jerusalém prantearam por Josias. E Jeremias lamentou por Josias.
Bem, eles podem prantear e lamentar, pois com a morte de Josias o tempo da história de Judá quase se esgotara. Deixamos apenas o triste, triste registro de seus filhos e netos. E a velha pergunta voltará: Por que um rei tão bom deveria ter filhos tão ruins? Suponho que a primeira resposta seja a vontade própria que deve ter agido com frequência antes, ou dificilmente teria sido repentinamente tão forte a ponto de causar a morte do rei. E a vontade própria é uma coisa muito sutil: muitos e muitos santos de Deus que se orgulham de sua santidade, na realidade estão andando em vontade própria. É gostar do meu jeito: e qual de nós pode se declarar “inocente” de tal acusação? Isso nos humilha a todos, e temos que admitir que seja a causa de muitas de nossas quedas. Não é uma lição fácil dizer com sinceridade: “não se faça a minha vontade, mas a Tua”!
Mas há, talvez, outra razão que nos é dada na Escritura, escondida, como tantas vezes acontece com os pecados dos santos, que quase nos envergonha expô-la. O profeta Sofonias profetizou durante o reinado de Josias: e ele tinha algo especial a dizer sobre os jovens príncipes, e também sobre os filhos do rei, (sobre aqueles muito jovens, que em pouco tempo se tornariam reis, e sobre suas irmãs também). “Hei de castigar os príncipes, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de vestidura estranha” (Sf 1:8). Estes são dias em que nossos jovens são muito tentados a se vestir com roupas estranhas. Mas eles farão bem, e seus pais farão bem, em lembrar que foi esse traje estranho que em parte foi a causa da terrível queda do Reino de Judá. A Tradução Brasileira traz: “trajes estrangeiros”, e vemos que, talvez 150 anos antes, Isaías havia advertido solenemente a Israel sobre o julgamento que viria porque “eles estão cheios do que vem do oriente” (Is 2:6 – JND). Entenderemos essas referências um pouco melhor se nos voltarmos para Ezequiel 23:14-17 – TB; onde descobrimos que Judá ficou encantado com as imagens dos homens da Assíria “pintados de vermelho; cingidos os seus lombos de cintos, tendo largas tiaras tingidas sobre as cabeças, todos príncipes no parecer, à semelhança dos filhos de Babilônia na Caldéia, terra do seu nascimento. Logo que os viu, apaixonou-se por eles, e mandou-lhes embaixadores à Caldéia. Vieram ter com ela os filhos de Babilônia”.
Vimos que o início da história de Israel em sua própria terra foi manchado por uma vestimenta babilônica (Js 7:21); como é estranho que, novamente, seja uma vestimenta babilônica que encerra essa história. Babilônia nos fala do mundo. É o mesmo lugar de Babel, que significa Confusão. E se trouxermos as coisas deste mundo para as coisas de Deus, só pode haver confusão. Nos primeiros dias da história de Israel, havia energia espiritual para afastar o mal; mas, infelizmente, mesmo nos dias de Josias, mesmo em sua própria família, não havia tal energia; e os filhos do rei usavam abertamente aquele estranho, aquele traje estrangeiro (escondido na tenda nos primeiros dias da história de Israel), mas agora corajosamente, abertamente usado, o distintivo e marca e prova de onde seu coração pertencia. E as roupas que nossos filhos usam são o distintivo, a marca e a prova de onde o coração pertence, se o que deveria ser seu ar nativo do céu ou do mundo e suas modas e caminhos. Infelizmente, o mundo encontrou um lar bem-vindo e pronto, no palácio do bom rei de Judá, e o julgamento deve cair. “Não sabei vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4:4). Deus chama tais “adúlteros e adúlteras”. Poderia a linguagem ser mais solene? Oh, meus filhos, como vocês amam seus pequeninos, deixem que essas verdades importantes penetrem profundamente em seu coração.
Não tentarei rastrear o naufrágio da casa de Josias. É muito triste, e vocês sabem disso tão bem quanto eu; ou vocês podem ler por vocês mesmos. Isso quase encerra a história de Israel e Judá. Mas ainda temos mais duas ou três histórias que podemos examinar, antes de encerrarmos essas meditações sobre o Velho Testamento.
