Origem: Livro: Jesus é Jeová
1. Jeová-Jesus, o Criador
No início da história da Igreja professa de Deus, surgiu uma controvérsia grave e significativa sobre a Pessoa de Cristo. Isso veio à tona no início do século IV. O imperador Constantino convocou um concílio em Niceia, na Bitínia, no ano 325. Um poderoso defensor da fé se apresentou na pessoa do grande Atanásio, mais tarde bispo de Alexandria, que foi usado por Deus para reverter o curso da reunião em favor de uma defesa intransigente da divindade absoluta de Cristo. Seu oponente era um certo Ário, presbítero na igreja de Alexandria. Como resultado da insistente negação da divindade de Cristo por esse último, o termo “arianismo” tornou-se sinônimo da blasfêmia de rebaixar o Cristo de Deus à estatura de uma criatura – “a maior das criaturas, mas não igual ao Pai” [1].
[1]  N. do A.: T. W. Carron, Christian Testimony Through the Ages, G. Morrish, Londres, pág. 50. ↑
Além de Atanásio, alguns dos outros eminentes pais da Igreja ao longo dos tempos mantiveram e ensinaram a divindade de Cristo. Entre esses, podemos listar Irineu, Crisóstomo e Agostinho[2].
[2]  N. do A.: Evangelical Quarterly, James Clark and Co. Ltd., Londres. Artigo do Prof. Dr. W. Childs Robinson, Columbia Theological Seminary, Decatur, Georgia, Vol. 5, págs. 275-282. ↑
Ao longo da história da Igreja, surgiram muitas seitas, partidos e denominações que eram de persuasão ariana, em oposição ao que é comumente chamado de “ortodoxia”, cuja palavra significa simplesmente “doutrina correta”. Hoje, o mais militante e agressivo de todos esses grupos arianos é aquele que leva o nome de “testemunhas de Jeová”. A organização atual é o desdobramento de um movimento iniciado há cerca de noventa anos por um C. T. Russell, mais tarde substituído por J. T. Rutherford e agora liderado por N. H. Knorr.
Pode-se dizer que todo o credo das “testemunhas de Jeová” é bifocal. As “testemunhas” selecionaram uma passagem da Escritura no Velho Testamento e uma passagem no Novo, às quais elas fazem referência frequente em suas discussões, pregações e propaganda. Gostaríamos de nos referir a Isaías 43:10-12, no Velho Testamento, e João 1:1-13, no Novo.
Antes de discutir as referências acima, gostaríamos de chamar a atenção para um dispositivo útil usado na familiar Bíblia King James [e em algumas versões em português]. Na tradução da palavra hebraica “Yahwe” ou “Jeová”, usam todas as letras maiúsculas e a traduzem como “SENHOR”[3]. Assim, sempre que lemos “SENHOR”, sabemos que a palavra em hebraico era “Jeová”, que significa “existência essencial – Autoexistente”. A palavra hebraica “Elohim” é consistentemente traduzida como “Deus” e significa “poder supremo, como na criação”.
[3]  N. do A.: Isso é indicado apenas no Velho Testamento. ↑
Tendo essas distinções em mente, vamos ler agora Isaías 43:10-12: “Vós sois as Minhas testemunhas, diz o SENHOR [Jeová], e o Meu servo, a quem escolhi; para que o saibas, e Me creiais, e entendais que Eu Sou o mesmo, e que antes de Mim deus nenhum se formou, e depois de Mim nenhum haverá. Eu, Eu Sou o SENHOR [Jeová]; e além de Mim não há Salvador. Eu anunciei, e Eu salvei, e Eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as Minhas testemunhas, diz o SENHOR [Jeová], Eu Sou Deus”.
Uma passagem paralela segue no capítulo 44: “Assim diz o SENHOR [Jeová], Rei de Israel, e seu Redentor, o SENHOR [Jeová] dos Exércitos; Eu Sou o Primeiro, e Eu Sou o Último; e fora de Mim não há Deus” (v. 6).
Agora o versículo 8: “Não vos assombreis, nem temais; porventura, desde então, não vo-lo fiz ouvir e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as Minhas testemunhas. Há outro Deus além de Mim? Não! Não há outra Rocha que Eu conheça”.
Lembre-se, ao lermos essas porções do profeta Isaías, de que não havia divisões de capítulos no documento original. Isaías está aqui ocupado em chamar a atenção de Israel para a loucura da idolatria. Se lermos o capítulo 45:11-12, encontramos: “Assim diz o SENHOR [Jeová], o Santo de Israel, Aquele que o formou: Perguntai-Me as coisas futuras; demandai-Me acerca de Meus filhos e acerca da obra das Minhas mãos. Eu fiz a Terra e criei nela o homem; Eu o fiz; as Minhas mãos estenderam os céus e a todos os seus exércitos dei as Minhas ordens”.
Agora, junte Isaías 37:16: “Ó SENHOR [Jeová] dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins; Tu és o Deus, Tu somente, de todos os reinos da Terra; Tu fizeste os céus e a Terra”.
Agora é tão claro, quanto a linguagem pode tornar claro, que Aquele que Se chama “o SENHOR [Jeová]”, além de Quem não há Deus, é Aquele que “fez a Terra e criou o homem sobre ela”. Da mesma forma, “as Minhas mãos estenderam os céus e a todos os seus exércitos dei as Minhas ordens”.
Vamos então nos voltar para o Novo Testamento para obter esclarecimento que Esse “SENHOR [Jeová]” é Aquele que “fez a Terra e criou o homem sobre ela” e “estendeu os céus”.
Em João 1:13, nos encontramos no segundo ponto central do esforço das “testemunhas de Jeová” para rebaixar o Cristo de Deus ao status de criatura. Está escrito: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez”.
Colocando, então, aquelas declarações de Isaías ao lado das de João, temos o seguinte paralelo surpreendente: “Assim diz o SENHOR [Jeová]… Eu fiz a Terra e criei o homem sobre ela… as Minhas mãos estenderam os céus e a todos os seus exércitos dei as Minhas ordens” (Is 45:11-12).
“Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3).
Certamente, qualquer um que ler as citações acima com imparcialidade, se sentirá compelido a concluir que
Jesus é Jeová
Assim, podemos ver que as duas principais citações bíblicas da propaganda das “testemunhas de Jeová” são mutuamente destruidoras do ataque ariano das “testemunhas” à Pessoa de Cristo. Que o Criador da Terra e do homem sobre ela foi obra do “Logos”, a “Palavra”, o “Cristo de Deus”, é tão inequívoco que nada menos do que uma cega obsessão por uma racionalização inspirada pelo arianismo pode impedir enxergá-la e reconhecê-la.
Como mais um atestado do poder de criação de Jesus, observemos os seguintes paralelos. Vamos comparar Jeremias 10:10-16 com Colossenses 1:12-17:
“Mas o SENHOR [Jeová] Deus é a verdade; Ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno [Rei da eternidade – JND]… Ele fez a Terra pelo Seu poder, Ele estabeleceu o mundo por Sua sabedoria e com a Sua inteligência estendeu os céus… SENHOR [Jeová] dos Exércitos é o Seu nome”.
“Dando graças ao Pai… que… nos transportou para o Reino do Filho do Seu amor… o Qual é a imagem do Deus invisível… porque n’Ele foram criadas todas as coisas, que há nos céus e na Terra, visíveis e invisíveis… Tudo foi criado por Ele, e para Ele: E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”[4].
[4]  N. do A.: “Em Colossenses 1:15-17, a tradução das “testemunhas de Jeová” falsifica o que Paulo originalmente escreveu, elas declaram ‘O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as outras coisas que há nos céus e na terra… Todas as outras coisas foram criadas’ Aqui, até o versículo 17, a palavra ‘outras’ foi inserida injustificadamente quatro vezes. Não está presente no grego original e foi obviamente usado pelos tradutores para fazer a passagem se referir a Jesus como estando no mesmo nível das outras coisas criadas” (Bruce M. Metzer, “Jehovah’s Witnesses and Jesus Christ” Theology Today, April 1953, Princeton, New Jersey, pág. 76). ↑
O apóstolo Pedro fala daqueles que “torcem… a… Escritura, para sua própria perdição” (2 Pe 3:16). Nenhum exemplo melhor dessa verdade poderia ser dado do que citar a maneira pela qual as “testemunhas de Jeová” torcem a Escritura em sua tradução falaciosa[5] de João 1:1. Afirmando: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era um deus”.
[5]  N. do T: Falácia significa erro, engano ou falsidade. Uma ideia errada que é transmitida como verdadeira, enganando outras pessoas, normalmente relacionada à falta de honestidade. ↑
A inserção injustificada e gratuita do artigo indefinido antes da palavra “deus” na terceira parte dessa frase mostra um total desrespeito ao contexto e, além disso, está em desacordo com a melhor erudição da época, tanto católica quanto protestante. Nenhuma das respeitáveis traduções que apareceram nos últimos cem anos teve a irreverente audácia de inserir o artigo indefinido e, assim, traduzir “um deus”. Parece que as “testemunhas” obtiveram sua sugestão para esse vulgarismo a partir de Emphatic Diaglott, de Benjamin Wilson, publicado em 1864, uma obra cheia de erros grosseiros e deturpações. Em 1926, a tradução de Wilson encontrou um rival em outra obra de semelhante caráter irresponsável, The Concordant Version of the Sacred Scriptures, de Adolph E. Knock, de Los Angeles. Ambos se tornaram muito populares entre as “testemunhas” porque ambos estavam de acordo em negar a divindade de nosso Senhor[6].
[6]  N. do A.: Para uma discussão mais completa da interpretação falaciosa de João 1:1, veja Jehovah of the Watchtower por Martin and Klann, Zondervan, Grand Rapids, Michigan, 1956, págs. 50-54. ↑
Agora, tendo corrompido essa afirmação de que Cristo é Deus e tendo reduzido-O ao nível de “um deus”, as “testemunhas” estão dispostas a aceitá-Lo como o criador de todas as coisas. Mas veremos, à medida que seguimos em nosso estudo, que tal visão está em obstinada contradição com muitas outras declarações sobre a Pessoa de nosso Senhor.
Não, a Palavra de Deus é cristalina:
Jesus-Jeová é o Deus Criador
