Origem: Livro: O Divino Terreno de Reunião
O Substituto
Vimos que o carneiro foi oferecido em lugar de Isaque. É assim que a obra do Calvário está consumada e olhamos para trás agora e vemos essa obra acabada. Nosso coração se volta para Aquele que morreu por nós no Calvário. Eu creio que, à medida que seguimos a Palavra de Deus, a linha de pensamento de sermos reunidos pelo Espírito de Deus, de acordo com a Palavra de Deus, sempre estará diante de nós, que Aquele que fala ao nosso coração é Aquele que foi “travado pelos seus chifres, num mato” e que foi oferecido em seu lugar e no meu.
Há uma coisa notável no versículo 19 do nosso capítulo. Lemos: “Então Abraão tornou aos seus moços”. Nenhuma menção é feita a Isaque. Ora, sabemos pelo relato, que Isaque não foi oferecido. Eu acredito que Isaque voltou com Abraão, mas Deus está trazendo uma figura diante do seu coração e do meu. Assim, em figura, Abraão retorna sozinho. O filho tinha sido oferecido, em figura, naquele carneiro que morreu no altar como sacrifício – o holocausto a Deus.
Gostaria de voltar agora em Gênesis 21:12: “Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência”. Observe estas palavras: “Porque em Isaque será chamada a tua descendência”!
Agora vamos a Hebreus 11:17-19: “Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar. E daí também, em figura, ele o recobrou”.
A segunda dobra do cordão
A segunda dobra do cordão que encontramos neste admirável capítulo é o esboço, em figura, do homem de fé. Abraão era um homem de fé. Em Hebreus 11, temos vários indivíduos mencionados, e o que caracterizou aqueles que são mencionados é que eles viveram pela fé. A fé que é mencionada em Hebreus 11 e é trazida diante de nós aqui no caso de Abraão não é tanto a fé que salva, mas é a fé pela qual vivemos. É a fé que confia em Deus e conta com Suas promessas e age de acordo com elas. Então, encontramos em Gênesis 21 que Abraão recebeu uma promessa. A promessa era que “em Isaque será chamada a tua descendência”. Abraão deveria ver netos e bisnetos por meio de Isaque. Ele iria ver uma nação levantada que Deus havia prometido a ele. E essa seria por meio de Isaque.
Agora chegamos a Gênesis 22:2. Deus disse para Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi”. “Porque em Isaque será chamada a tua descendência”! Agora Deus diz a Abraão para ir e oferecer Isaque como sacrifício – como holocausto. Abraão acreditou na promessa de Deus?
A resposta não é encontrada diretamente em Gênesis 22. Ela é encontrada no que ele fez, mas em Hebreus 11 é encontrada no que ele pensava. Em Gênesis 22, o homem de fé mostra que creu em Deus. Ele se levanta de manhã cedo e toma Isaque, seu filho, e eles seguem para aquela montanha que Deus lhe mostrou, e lá ele amarra seu filho para colocá-lo sobre o altar – o sacrifício. Então descobrimos que a fé é respondida e, como já notamos, há um substituto para Isaque. O resultado é que Isaque é libertado, ele não precisou morrer. O homem de fé creu na promessa e agiu de acordo com ela, e ao agir com fé, isso o levou ao lugar onde viu o “carneiro… travado pelos seus chifres, num mato”. Ele creu em Deus e recebeu instrução de Deus. As dificuldades foram superadas pela fé, e ele termina chamando o nome do lugar Jeová-Jiré (TB) – O SENHOR Proverá.
Amados irmãos, se for para estarmos no lugar da escolha do Senhor – se for para estarmos onde o Senhor gostaria que estivéssemos de acordo com Sua Palavra – deve haver, em primeiro lugar, a resposta do coração que corresponde a esse amor anunciado no Calvário. Deve então haver fé para agir com base nas promessas de Deus, porque estar no lugar da escolha do Senhor não será fácil, mas certamente será algo abençoado.
Em Hebreus 11, somos informados de que Abraão considerou que Deus era poderoso para ressuscitar Isaque dentre os mortos. Deixe-me colocar desta forma: Abraão pensou em seu coração: Deus me deu uma promessa. Assim, se Deus quiser que eu mate meu próprio filho, eu o farei, porque tenho uma promessa de Deus e, se necessário, Deus pode ressuscitá-lo dentre os mortos. Você e eu também recebemos promessas, amados irmãos. Recebemos promessas, e a fé se apodera das promessas de Deus e age de acordo com elas. Portanto, vemos neste capítulo uma bela imagem do homem de fé que crê em Deus, age de acordo com isso e vive para dizer: “O Senhor proverá”.
A terceira dobra do cordão
Gostaria agora de olhar para a terceira dobra que é trazida diante de nós neste capítulo. É a maneira mais admirável pela qual Abraão é levado ao topo de uma montanha, onde havia um “carneiro… travado pelos seus chifres, num mato”. Você pode ver que diz no primeiro versículo: “Deus tentou [ou provou] Abraão”. Ele estava testando Abraão e disse-lhe: “Abraão: e ele disse: Eis-me aqui”.
Vemos a resposta de Abraão ao primeiro teste; o Senhor quer falar com ele. Abraão quer ouvir? Algumas vezes vocês se encontram com queridos filhos de Deus que amam o Senhor Jesus com seriedade e sinceridade. Mas quando vocês procuram trazer diante deles a verdade do um só corpo de Cristo e de estar reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo e somente ao Seu nome e agir baseado na verdade do um só corpo, eles muito rapidamente lhe dão a entender que realmente não querem ouvir.
Bem, o homem de fé diz: “Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi”. Quantas montanhas havia na terra de Moriá? Não faço ideia, mas sei que Deus tinha uma montanha em mente para onde Abraão deveria ir. Foi muito precioso para eu meditar sobre este capítulo ao perceber que, se Abraão tivesse ido para qualquer outra montanha, ele não teria encontrado um “carneiro travado pelos seus chifres, num mato”. Havia uma para a qual o Senhor queria levá-lo, mas havia um custo envolvido! Estaria Abraão preparado para pagar o preço? Significava oferecer o que era muito querido e precioso para si mesmo, seu filho a quem ele amava.
Isso acontece com os queridos filhos de Deus enquanto Ele procura levá-los ao topo daquela montanha, onde podem ver o carneiro e, em adoração, oferecê-lo. Muitas vezes, isso significa um sacrifício que pode ser muito difícil. Às vezes, pode significar estar separado de entes queridos, separado dos pais, separado de irmãos e irmãs, às vezes de filhos que não veem as coisas da maneira que você vê.
A pergunta que foi feita a Abraão aqui, em figura, foi: Há um lugar, mas você vai pagar o preço? E a resposta de Abraão foi: “levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera”. Ele queria estar lá. Ele estava disposto a ir; ele sinceramente queria ir. Ele estava disposto a pagar o preço, e então foi para o lugar, mas ele ainda não o tinha visto.
Então, lemos no versículo 4, “Ao terceiro dia, levantou Abraão os seus olhos e viu o lugar de longe”. “Levantou os olhos”! Como isso é precioso! Encontraremos isso mencionado novamente mais adiante neste capítulo. Para que pudesse ver o lugar, e era uma montanha, Abraão teve que levantar seus olhos! Se ele olhasse em volta, tudo o que veria seria a planície, mas havia uma montanha, um lugar, onde o Senhor queria que ele estivesse!
O “terceiro dia”
Além disso, esse versículo nos diz que foi no terceiro dia. Notaremos, ao examinarmos esse assunto mais detalhadamente, com que frequência aparece o “terceiro dia” em conexão com o Senhor nos levando para o lugar onde Ele gostaria que estivéssemos. O “terceiro dia” traria diante de nós a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, porque é somente quando conhecemos aquela preciosa verdade de que Jesus morreu por nós e ressuscitou dos mortos, que a obra do Calvário está consumada, que somos vistos como mortos e ressuscitados com Ele, que seremos capazes de ver o lugar para onde o Senhor gostaria de nos levar.
Os moços – a energia da carne
“E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós”. Àquele lugar onde o Senhor estava levando Abraão, os moços não tinham mais aceitação do que tinha o jumento mudo, o animal impuro. Irmãos. Creio que o pensamento dos moços trazem diante de nós o pensamento da energia da carne, aquela característica da juventude que nos faz sentir que talvez que há muitas coisas a se fazer, pois somos jovens, fortes, saudáveis, capazes de fazer muito. Mas ao irmos para esse lugar, não há espaço para a carne ali. Ela deve ser deixada com o jumento mudo – o animal imundo. Ele não tem mais valor, não tem mais direito ao lugar onde o Senhor estava levando Abraão do que tinha o jumento.
Os moços são deixados para trás. As vezes penso, queridos jovens irmãos, que isso é uma das coisas que é uma armadilha que impede que vocês vão adiante. Vocês sabem, queridos jovens, vocês também terão que deixar muitas coisas para trás, se quiserem desfrutar do precioso privilégio de estar no lugar que o Senhor escolheu para vocês.
Às vezes, queridos jovens chegam ao ponto em que sentem que realmente veem o lugar onde o Senhor gostaria que estivessem, mas não querem deixar os “moços”. Eles não querem deixar seus companheiros jovens e aquelas coisas que apelam para a carne. Não querem deixar essas coisas para trás e colocá-las no lugar do jumento impuro. Decidem se agarrar a essas coisas. Eles não vão mais longe, e, amados irmãos, isso é uma tragédia.
Abraão, o homem de fé, deixa os moços para trás, e então encontramos no versículo 9: “E chegaram ao lugar de que Deus lhe dissera” (ACF). Que grande privilégio! Abraão havia viajado, estava disposto a pagar o preço pela graça de Deus, e ele foi levado, finalmente, ao topo da montanha. Com os moços deixados para trás e o jumento deixado para trás, ele havia chegado ao lugar que Deus lhe havia dito.
Ora, eu submeto à apreciação de vocês que este capítulo não foi escrito simplesmente como um esboço da história de Abraão. A Palavra de Deus diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm 15:4). Aqui temos uma lição muito preciosa. Os moços são deixados para trás; o jumento é deixado para trás, e o homem de fé vem, conduzido passo a passo, com toda a direção de Deus, para o lugar do qual Deus lhe havia dito.
