Origem: Livro: O Lar Cristão e seus Deveres

Esposas

“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a Cabeça da Igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef 5:22-24).

“Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor” (Cl 3:18).

“Pra que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem [a se apegarem ao – JND] seus maridos, a amarem [a se apegarem aos – JND] seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seu marido, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada” (Tt 2:4-5).

“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso próprio marido, para que também, se algum não obedece à Palavra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra, considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1 Pe 3:1-4).

“Teu desejo será para teu marido, e ele te dominará” (Gn 3:10).

O primeiro relacionamento que nos é apresentado, tanto em Efésios quanto em Colossenses, é o da esposa. Todas essas exortações, de fato, começam com aqueles de quem a submissão é requerida. Como alguém disse: “Este é o caráter do Cristianismo em nosso mundo maligno, no qual a vontade do homem é a fonte de todo o mal, expressando seu afastamento de Deus, a Quem toda submissão é devida. O princípio da submissão e da obediência é o princípio de cura da humanidade; só Deus deve ser trazido a ele para que a vontade do homem não seja o guia, afinal. Mas o princípio que governa o coração do homem no bem, é sempre e em toda parte a obediência. Devo ter que dizer que Deus deve ser obedecido em vez do homem; mas afastar-se da obediência é entrar em pecado. Como pai, um homem pode ter que comandar e dirigir; mas ele faz mal se não o fizer em obediência a Deus e à Sua Palavra. Esta era a essência da vida de Cristo: ‘Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade’.

Consequentemente, o apóstolo começa suas exortações, no que diz respeito aos relacionamentos, dando o preceito geral: “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5:21). Deve-se observar que a leitura correta é “no temor de Cristo” (JND). Portanto, é de acordo com uma ordem divina que aquele que deve submissão nos relacionamentos, em cada um dos casos, deva vir em primeiro lugar; e, consequentemente, as esposas são tratadas antes dos maridos.

“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vosso marido, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a Cabeça da Igreja, sendo Ele próprio o Salvador do corpo. De sorte que, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido” (Ef 5:22-24). Será visto nesta Escritura que a posição da esposa é de sujeição. Dizemos “posição” porque, como o leitor atento perceberá, a exortação é baseada no caráter do relacionamento. A esposa é de fato ordenada à sujeição, mas é com base no lugar que ela ocupa. Isso foi um tanto obscurecido pela inserção de duas palavras na tradução. Lemos: “assim como a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seu marido”; mas omita as palavras “sejam” e “sujeitas”, que foram introduzidas, como indicam os itálicos na versão King James e a ausência delas na versão J. N. Darby, temos então uma simples declaração de fato: “Assim como a Igreja está sujeitada a Cristo, assim também as mulheres a seus próprios maridos em tudo” (JND). É importante notar isso, porque a sujeição, que aqui é ordenada à esposa, é vista como aquela que deve fluir da posição em que ela está colocada – o fruto natural do relacionamento. Em outras palavras, a sujeição ao seu marido não é deixada à escolha da esposa, mas deve ser prestada por causa de seu lugar relativo. É este fato que o Espírito de Deus traz à nossa atenção.

1) A lei, então, da esposa é a vontade de seu marido; ou melhor, ela é colocada no lugar de sujeição à sua autoridade. Parece haver uma limitação a essa afirmação, indicada pelas palavras encontradas em Colossenses: “Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor” (Cl 3:18). Se, portanto, a vontade do marido interferir na responsabilidade individual da esposa para com o Senhor – entrar em conflito com a vontade do Senhor, conforme expressa em Sua Palavra – se a alternativa for forçada sobre ela de obediência ao marido ou obediência ao Senhor, então o Senhor deve ter a reivindicação suprema. Com essa única exceção, a sua submissão ao marido deve ser completa. “De sorte que, assim como a Igreja está sujeitada a Cristo, assim também as mulheres a seu próprio marido, em tudo”. Portanto, não pode haver nenhuma exceção permitida além da que foi citada.

A base disso está na natureza do relacionamento: “porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja”. A comparação é assim traçada – sendo um o tipo ou figura do outro – entre a união de marido e mulher e a união de Cristo e a Igreja; e, consequentemente, entre a posição da esposa, por um lado, e a posição da Igreja, por outro. E se nos voltarmos por um momento para o que pode ser chamado em um aspecto, a instituição original do casamento, podemos ver quão notavelmente o mistério da Igreja foi prenunciado. “Então, o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem formou (edificou) uma mulher; e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa [“Isha”, em hebraico], porquanto do varão [“Ish”, em hebraico] foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2:21-24). Quem pode deixar de ver que, nessa figura, Cristo, o último Adão e a Igreja estavam diante da mente do Espírito de Deus? Tão claramente nos fala daquele sono mais profundo, da morte de Cristo e da formação da Igreja, por assim dizer, tirada de Seu lado. De fato, continua até o tempo mencionado em Efésios 5:27, quando a Igreja “será trazida ao Homem”, e quando Ele, na complacência de Seu perfeito amor pela noiva que “brotou” para Seu próprio gozo, a reconhecerá como “osso dos Meus ossos e carne da Minha carne” (Gn 2:23; Ef 5:30 JND).

A esposa, portanto, ocupa o mesmo lugar em relação ao marido que a Igreja em relação a Cristo; e, portanto, sua posição, como antes dito, é de sujeição. E pode ser necessário observar que o lugar dela não é de forma alguma afetado pelo caráter do marido. É bem verdade que sua posição pode, em muitos casos, tornar-se extremamente difícil. Por exemplo, uma esposa Cristã, convertida após o casamento, pode ter um marido ímpio e que torna sua vida tão miserável quanto possível pelo mal que há no coração dele; ainda assim, seu lugar permanece intocado por essa ou qualquer outra circunstância; e quanto mais difícil for a submissão, mesmo pela ausência de afeição por parte do marido, ou de características de caráter que exigiriam o respeito dela, mais cuidadosa ela deve ser para ocupar seu lugar em fidelidade ao Senhor. Assim como nossos deveres para com os reis, “as autoridades que há”, são totalmente independentes do caráter pessoal daquele que ocupa tal posição, o dever de uma esposa para com o marido nunca é alterado pelo caráter dele.

Pode parecer a alguns como se o dever da esposa, como assim explicado, fosse uma das palavras mais difíceis de receber. E para a natureza, sem dúvida, muitas vezes seria impossível. Mas observe a provisão feita para isso na Palavra: “Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor”. Assim, o próprio Senhor é trazido diante da mente da esposa; e todos nós sabemos que as coisas que em si são cansativas e de fato intoleráveis são tornadas leves e alegres quando feitas para o Senhor. Então, no caso suposto, se a esposa mantiver o Senhor diante dela – ela vê o Senhor como se estivesse atrás de seu marido – ela achará a obediência fácil às ordens mais irracionais dele, porque então receberá tudo do Senhor.

Se, no entanto, “um marido ordenasse o que seria positivamente pecaminoso, então imediatamente a esposa aprende que não está presa, porque é dito que a sujeição ao marido é como ao Senhor. O Senhor nunca consentiria com o que é pecaminoso. Ele pode me colocar na peneira, e eu posso não entender a princípio o bem ou a necessidade disso; mas a fé constantemente encontra sua força e orientação na sabedoria do Senhor – em confiar n’Ele, e não na minha sabedoria para entendê-Lo. Mas temos que nos vigiar com muito cuidado neste assunto. Onde quer que haja a menor tendência a sair do caminho da submissão, temos que procurar e ver se somos sábios de acordo com Deus.

A natureza nunca gosta de se submeter. E onde quer que haja o perigo de alegar a verdade de Deus para qualquer ato que possa parecer uma falta de submissão à autoridade de outro, preciso me vigiar com maior zelo do que em qualquer outra coisa”.

2) A Escritura também aponta a maneira pela qual a esposa deve se comportar em relação ao marido. Assim, “a mulher reverencie o marido” (Ef 5:33). Pedro, da mesma maneira, fala do “vosso honesto comportamento cheio de temor” (1 Pe 3:2 – ARA). A palavra “temor” é a mesma que é traduzida como “reverência” em Efésios, e ensina que deve haver um reconhecimento, manifestado no comportamento, da posição que o marido ocupa na ordem e determinação de Deus. Não há pensamento de pavor escravo, mas simplesmente a reverência amorosa que procura agradar e teme ofender. Isso, de fato, surgirá naturalmente nela dando ao marido seu verdadeiro lugar – seu lugar como sua cabeça; e, portanto, ao render-lhe reverência, ela engrandece também a determinação de Deus.

É em tal esposa que, “o coração do seu marido está nela confiado. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida”. E ele será, assim, levado a confessar que, “O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a benevolência do SENHOR” (Pv 31:11-12; Pv 18:22).

3) A Escritura também não é silenciosa quanto à bênção relacionada à aceitação fiel da verdadeira posição da esposa. O apóstolo Pedro, ao escrever sobre esse assunto, especifica o caso mais difícil de todos – o de uma esposa Cristã que tem um marido incrédulo. Não se deve supor que ele consinta com o casamento de um crente com um incrédulo. Isso é proibido, tanto expressamente quanto implicitamente (veja 1 Co 7:39; 2 Co 6:14-18); mas na Igreja primitiva deve ter acontecido continuamente que esposas convertidas – isto é, esposas convertidas após o casamento – se viam ligadas a maridos incrédulos e idólatras. (Veja 1 Co 7:10-16.) É desse grupo que o apóstolo fala quando diz, “Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso próprio marido, para que também, se algum não obedece à Palavra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra, considerando a vossa vida casta, em temor”. (1 Pe 3:1-2). Isso equivale quase a uma promessa de que a sujeição amorosa, a caminhada Cristã consistente e a pureza de vida serão abençoadas para a conversão de maridos ímpios; ou, se não tanto quanto isso, é pelo menos uma afirmação de que tal é o meio designado por Deus para trazer a verdade diante da mente e consciência deles. E o que, de fato, poderia ser mais eficaz do que a constante apresentação silenciosa de Cristo a um incrédulo durante a caminhada e a vida? É digno de particular observação que o apóstolo não pressiona à esposa a exortar seu marido a receber a verdade. É “sem palavra” que o marido deve ser conquistado – pela conduta (andar, comportamento, atitude, todo o modo de vida) da esposa. A razão é clara. A exortação seria a presunção de uma posição superior, esquecendo que o marido é a cabeça da esposa e, portanto, incompatível com a posição da esposa. Mas a beleza calma de uma vida refletindo, no poder do Espírito, gentileza, mansidão e humildade de Cristo, constituiria, na ordem e bênção de Deus, um apelo muito mais poderoso do que suas palavras, e provaria que os meios eficazes, talvez fosse a chance de ele ser trazido das trevas para a maravilhosa luz de Deus.

4) Existem outras direções para as quais se faz necessária uma advertência para uma visão completa do assunto; pois não podemos com segurança negligenciar uma única palavra que Deus, em Sua terna misericórdia, Se agradou em conceder para nossa orientação, durante o pouco tempo em que estamos esperando o retorno de nosso Senhor.

a) A primeira delas é quanto ao vestuário. O apóstolo prossegue assim: “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura de vestes, mas o homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1 Pe 3:3-4). Em total concordância com isso, pois é a mente do mesmo Espírito, Paulo escreve: “da mesma maneira as mulheres, em comportamento e em vestidos decentes, se adornem com modéstia e discrição, não com cabelo franzidos e ouro, ou pérolas, ou vestidos caros, mas aquilo que convém às mulheres que professam o temor de Deus, por boas obras” (1 Tm 2:9-10 – JND). Em ambos as passagens, reconhece-se a tentação que tantas vezes se apresenta à mente de uma esposa – de parecer tão bonita quanto possível aos olhos de seu marido e, ao mesmo tempo, estimular e alimentar a vaidade pessoal por adornos externos e vestes caras.

Ora, às vezes é dito que essas questões de adornos e vestes são deixadas para a consciência individual; mas é difícil entender tal linguagem à luz dessas precisas orientações. É bem verdade que, quando o coração está satisfeito com Cristo, pode não haver necessidade de sua aplicação; mas, se for esse o caso, o menor conhecimento das assembleias de Deus revela o humilhante fato de que elas são compostas de um número imenso de pessoas cujo coração não está assim satisfeito. Nada pode ser mais triste do que a cena que muitas vezes é apresentada à mesa do Senhor. Quando estamos assim reunidos pelo Espírito de Deus, é para anunciar a morte do Senhor até que Ele venha (1 Co 11:26). E certamente, ao nos lembrarmos d’Ele na morte, somos lembrados também de que por Sua cruz o mundo está crucificado para nós e nós para o mundo (Gl 6:14). Que contradição, portanto, se alguns, esquecidos do caráter já julgado da cena pela qual estamos passando, aparece lá com traços evidentes do Egito sobre eles. E como é doloroso para o próprio Senhor ver aqueles que estão professamente fora do arraial carregando Seu opróbrio, com tantos sinais externos de mundanismo no vestuário e ornamentos – evidências de estarem praticamente “vivos no mundo”, o que quer que seja verdade para eles diante de Deus.

Não é recomendável negligenciar o vestuário, ou mesmo o adorno; por outro lado, deve-se prestar atenção a isso, mas de acordo com a Palavra de Deus. Assim, Paulo diz que as mulheres devem se adornar com roupa decente; isto é, veste “moderada”, “bem ordenada”. Vestes que sejam do tipo condizente com o “espírito manso e quieto”, de modo que possa haver adequação entre o vestido e o caráter. Ornamentos também são permitidos; mas eles devem ser feitos, não de ouro ou pérolas, mas de boas obras, “como convém às mulheres que fazem profissão de temer a Deus” (JND). Todas as passagens que tratam desse assunto exigem a consideração, em oração, de todas as esposas Cristãs; e os resultados certamente seriam para a glória do Senhor em um testemunho exterior mais distinto do lugar da rejeição (em comunhão com os sofrimentos de Cristo) e da separação para a qual fomos chamados pela graça de nosso Deus.

b) Outra direção, especialmente para as esposas jovens, é de que elas devem ser “diligentes nos trabalhos da casa” (Tt 2:5 – JND), ou, de acordo com a versão Almeida corrigida, “boas donas de casa” (???). O significado em ambos os casos é o mesmo; pois as esposas são lembradas de que sua esfera de serviço é o lar e que nenhum trabalho ou prazer deve interferir em sua posição doméstica. Foi Deus Quem lhes deu o lar como seu campo de trabalho; e, portanto, é uma questão de fidelidade a Ele que elas o ocupem diligentemente.

c) Outras orientações especiais não precisam ser detalhadas; mas combinadas com as passagens anteriores, elas apresentam o padrão divino para a esposa; portanto, toda mulher Cristã que ocupa essa posição usará essas passagens especiais como seu espelho, e nunca é demais olhar para ele. Essa é uma esfera maravilhosa que a esposa é chamada a preencher; e ocupar-se com ela, em obediência à Palavra “como ao Senhor”, é a única coisa que lhe é dada a fazer. Salomão fala assim de tal esposa:

“A força e a glória são as suas vestes,
E ri-se do dia futuro.
Abre a boca com sabedoria,
E a lei da beneficência está na sua língua.
Olha pelo governo de sua casa
E não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada;
Como também seu marido, que a louva, dizendo:
Muitas filhas agiram virtuosamente,
Mas tu a todas és superior”.
(Pv 31:25-29 – ACF)

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