Origem: Revista O Cristão – O Dia do Senhor
Esperando por Cristo
Com os tessalonicenses, a única esperança deles era a vinda de Cristo; eles estavam esperando por isso, como se fosse a qualquer dia. Porém, enquanto esperavam, alguns haviam sido removidos do meio deles pela morte, e eles não parecem ter compreendido que seus irmãos que haviam partido seriam ressuscitados para participar de sua alegria na vinda de Jesus. É neste ponto que o apóstolo agora os instrui. Quanto aos que dormiram, não deveriam se entristecer, como outros que não tinham esperança.
“Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com Ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor (fazendo disso algo novo, uma revelação especial): que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os (não iremos antes dos) que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4:14-17).
O apóstolo usa essa esperança para procurar aperfeiçoar o que faltava na fé deles. Eles já sabiam que o Filho de Deus deveria voltar do céu e que, ao voltar, reinaria sobre o reino prometido a Ele desde tempos antigos. Era por isso que eles estavam esperando desde o dia de sua conversão. Agora Paulo lhes diz que seus irmãos adormecidos devem participar da glória daquele reino vindouro e que, longe de perderem qualquer coisa por terem partido, sua ressurreição será o primeiro evento relacionado à descida de Cristo. Os santos ressuscitados e aqueles que permanecerem vivos serão arrebatados juntos. O local do encontro será nos ares. Tais são as verdades adicionais contidas nesta passagem de importância transcendental. Certamente não há nada aqui que coloque à distância a esperança da vinda de Cristo. “NÓS, os que ficarmos vivos”, colocados em contraste com “os que dormem” sugeriria qualquer coisa menos a ideia de um intervalo necessário e inevitável de séculos antes que seja possível para esse evento ocorrer! A linguagem usada só pode corresponder à firme convicção de que podemos estar vivos, e com o desejo de estarmos vivos, quando o Senhor Jesus descer.
As duas partes de Sua vinda
Mas isso não é tudo. Depois de consolar os tessalonicenses e exortá-los: “consolai-vos uns aos outros com estas palavras”, ele prossegue dizendo: “Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva”. Eles precisavam ser instruídos sobre os pontos que acabavam de tratar – a ressurreição dos santos adormecidos e sua ressurreição com aqueles que estão vivos para encontrar o Senhor nos ares – essas eram novas verdades, das quais até agora ignoravam. Mas dos tempos e das estações não havia necessidade de escrever para eles. Por quê? “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão”. Aqui entramos em outro assunto. A descida do Senhor Jesus nos ares, e a trasladação da Igreja para encontrá-Lo ali, é uma coisa. O dia do Senhor, e Sua vinda sobre os ímpios como ladrão de noite, é outra coisa. A primeira é tudo brilho e alegria; a outra é tudo escuridade, trevas e terror. Os tessalonicenses tiveram que receber uma nova revelação por meio do apóstolo para familiarizá-los com o primeiro assunto; com o último assunto, eles já estavam familiarizados, sem dúvida, pelas Escrituras do Velho Testamento, bem como com o ministério entre eles do apóstolo e seus companheiros.
O dia do Senhor
“O dia do Senhor” é uma frase que ocorre com frequência no Velho Testamento e sempre se refere à execução do juízo sobre a Terra. Em seu sentido pleno, sem dúvida, implica o dia ainda futuro da presença real do Senhor para executar juízo sobre os ímpios e estabelecer, com poder, o Seu próprio domínio sobre a Terra. Pode ser usada em alguns casos de notáveis intervenções de Deus em juízo, onde a presença direta do Senhor não está incluída no significado da frase. Ainda assim, mesmo nesses casos, temos figuras e amostras do que será o dia do Senhor, em seu sentido pleno e absoluto. E onde quer que ocorra, a frase está conectada ao juízo. “Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido” (Is 2:12), “Ai do dia! Porque o dia do SENHOR está perto, e virá como uma assolação do Todo-Poderoso” (Jl 1:15). “O dia do SENHOR vem, já está perto; dia de trevas e de escuridão; dia de nuvens e densas trevas, como a alva espalhada sobre os montes” (Jl 2:1‑2). “Não será, pois, o dia do SENHOR trevas e não luz, e escuridão, sem que haja resplendor?” (Am 5:20). Tal é a força dessa expressão no Velho Testamento. No Novo, é semelhante. “Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do Homem no seu dia” (Lc 17:24). Noé, o dilúvio, Ló e o incêndio de Sodoma são mencionados, e é dito: “Assim será no dia em que o Filho do Homem se há de manifestar” (v. 30).
Reunindo Seus santos e ferindo Seus inimigos
Pedro, no dia de Pentecostes, fala desse “grande e glorioso dia do Senhor”. O próprio Senhor advertiu Seus ouvintes dizendo: “acautelai-vos” para que aquele dia não os surpreenda. “Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra” (Lc 21:35). Não precisamos fornecer mais evidências sobre o significado da frase “o dia do Senhor”. Em todas essas passagens, como em 1 Tessalonicenses 5, aponta para a execução de julgamentos repentinos e avassaladores sobre os iníquos, introdutórios ao estabelecimento pelo poder do reino terrenal de Cristo. Quão impressionante é o contraste entre a descida do Senhor Jesus nos ares, que é apresentada aos santos tessalonicenses como a consumação de todas as suas esperanças, e este “dia do Senhor”, que está por vir “como ladrão de noite” sobre todo o mundo dos ímpios. É verdade que são apenas diferentes estágios do grande evento, a vinda do Senhor, mas em seu caráter, quão distintos! No primeiro caso, o Senhor desce nos ares; no outro, Seus julgamentos caem sobre a Terra. No primeiro caso, o Senhor vem reunir Seus santos; no outro, para ferir Seus inimigos. E os santos são instruídos quanto ao primeiro, para que saibam com certeza que estão isentos dos terrores do segundo. “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas” (1 Ts 5:4-5). Nós já somos, em nossa esperança e destino e no espírito de nossa mente, filhos do dia. Antes que o dia realmente deflagre sobre o mundo adormecido, embriagado com seus prazeres carnais, teremos sido arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, e estaremos com Ele quando Sua Aparição aterrorizar e abater Seus inimigos. Essa é a doutrina desta primeira epístola. Que ela seja escrita de forma permanente em nosso coração e exerça ali todo o seu poder consolador e santificador.