Origem: Revista O Cristão – Daniel

Dedicação em Dias Difíceis

Eu gostaria de considerar Daniel, não como um profeta, mas como um santo e um servo de Deus. Nele, vemos destacados os aspectos morais que devem sempre marcar o servo em um dia de ruína e confusão entre o povo de Deus. Ao vermos a ruína exterior da Igreja, muitos corações têm dito: “Eu desisto”. Mas podemos ser um Daniel neste dia de confusão e ruína, se apenas tivermos fé e propósito como o dele. Dez pontos me impressionam na história de Daniel.

1 – Um homem separado 

Nada poderia exceder a ruína nos dias de Daniel. O povo de Deus estava em cativeiro. O templo foi destruído e seus vasos levados para a Babilônia. Daniel e seus amigos eram cativos do rei Nabucodonosor, um monarca ímpio, que não se importava com Deus ou com o Seu povo. Eles tiveram que passar por um treinamento por três anos no colégio da Babilônia, com todos os arredores da idolatria, e estar sujeitos à imensa tentação de desistir de sua fé e de seu nazireado.

Foi aqui que Daniel tomou sua primeira posição. “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar” (Dn 1:8). Em linguagem clara, ele era um homem separado.

Tendo recusado a porção do rei, Daniel escolhe, e é permitido, comer legumes e água. Sua ação encoraja seus companheiros a se juntarem a ele, e descobrimos que Deus os abençoa. “Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos” (Dn 1:17). A educação deles vinha de Deus.

2 – Um homem iluminado 

“E ao fim dos dias, em que o rei tinha falado que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor. E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino” (Dn 1:18-20). Chegou o dia do exame e esses quatro jovens apareceram no topo da classe.

O lugar que esses alunos cativos conseguem é um grande incentivo. Um santo dedicado, em longo prazo, é dez vezes melhor que o homem mundano mais instruído, porque tem luz de Deus.

3 – Um homem de oração 

Quando chegamos ao segundo capítulo, encontramos Daniel em dificuldades. O rei perguntou a coisa mais absurda: Ele chamou seus sábios para recordar e interpretar um sonho. Todos os sábios seriam exterminados se não pudessem declarar o sonho. A menos que eles pudessem satisfazer essa dificuldade, não havia nada para eles além da espada. Mas encontramos uma coisa muito agradável; Daniel vai ao rei pedindo por tempo e a Deus pedindo por luz. Daniel reuniu seus irmãos e eles tiveram uma reunião de oração. Existem dificuldades no seu caminho? Faça uma reunião de oração. Ele conta a seus irmãos a dificuldade, e eles oram.

Qual é o resultado? “Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu” (Dn 2:19). Qual é a próxima coisa? Vemos uma ordem bonita em sua alma.

4 – Um homem de louvor 

Ele tem uma reunião de adoração a seguir; Ele bendiz a Deus. “Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque d’Ele são a sabedoria e a força; E Ele muda os tempos e as estações; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz. Ó Deus de meus pais, eu Te dou graças e Te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que Te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei” (Dn 2:20-23). Ele procurou a comunhão de seus irmãos no assunto de oração e, em seus agradecimentos a Deus, envolve seus irmãos. Ele tem uma profunda percepção em sua alma da bem-aventurança de ter a ver com Deus.

5 – Um homem próspero 

“Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pós por governador de toda a província de Babilônia, como também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia. E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei” (Dn 2:48-49). Recompensado e exaltado, ele não esquece aqueles que estavam na reunião de oração. Tudo é compartilhado com eles.

Somos chamados a desfrutar das coisas de Deus, e compartilhar essas coisas com outras pessoas é de imensa importância. Nós somos apenas vasos, e Deus coloca a luz em nós; portanto, seja o evangelho ou a verdade relacionada à Igreja, somos responsáveis por divulgá-la e transmiti-la.

6 – Um homem fiel 

Os capítulos 5 e 6 se juntam para ilustrar esse ponto. No capítulo 5, ele é levado diante do rei Belsazar, e é realmente fiel, ao anunciar-lhe sua destruição. Não estou falando agora de Daniel como profeta, mas como santo. Ele é um homem destemido e fiel; ele é dependente somente do Senhor. Ele recebe tudo do Senhor para si mesmo e tem algo para todos os outros.

7 – Um homem odiado 

A fidelidade, a confiabilidade e a consequente promoção de Daniel o levaram a ser odiado. A raiz do ódio contra Daniel foi sua promoção cada vez maior pelos sucessivos monarcas a quem ele serviu tão fielmente. Ele não era apenas um homem de excelente espírito, mas um homem de retidão e integridade moral. “Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (Dn 6:4). Que caráter admirável! Oh, como é parecido com Cristo! “Não acho culpa alguma Neste Homem” foi dito a respeito do bendito Senhor, e aqui está Seu servo moralmente como Ele.

Frustrados em seu esforço para rebaixá-lo em questões relacionadas ao reino, seus inimigos seguem outro caminho, e o rei Dario é enganado para assinar um decreto proibindo a oração a qualquer pessoa que não fosse ele mesmo. Que efeito esse edito teve sobre Daniel? Absolutamente nenhum! Ele não altera seu curso, mas confia em Deus.

8 – Um homem preservado 

“Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus” (Dn 6:10-11). A ação de Daniel foi baseada na Palavra de Deus, que dizia que se Seu povo estivesse em cativeiro, eles deveriam orar a Ele e olhar em direção a Sua casa. Como resultado, ele é lançado na cova dos leões. Mas o homem devotado é o homem libertado, e “nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus” (Dn 6:23).

9 – Um homem identificado com o povo de Deus 

O capítulo 9 nos mostra Daniel novamente em oração e profunda humilhação diante de Deus por causa dos pecados e transgressões de Seu povo. Nada poderia exceder a beleza moral desta oração. Quem é mais limpo dos pecados confessados é aquele que os confessa com mais realidade diante de Deus. Ele confessa como seus os pecados de todo o Israel, e enquanto fala em oração, ele é visitado por Gabriel e docemente instruído quanto à restauração completa de Israel (veja Dn 9:21-27). Ele realmente come a oferta pelo pecado diante de Deus.

10 – Um homem muito amado 

Em Daniel 10, ele recebe uma maravilhosa revelação do Senhor. “E eis que certa mão me tocou, e fez com que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos. E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado” (Dn 10:10-11 – ARA). Quão perto o Senhor chega a ele, como Ele lhe diz: “Daniel, homem muito amado”! Ele entrou no sentido de quão profundamente o Senhor o amava. O sentido do amor de Deus é profunda alegria para a alma.

Que o Senhor nos conceda ânimo, ao vermos como Deus preservou esse homem que era devotado e separado, e como Deus o instruiu, usou e consolou.

W. T. P. Wolston (adaptado)

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