Origem: Revista O Cristão – Educação

A Educação de Moisés

Moisés teve uma boa educação, e é notável como ele a usou para libertar o povo de Deus da escravidão do Egito, permitindo que eles servissem ao Senhor em liberdade. No mundo de hoje, onde se dá tanta ênfase à educação com o objetivo de tornar o mundo um lugar melhor para se viver, este exemplo de Moisés nos serve bem. Muitos se deparam com a decisão de até que ponto devem ir em busca de uma boa educação. Muitos são obrigados por lei a frequentar a escola até uma certa idade, mas depois disso resta a questão de quanta educação devemos ter. Um Cristão, que tem um objetivo celestial, não deve continuar com o ensino superior? É importante perceber que nossos objetivos são diferentes daqueles que vivem para este mundo. Por outro lado, muitos acham cada vez mais necessário ter uma melhor educação para ganhar o suficiente para sustentar uma família e servir bem ao Senhor em sua vocação.

A profecia de Abraão 

Quando Moisés nasceu, seus pais deviam saber que estava chegando a hora de deixar o Egito. O Senhor Deus havia revelado a Abraão que seus descendentes seriam estrangeiros em uma terra estrangeira por quatrocentos anos e na quarta geração eles retornariam à terra da promessa (Gn 15:13-16). Esta família era daquela quarta geração. A profecia dada a Abraão foi registrada por Moisés por inspiração divina, e muito provavelmente ele recebeu a narrativa histórica que foi passada de geração em geração por seus ancestrais. Isso indicaria que seus pais estavam cientes da promessa de Deus de libertá-los do Egito enquanto ainda vivos.

A fé dos pais de Moisés 

Quando Anrão e Joquebede viram que Moisés era “um menino formoso”, eles creram nas promessas de Deus, o que fez com que eles ocultassem Moisés por três meses e depois o colocassem na arca. Hebreus 11:23 diz: “Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei”. Eles o esconderam o máximo que puderam, mas, quando estava além da sua capacidade protegê-lo, eles o colocaram na arca. A fé que confia no Senhor quando o cuidado de nossos filhos está em nossas próprias mãos confiará mais prontamente no Senhor quando o cuidado deles estiver nas mãos de outro. Se aprendermos a confiar no Senhor para a educação adequada enquanto estiverem em casa, podemos aprender a confiar n’Ele quando eles precisarem sair de casa. Agir com fé e dependência do Senhor é mais importante do que a escolha de qual escola frequentar ou se deve ser ensino domiciliar, público ou privado. O ato de colocar Moisés na arca foi um ato de dependência de Deus e é uma bela imagem de confiar o filho a Cristo – Aquele que morreu por nós. Essa é a base da libertação do poder do pecado e de Satanás. Deus honrou essa fé enviando a filha de Faraó para o resgatar.

A mesma fé em Jeová que esconderia Moisés do mandado de morte de Faraó também permitiria mais tarde que ele fosse educado por Faraó. Visto que o Senhor mostrou Seus poderes miraculosos para guardar Moisés vivo por meio da intervenção da filha de Faraó, os pais de Moisés poderiam muito bem confiar no Senhor para guardar Moisés durante o tempo em que ele foi educado no Egito por aqueles da casa de Faraó. Os pais não estavam buscando grandes coisas para Moisés ao permitir que ele fosse criado e educado pelos egípcios, mas o estavam encomendando à vontade e ao poder soberanos de Deus.

O propósito do Egito 

Estevão nos diz em Atos 7:21-22 que “tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho. E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. Esse era o propósito do Egito. O mundo educacional de hoje tem esse mesmo desejo engrandecedor; pouco ou nenhum lugar é dado às reivindicações de Deus ou ao chamado celestial do Senhor Jesus Cristo. Toda escola gosta de ter entre seus ex-alunos aqueles que tiveram sucesso e avançaram neste mundo.

É importante ver que os pais de Moisés não entregaram seu filho ao Egito, mas o confiaram Àquele que estava sobre Faraó. A fé deles estava em Jeová. Eles permitiram que o Senhor tomasse Moisés e o educasse. Não houve comprometimento de posição com os pais de Moisés. Eles mantiveram sua posição como um povo separado do Egito; eles estavam aguardando para deixar o Egito em direção a Canaã. Este é um ponto importante para reconhecermos e seguirmos, especialmente no ensino superior. Nós, como Cristãos, somos chamados por Cristo para as bênçãos celestiais; somos peregrinos neste mundo. Nossos objetivos são diferentes. Se perdermos de vista essa diferença enquanto somos educados pelo mundo, nós facilmente nos tornaremos parte dele. Nosso poder de libertação do mundo é pela fé em Cristo (1 Jo 5:4-5). A separação moral do mundo enquanto vivemos nele nos preservará de sua influência profana. A leitura diária da Palavra de Deus nos dá poder santificador. Santificação prática por meio da leitura da Palavra e obediência a ela, juntamente com Cristo Se santificando para nos ajudar do céu, é suficiente para nos preservar e nos dará poder para libertar outros do mundo, como Moisés fez quando alcançou a idade adulta (veja João 17:15-19).

Saindo do Egito 

Tendo recebido a educação do Egito durante os primeiros quarenta anos, Moisés continuou outros quarenta anos de educação no deserto. Deus o estava preparando para o tempo apropriado, quando ele estaria pronto para libertar os filhos de Israel do Egito. Ele “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado” (Hb 11:24-25). O mundo está cheio de pessoas egoístas. Moisés, que foi educado pelo Egito, viu isso e não se sentiu obrigado a servir o Egito. O crente não deve nada ao mundo que escolhe os prazeres do pecado às custas de Deus. “E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Deixa ir o Meu povo, para que Me celebre uma festa no deserto” (Êx 5:1). Agora, o Senhor queria que Seu povo Israel fosse caminho de três dias no deserto para adorá-Lo. Ele tinha todo o direito de chamá-los.

Moisés foi educado e preparado por Deus para libertar Israel do Egito. Ele não apenas foi criado para a salvação de Israel, mas também é o instrumento que Deus usou para nos dar os cinco primeiros livros da Bíblia. Eles foram divinamente inspirados, mas também são o produto de alguém que foi bem educado. Esses cinco livros são de longe o melhor registro que temos da história inicial do homem. Moisés se dedicou bem a seus estudos por causa do Senhor.

Mas Faraó resistiu à saída deles do Egito. Ele queria os serviços deles, mas sua falta de cuidado com o bem-estar deles provava que ele não merecia o serviço deles no Egito. Com razão, Moisés tinha “por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hb 11:26-27). Esse é o tipo de teste que enfrentamos no mundo hoje. O mundo de bom grado usará as habilidades do Cristão para seus próprios fins e propósitos. Mas, para aqueles que reconhecem Suas reivindicações e são fiéis ao Senhor como Moisés (Hb 3:5), haverá forte resistência contra deixar o Egito (o mundo) ou fazer qualquer coisa para o Senhor.

Aqueles que usam do mundo 

Ao considerarmos quanta educação devemos buscar, o desafio diante de nós é como usar as coisas deste mundo para o mundo vindouro. Em 1 Coríntios 7:31 nos é dito: “Os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa”. Se usarmos nossa educação para servir a nós mesmos, estaremos abusando dela. Deus criou todas as coisas e nos concedeu o uso delas com o propósito de usá-las junto com Ele. Quando o mundo passar, como de fato passará, aqueles que usaram o mundo para o Senhor não sairão perdendo.

O homem liberto do Senhor 

No mesmo capítulo, 1 Coríntios 7, temos boas instruções práticas adicionais para aqueles que desejam mudar de ocupação terrenal após serem salvos. Lemos: “Foste chamado sendo servo? Não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens” (1 Co 7:21-23). Esses versículos são úteis para estabelecer prioridades em relação ao emprego, à nossa profissão e à quantidade de educação necessária. Os Cristãos que escolhem uma ocupação que implicará em trabalhar para outra pessoa (ter um empregador) não são livres para servir ao Senhor durante o horário de trabalho; há liberdade para eles servirem ao Senhor depois do trabalho. Aqueles que têm uma ocupação em que trabalham por conta própria (autônomos) são livres para servir ao Senhor enquanto trabalham. Existe o perigo de os trabalhadores autônomos, no entanto, ficarem excessivamente ocupados com o seu trabalho. Se os trabalhadores autônomos controlarem bem os negócios, eles terão mais tempo livre e/ou recursos para usar para o Senhor. Essas coisas devem ser consideradas ao decidir sobre uma ocupação ou emprego. Esses versículos nos lembram do benefício de sermos livres para servir ao Senhor – “se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião”. Muitas ocupações que permitem essa liberdade exigem mais educação. Este exemplo de como Moisés foi preservado enquanto estava sendo educado é particularmente instrutivo para aqueles que precisam de educação. Moisés recebeu uma educação do mundo, e então voltou-se e a usou para libertar almas do mundo.

Nem todos são chamados a cursar o ensino superior. Não existe uma resposta simples para essa pergunta que sirva para todos. Dependência e obediência ao Senhor direcionarão cada um. “Quanto às ações dos homens, pela palavra dos Teus lábios, eu me tenho guardado dos caminhos do violento” (Sl 17:4 – ARA).

D. C. Buchanan

Compartilhar
Rolar para cima