Origem: Revista O Cristão – Adão e Cristo
Cristo, o Último Adão e Segundo Homem
1 Coríntios 15:45-47
Há um contraste notável entre Adão e Cristo, como nos é dado nesta passagem. Cristo é chamado de “o Segundo Homem” e “o Último Adão”. Há um volume de verdade em cada uma dessas designações, muito necessário para este dia em que vivemos. Por um lado, que sentença permanece sobre tudo o que é do homem! Por outro lado, que rico conforto existe em um Cristo assim! Certamente isso é necessário quando as energias dos homens são empregadas com crescente orgulho e autoconfiança, quando parece que nada escapa do domínio do poder do homem, tanto quanto as esperanças e expectativas humanas conseguem avaliar.
“O Segundo Homem” inscreve morte e condenação sobre tudo o que moralmente existe no homem ou que pertença a ele. Diante de Deus e, portanto, diante dos olhos da fé, a humanidade é resumida em Adão. E quaisquer que sejam as pretensões dos homens, o Espírito Santo encerra tudo em Adão com pecado e morte, pois o juízo de Deus tornou-se necessário pelo pecado, embora isso fosse, com certeza, mais doloroso para Deus. Deus em Sua própria natureza não é um Juiz: Isso é o que o pecado moralmente O obrigou a ser. “Deus é amor”. Nenhuma circunstância O fez ser amor. Ele era amor inteiramente à parte de todas as causas. Mas se não houvesse pecado, não haveria qualquer juízo. Portanto, digo que o pecado tornou necessário que Deus Se tornasse Juiz, mas seria muito depreciativo para Sua natureza supor que Deus Se tornasse amor.
Deus é amor tão verdadeiramente quanto é luz: O julgamento divino é uma necessidade criada pelo pecado. Mas, quanto ao homem, tudo o que o Espírito Santo pode dizer sobre ele está contido, por assim dizer, no homem que transgrediu o mandamento de Deus e, assim, tornou necessário à majestade de Deus que Ele tivesse que ser um Juiz, pois quando o Espírito de Deus chama nosso Senhor de o “Segundo Homem”, é como se Ele nos dissesse que todos os outros homens são apenas a reprodução do primeiro homem. Quando você conhece o “primeiro homem”, você tem tudo o que pode ser dito sobre o homem como tal. Quando Cristo apareceu, então, pela primeira vez, havia outro Homem. Todos os outros eram da mesma linhagem, e você tinha a amostra do caráter comum naquele que primeiro caiu e se afastou de Deus e depois foi expulso em vergonha por mandamento d’Aquele que é amor. Tal é o homem!
Mas que alegria para nós saber que Aquele que foi feito carne é “o Segundo Homem” – um tipo completamente novo de Homem, como ressuscitado dentre os mortos. Embora Ele fosse verdadeiramente um Homem tanto quanto você ou eu, ainda assim o Espírito Santo Lhe confere esse título de nova e especial honra. E como agora entrado no estado de ressurreição, Ele é outro tipo de homem, para Quem o Espírito Santo reserva esse título notável – “o Segundo Homem”. Podem ter existido gerações e mais gerações de homens, mas eram todos apenas “o primeiro homem”. As gerações ainda continuam, cujas associações são apenas com “o primeiro homem”. Mas eu olho para cima e, pela fé, contemplo agora, ressuscitado dentre os mortos, à destra de Deus, outro, o próprio “Segundo Homem”. O Homem rompeu a morte; o Homem venceu Satanás; o Homem entrou em uma região completamente nova; o Homem é o objeto do deleite de Deus, da adoração de todo o céu.
Que pensamento maravilhoso é esse para aquela pobre e fraca criatura! O homem como era desaparece diante dos olhos da fé. Sabemos o que ele é: ele é “o primeiro homem”; ele é como Adão. Mas agora conhecemos outro Homem completamente diferente. Graças sejam dadas a Deus! Aquele que é “o Segundo Homem” é também “o Último Adão”. Não há outro homem – nenhum outro estado ou condição para onde o homem possa ser levado. Não pode haver progresso além do Homem ressuscitado à direita de Deus. A Humanidade n’Ele está fixada em bem-aventurança e glória diante de Deus, de modo que se “o primeiro homem” arrasta o mundo inteiro para dentro de uma cova comum de morte e pronuncia condenação sobre os caminhos da raça, “o Segundo Homem” eleva nosso coração e os alegra na apreensão do que Ele é no céu e de que nós também seremos com Ele, pois Aquele que ressuscitou do túmulo, o Vencedor da morte, nos elevou juntamente com Ele e em Si mesmo e tão certo como Ele está no céu, teremos nossa parte com Ele lá.
E deveríamos desejar, de maneira prática, que nosso lugar agora e nossos caminhos e comportamentos não estejam com Adão que caiu, mas com “o Segundo Homem”, “o Último Adão”. Acontece assim conosco? Perguntemo-nos isso não apenas quanto a nós mesmos pessoalmente, mas quanto a nossos pertences, pois há muitos homens que manifestam o mundo, não tanto em seu próprio espírito, mas naquilo que eles desejam e procuram. E você verá com frequência orgulho ou vaidade, talvez não tanto na pessoa do pai ou da mãe, mas naquilo que eles dão ao filho ou toleram com conivência com a criança.
Que o Senhor conceda que não façamos nem permitamos uma única coisa que O entristeça! Pouco importa se permanecermos firmes em vinte coisas, se houver uma na qual deliberadamente sancionamos o que é contrário ao Segundo Homem. Que vergonha que isso deveria ser para nós! Atentemos bem nisso para que estejamos firmes, tendo nossos olhos fixos n’Ele a Quem pertencemos – o “Celestial”, pois esse é outro termo usado por nosso Senhor aqui. “Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual O celestial, tais também os celestiais”. Esses benditos títulos ou descrições pertencem a Ele em sua plenitude somente como ressuscitado dentre os mortos e tendo entrado em glória; como tal, Ele é “o Segundo Homem”, “o Último Adão”, “o Celestial”. Sem dúvida, Ele era e é “o Senhor… do céu”, de outra forma nenhum desses títulos poderia ter sido dito d’Ele. E nisso também há outro elemento de nosso gozo e glória: Aquele que, como Homem glorificado, é o Objeto de deleite e louvor do céu, é o próprio Deus poderoso – o Filho unigênito. Portanto, a bênção do homem está garantida para sempre em Sua Pessoa. Estamos ligados a Ele com um vínculo indissolúvel que já passou pela morte. Mas Ele está ressuscitado dentre os mortos, e permanecemos em Sua própria vida de ressurreição e esperamos o dia em que “traremos também a imagem do celestial”.
Enquanto isso, seja nosso andar como daqueles que são conscientemente d’Ele e um com Ele mesmo agora.
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