Origem: Revista O Cristão – Batismo
Batismos na Escritura
Ao examinarmos a Escritura, descobriremos que o batismo, de uma maneira geral, produz uma mudança exterior quanto a um novo local de privilégio, com responsabilidade naquele que é batizado. Aquele que é batizado está conectado com aquilo ao qual ele é batizado, e a identificação ocorre pelo batismo. Existem vários batismos diferentes na Palavra de Deus, embora exista apenas um batismo Cristão (Ef 4:5). Vamos rever esses batismos e considerar o significado de cada um.
O batismo a Moisés
“Todos foram batizados em (a – JND) Moisés, na nuvem e no mar” (1 Co 10:2). Independentemente da idade, sexo ou mesmo se eram verdadeiramente israelitas, todos aqueles que deixaram o Egito pelo caminho do Mar Vermelho compartilharam de todos os privilégios como batizados a Moisés. No entanto, muitos deles pereceram e nunca alcançaram o destino (Canaã). Era uma “mistura de gente”, pois muitos eram incrédulos (Hb 3:19). Paulo chama atenção para eles, a fim de mostrar aos coríntios a tolice de confiar apenas em ordenanças. Estar ligado exteriormente a um líder por ordenanças não é o suficiente, e isto serve como um solene aviso para todos aqueles que foram batizados a Cristo.
O batismo de João
O batismo de João era “para o arrependimento” (Mt 3:11) e “para remissão dos pecados” (Mc 1:4; Lc 3:3). O batismo de João tinha um solene significado para o Judeu culpado. João era o pregoeiro do Messias que havia de vir, e todos os que foram despertados por sua pregação vinham a ele para serem batizados. Isto justifica a Deus, pois reconhecia a sentença de Deus contra Israel (Lc 7:29). Ao serem batizados, eles reconheciam sua culpa e, assim, se separando da nação Judaica impenitente, se prepararam para Aquele que viria, seu Messias.
Ao se submeter ao batismo de João, o Senhor Jesus Se identificou com o remanescente arrependido que foi batizado. João reconheceu claramente que o Senhor Jesus não precisava de arrependimento nem remissão de pecados, mas a graça levou nosso Senhor Jesus aonde o pecado havia trazido outros, embora o pecado nunca estivesse n’Ele. Outros foram batizados enquanto confessavam seus pecados, mas nosso Senhor foi batizado enquanto orava.
Este não era o batismo Cristão, como Atos 19:3‑5 mostra claramente. Os que foram batizados pelo batismo de João precisaram ser batizados em nome do Senhor Jesus, pois somente assim poderiam ser recebidos no terreno da associação com o Senhor Jesus que havia sido morto e ressuscitado.
Cristo Batizando (por representantes)
Em João 3:22, lemos que nosso Senhor batizou, embora tenham sido Seus discípulos que realmente realizavam os batismos. Esse batismo era para Si mesmo, estando conectado com Jesus como o Messias vivo na Terra, e aqueles que eram batizados seriam conhecidos como Seus discípulos. Novamente, este não era o batismo Cristão, que identifica o batizado com Sua morte.
O batismo de Cristo pelo fogo
Nada se compara aos sofrimentos expiatórios de nosso Senhor durante as três horas de trevas, chamadas de “batismo” em Lucas 12:50: “Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como Me angustio até que venha a cumprir-se!”.
Batizado com o Espírito Santo
O batismo com o Espírito Santo é mencionado sete vezes na Escritura – Mateus 3:11, Marcos 1:8, Lucas 3:16, João 1:33, Atos 1:5, Atos 10:44‑46, Atos 11:16 e 1 Coríntios 12:13. Isso incorporou os crentes em um corpo e ocorreu de uma vez por todas no dia de Pentecostes em Jerusalém, com uma segunda parcela no capítulo 10, quando os gentios foram incorporados ao corpo de Cristo. Isso é diferente do batismo Cristão nas águas, como mostra Atos 10:47: “Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” Ao crer no evangelho, os indivíduos são selados com o mesmo Espírito Santo que os que estavam no Pentecostes receberam e, portanto, se juntam ao corpo formado no Pentecostes.
“Batizará…com fogo”
Essa expressão é encontrada em Mateus 3:11 e Lucas 3:16, e fala do julgamento futuro sobre os inimigos de Deus, como os fariseus. O fogo pode ser aplicado aos tratos de Deus em julgamento e por Cristo como o Cordeiro, executado sobre Seus inimigos. Não está ligado às “línguas repartidas, como que de fogo” mencionadas em Atos 2:3. Isso se refere à ação convincente da Palavra de Deus na consciência, os lembrando da santidade de Deus e os levando ao arrependimento.
Batismo de todas as nações
Os discípulos receberam ordem: “fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Parte integrante dessa comissão é a promessa de Cristo aos Seus onze discípulos: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28:20 – ARA). Isso se refere ao tempo, ainda futuro, durante o qual o resultado final da oposição à verdade amadureceu e o julgamento é realizado. Durante esse período, Deus levantará mestres que “a muitos ensinam a justiça” (Dn 12:3), e sua mensagem será o evangelho do reino. O legítimo Rei está chegando e aqueles que pregam esse evangelho ensinam os princípios do reino e o caráter daqueles que são adequados a ele. O sermão da montanha (Mateus 5‑7) terá aplicação especial nessa pregação.
Esta comissão terá aplicação especial ao remanescente Judeu piedoso após o arrebatamento da Igreja. Existe, no entanto, uma aplicação em conexão com o reino dos céus em sua atual forma de mistério, um reino que é agora a esfera do discipulado. Assim, a fórmula para o batismo hoje é a que é dada aqui, reconhecendo o conhecimento do Pai, Filho e Espírito Santo.
O batismo Cristão
Em Efésios 4:5, lemos sobre “um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. Essas expressões se referem ao círculo de privilégios em que Cristo é professamente reconhecido como Senhor, onde a fé Cristã é confessada. A pessoa é inserida nesse círculo é pelo batismo, e é importante ver que aqueles que entram nesta esfera de privilégio Cristão são responsáveis por viver de acordo com esses privilégios.
Esse círculo de profissão inclui crentes falsos e verdadeiros, mas todos são responsabilizados por sua conduta. “Qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (2 Tm 2:19). O batismo nos leva a essa esfera de privilégio e responsabilidade.
O batismo após a era da Igreja
O batismo continuará depois que os Cristãos forem chamados para casa na vinda de Cristo, porque outros serão batizados então, de acordo com a comissão de Mateus 28. O batismo é uma ordenança do reino, sempre conectada a uma esfera na Terra. Assim, o discipulado continuará, tendo em vista o reino milenar.