Origem: Revista O Cristão – Batismo

Batismo: Um Ato de Separação

O batismo é apresentado pela primeira vez a nós por João Batista e é apresentado em conexão com seu ministério, como se todos entendessem o que isso significava. Não era uma novidade que precisava ser explicada, mas uma prática tão comum que, quando adotada por João em seu ministério, era entendida por todos quanto à sua importância. O batismo estava simplesmente usando a água como um símbolo para declarar a dissociação da posição em que estava, a fim de entrar em outra ordem de coisas. João apela a Israel para se arrepender e, pelo batismo, declarar separação de tudo o que era contrário ao seu terreno apropriado. Consequentemente, quando aqueles que foram batizados por João ouviram falar de Cristo, eles justificaram Deus (Lucas 7:29-30).

Os dois lados 

Existem, no entanto, dois lados no batismo: Nos separa de algo e nos identifica com outro. Nesse sentido, o batismo necessariamente apresenta a posição da qual aquele que o recebe deve ser libertado. Ele é primeiro libertado pelo batismo e depois as responsabilidades começam. Aqueles que foram batizados por João se separaram de seu fracasso atual, de modo que, quando ouviram Jesus, glorificaram a Deus, alcançando aquilo para o qual haviam se preparado.

Se um gentio, por exemplo, fosse batizado para se tornar Judeu, ele sabia que o rito determinava seu passado e seu futuro, e, portanto, tinha para ele um significado mais profundo do que se ele apenas se lavasse depois de chegar do mercado para comer. O rito era o mesmo em ambos os casos, mas o sujeito do rito dava ao rito um significado e peso diferentes em cada caso. O rito do batismo é a dissociação da posição atual, mas é o novo terreno em que entro que determina a extensão de minha responsabilidade por causa disso. Pelo batismo, eu me liberto para entrar nesse novo terreno, mas o caráter da nova posição precisa necessariamente definir a extensão na qual eu me distancio da minha posição anterior.

Uma nova coisa 

Embora o batismo fosse um ritual bem conhecido, o batismo de João era algo novo entre o povo de Deus. Até então, eles haviam sido convocados a se reformar em sua posição atual; agora eles são chamados a renunciar ao seu fracasso. Assim também, depois que o Senhor Jesus ressuscitou dentre os mortos e recebeu todo o poder no céu e na Terra, Ele autoriza os apóstolos a irem e fazerem discípulos de todas as nações (sendo a comissão a eles tão ilimitada quanto Seu domínio é universal), batizando-os ao nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em uma palavra, o homem foi chamado a se render Àquele que agora tinha plena reivindicação sobre ele. Cristo morreu por todos e, portanto, todos foram provados como estando mortos, e agora ressuscitado, Ele tinha total reivindicação sobre os mortos e era o Senhor de todos. Portanto, por Seus apóstolos, Ele chama a todos os homens a reconhecerem Sua reivindicação e serem batizados em nome de Deus, agora revelado em Trindade.

À Sua morte 

Quando se entende que foi a morte de Cristo que Lhe deu essa reivindicação, deve-se observar que todo aquele que foi batizado a Cristo foi batizado à Sua morte. O terreno que o batismo de Cristo me impôs foi a morte, porque Sua morte provou que todos estavam mortos; portanto, quando eu reconheci isso no batismo, me coloquei a mim mesmo em Sua morte. Se eu assumir o Seu nome, devo me colocar em Sua morte e renunciar àquilo que interferiria na profissão que estou assumindo. Todo o meu “eu”, como filho de Adão, precisa ser renunciado e, para fazer isso, eu me coloco em Sua morte. Se eu tenho fé eu me levanto dela em novidade de vida, para andar em nome do Senhor, mas tenha eu fé ou não, esse é o fundamento sobre o qual eu me coloco. Estou apenas dizendo aqui no que o batismo de Cristo implica; Não digo que toda pessoa batizada o compreenda dessa maneira completa.

Quando chego a Romanos 6:3, obtenho o verdadeiro significado do batismo, visto do lado da ressurreição. Paulo explica isso de acordo com o evangelho que lhe foi confiado, dando seu verdadeiro significado à Igreja. Paulo diz: “Todos quantos foram batizados a Cristo Jesus, foram batizados à Sua morte” (Rm 6:3 – JND). Observe que não é dito “à Sua ressurreição”, mas simplesmente à Sua morte. Ao ser batizado em Cristo, eu me declaro não mais conectado àquilo que Sua morte colocou sob julgamento – meu velho homem. Como eu poderia ser batizado em Cristo e continuar conectado com aquilo que foi julgado na morte de Cristo? Como eu pude tomar o Seu nome e ainda admitir a existência daquilo pelo qual Ele morreu? Pelo batismo, sou declarado separado disso, mas isso não implica ressurreição. A fé do batizado conecta sua alma com Jesus ressuscitado e faz valer a profissão assumida no batismo, mas isso vai além do batismo, pois não é à Sua ressurreição que somos batizados, mas à Sua morte. Pode-se dizer que a passagem em Colossenses 2:12 conecta a ideia de ressurreição com o batismo, mas penso que se as palavras forem cuidadosamente ponderadas, se chegará a uma conclusão diferente. O Apóstolo havia dito que eles foram circuncidados na circuncisão de Cristo, e se circuncidados com Ele, eu também sou ressuscitado com Ele, pois o batismo expressou o fato de que eu fui sepultado com Ele. É n’Ele, e não no batismo, que eu tenho a ressurreição.

Eu confio que o Senhor conduzirá Seu povo a estudar o assunto, a fim de que possa colocá-lo no devido lugar e conhecer em sua alma todo o seu peso moral para o louvor de Sua graça, que “nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1:3). Amém!

Girdle of Truth (adaptado)

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