Origem: Revista O Cristão – Sofrimentos
Os Propósitos Divinos no Sofrimento Humano
A Escritura apresenta o sofrimento como cumprindo pelo menos seis propósitos distintos.
- No caso dos egípcios, em primeiro lugar, é infligido como punição pelo pecado – a opressão de Israel.
- Na história de Davi, lemos que antes de ser afligido, Davi se afastou; por meio do sofrimento (castigo), ele aprendeu a ser obediente à Palavra de Deus.
- Em Jó, encontramos o registro da bondade de Deus em Seu tratamento com o paciente patriarca, desde seus primeiros dias, e, ainda, Jó é levado a confessar, apesar de tudo o que Deus havia sido para ele: “[Eu] me abomino e me arrependo no pó e na cinza”. Sua libertação de si mesmo é realizada por meio de seus sofrimentos, e as bênçãos ainda mais abundantes marcam o fim de sua história.
- Ao contar sobre uma experiência notável em sua vida, o apóstolo Paulo nos diz, com inconfundível clareza, que o espinho na carne foi enviado com o propósito expresso de impedir a sua exaltação própria e, portanto, sofrer ajudou na prevenção do pecado.
- Em Hebreus 2:10, lemos que o Príncipe de nossa salvação foi aperfeiçoado pelos sofrimentos, sofrimentos que foram uma preparação para Sua obra e seus acompanhamentos necessários.
Sofrimento como um dom
- Finalmente, em alguns incidentes da vida dos filipenses, encontramos o sofrimento no caráter de uma dádiva ou privilégio divino. O corpo místico de Cristo, como sua Cabeça gloriosa, está destinado a sofrer na Terra, o que é algo preparatório para o reino eterno do Ungido do Senhor, e por isso a Cabeça sofre naqueles de seus membros, dotados com essa graciosa dádiva.
Entre os muitos dons bons e perfeitos concedidos pela generosidade de nosso Deus que nos dá liberalmente, esse é o menos frequentemente transmitido, talvez, do que todos os outros, pois, embora seja moralmente o melhor de todos, quem sinceramente deseja esse dom? Poucos podem exercitá-lo para o louvor digno do grande Doador. Não é a língua eloquente e persuasiva que convence a consciência e toca o coração, que traz pecadores arrependidos em fé viva a Deus, e depois os edifica na sua santíssima fé. Não é o sopro da alma poética em refinada eloquência que acende o pensamento sincero em ação energética. Não é o poder misterioso dos grandes organizadores da vitória que leva os exércitos guerreiros a atos heroicos de sacrifício próprio, nem é qualquer outro dom ou poder que ganha renome mundial e abundância de fortuna. Não, de fato, não é nenhum desses dons, nem qualquer coisa que minimamente se assemelhe a nenhum deles, pois eles, a quem é concedida a bênção celestial, não recebem nenhuma das recompensas que os homens amam dar àqueles a quem gostam de honrar.
Mas os sofredores por amor d’Ele, embora seus sofrimentos e eles mesmos sejam desconhecidos por seus companheiros, já têm o sorriso de aprovação d’Ele conscientemente, e no devido tempo eles receberão a grande recompensa – d’Aquele que trilhou tão valentemente o caminho que agora eles seguem. Para tudo isso está escrito: “a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer n’Ele, como também padecer por Ele”. Sim, “se sofrermos, também com Ele reinaremos” (2 Tm 2:12). O dom gracioso do sofrimento é um dom tão distinto e específico quanto o da cura, o das línguas ou de qualquer outro dom natural de Deus que conquiste honra e renome, além de recompensas mais substanciais. Mas esse presente transforma o abençoado recebedor talvez com mais certeza do que todos os outros, conformando-o à semelhança com Ele próprio e é, por causa dessa comunhão, o mais elevado, maior e mais nobre de todos os dons.
Bible Treasury N5:348, adaptado