Origem: Revista O Cristão – Sofrimentos

Sofrendo na Carne

A vontade da carne é o princípio prático de todo pecado. A vontade é não obediência a Deus, e, portanto, é pecado em seu próprio princípio, mas, sendo a vontade da carne, se manifesta nos desejos da carne. Ela não se volta para Deus, mas, ao contrário, se inclina para o que a carne deseja. A vontade da carne é a ação da natureza em inimizade contra a vontade de Deus. O sofrimento na carne é o oposto dessa vontade ou ação da natureza. Isso é aplicado tanto a Cristo quanto a nós, mas, no caso de Cristo, é aplicado à Sua morte (Veja 1 Pedro 3:18). Em vez de ser desobediente em tudo, é perfeito em obediência, desde a divina sujeição de toda a vontade no Salmo 40 para tomar o lugar de obediência, Ele foi até à morte e foi obediente enquanto sofria o poder de Satanás e a ira de Deus, em vez de não obedecer. Ele era perfeito em obediência, não poupando a carne em nada e morreu para o pecado uma vez; isto é, Ele foi até a morte em suas formas mais completas, em vez de Se afastar de fazer a vontade de Deus ou ter uma vontade própria. Ele morreria ao invés de ter uma vontade ou qualquer coisa além da vontade de Deus. Assim, o pecado não encontrou entrada ou lugar n’Ele. Um pedaço de fruta serviu para levar Adão ao pecado; nada poderia levar Cristo a isso. Ele não apenas nunca teve nenhum pecado, mas passou por tudo o que podia induzir a vontade própria, e nada foi capaz de levá-Lo a pecar. Ele sofreu na carne. O pecado ficou totalmente frustrado e para sempre – toda a prova foi enfrentada e nada serviu para introduzir o pecado. Ele, portanto, descansou de toda a questão relativa ao pecado. Ele tem um sábado divino e eterno quanto a isso. Que bendito é isso! Na Terra Ele não teve esse descanso. Ele sempre teve vitória sobre o pecado – nunca deixou que nada além de obediência governasse Seu coração, e provou que Ele tinha uma natureza contrária ao pecado, com o propósito de obedecer e nada mais. Isso era perfeição. Entre Ele e Seu Pai, no exercício do amor em obedecer, Ele tinha gozo, mas até morrer, não teve descanso quanto ao pecado.

Isso tem, como um grande princípio, sua aplicação a nós. “Aquele que padeceu na carne já cessou do pecado” é um princípio abstrato. Quando a vontade da minha carne opera, eu não deixei de pecar, mas quando, pelo poder do Espírito Santo, ajo inteiramente e me sinto inteiramente na nova natureza, e não é permitida a vontade carne, nem qualquer pensamento que pertença a ela encontra entrada, porque estou cheio do que o Espírito me dá e obedeço no gozo da obediência, embora sofra em relação ao homem, então, nesse sentido, deixei de pecar. Como o pecado está na carne, pode ser em nós uma questão de grau. É parcial, temporário, talvez, em sua realização, mas o princípio permanece sempre verdadeiro, e o sofrimento (ou seja, até onde há sofrimento) na carne, o pecado não tem lugar em mim, meus pensamentos, mente e ser moral. A carne não é mudada, mas se eu sofrer apenas nela, a carne em mim não tem operação quanto à vontade.

Selecionado de J. N. Darby

Compartilhar
Rolar para cima