Origem: Revista O Cristão – Paz

Paz com Deus – a Paz de Deus – a Paz de Cristo

Gostaria de trazer uma palavra sobre três caracteres diferentes da paz: a paz com Deus, a paz de Deus e a paz de Cristo.

Paz com Deus 

“Paz com Deus” é aquilo que o pecador possui e desfruta ao crer. Ele é justificado por Deus com base do derramamento do sangue de Cristo, “havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz” (Cl 1:20). A fé se apodera e crê em uma obra já consumada, que tem atendido pelo pecador e satisfez as reivindicações de Deus e, portanto, tem paz – paz nítida, eterna, imutável. Essa paz não depende do gozo de seu possuidor, mas da obra de Cristo que fez a paz pelo sangue de Sua cruz. Um Deus de juízo entrou em toda a questão do pecado com Cristo na cruz, indo até suas profundezas. Foi um Deus de paz que O trouxe novamente dos mortos o grande Pastor das ovelhas, por meio do sangue da aliança eterna (Hb 13:20). Um Cristo ressuscitado é a nossa paz na presença de Deus (Ef 2:14). Agora, tudo isso é verdade para o crente, sem que seus sentimentos ou seu desfrute entrem na questão. Depende, não do desfrute dela, mas de sua realidade diante de Deus. Foi a dádiva de Cristo na despedida de Seu povo: “Deixo-vos a paz”. “Paz seja convosco!” (Jo 14:27; 20:19). O Deus da paz O havia trazido dos mortos, e Ele não tinha nada além de paz para deixar para eles.

A paz de Deus 

Agora, a “paz de Deus” significa algo que Deus tem em Si mesmo. É a própria paz de Deus na qual Ele habita – a paz daquele Deus em Quem nada pode mudar, Aquele que conhece o fim desde o princípio e Aquele que ordenou tudo desde o início até o fim. Embora o homem possa se esforçar para atrapalhar Seus propósitos, todos serão finalmente realizados. Acaso não podemos por um momento contemplar a paz perfeita, imperturbável e consciente, na qual Deus habita? E, no entanto, esta paz é prometida, que manterá o coração e a mente do crente que entregou a Deus todas as suas ansiedades e todas as suas preocupações, por meio da oração e súplica, com ação de graças. “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus” (Fp 4:6). E o que é prometido? “A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4:7). A própria paz de Deus, na qual Ele habita, guardará o coração, e então ele repousará no meio de toda provação e dificuldade. A mente não está atormentada pela ansiedade, mas está cheia da paz de Deus, quando tudo foi entregue a Ele e comprometido com Ele.

A paz de Cristo 

A paz de Cristo é outra coisa. Certamente, Cristo é Deus, mas ainda assim a paz de Deus e a paz de Cristo não são a mesma coisa. Por isso, a diferença em João 14:27 entre “Deixo-vos a paz” e “a Minha paz vos dou”. Cristo não precisava de paz com Deus, como precisamos como pecadores. Ele nos dá a paz por meio de Seu precioso sangue, mas Ele não precisava de paz para Si mesmo. O impecável Cordeiro de Deus “não cometeu pecado” e estava “separado dos pecadores” enquanto estava entre eles. Ele “não conheceu pecado”. Mas como Filho de Seu Pai, Ele passou pelo mundo em comunhão consciente de perfeita paz (“Minha paz”) em cada passo do Seu caminho. A vida d’Ele era triste aqui embaixo, mas nunca houve obscuridade durante todo o caminho entre Ele e Seu Pai. Era uma vida de perfeita unidade de pensamento e objetivo, como Ele viveu por Seu Pai. “Eu vivo pelo Pai” (Jo 6:57). Esta, então, é a paz de Cristo.

A primeira (paz com Deus), então, é a porção do pecador que crê: sua porção inalterável.

A segunda (a paz de Deus) é o que o Cristão tem quando tirou a carga de seu coração de todo cuidado e dedicou todo pensamento Àquele que conhece o fim desde o princípio.

E a terceira (a paz de Cristo) é o que desfrutamos ao viver por Ele, assim como Ele desfrutou ao viver pelo Pai. “Assim como o Pai, que vive, Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim, quem de Mim se alimenta, também viverá por Mim” (Jo 6:57). Isto é comunhão com Ele e com o Pai, que foi revelado no Filho. E também, quando assim desfrutamos da paz de Cristo, temos também o gozo dessa paz, com essa paz com Deus, o qual, como pecadores, possuímos por meio de Sua obra na cruz.

“Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo” (Rm 15:13).

Words of Truth 1:1

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