Origem: Revista O Cristão – A Trindade

Os Tratamentos de Deus para com Seus Filhos

Nós, que conhecemos, como indivíduos, o amor do Senhor Jesus devemos ter distintamente diante de nossa mente a insondabilidade de Sua Pessoa, percebendo que Suas glórias são do caráter mais elevado possível. Ele mesmo declara e diz: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar” (Mt 11:27). Qualquer tentativa de analisar e qualquer sentimento de que compreendemos o Filho está totalmente errado. O Filho apresentou o Pai e os planos do Pai, e não nos cabe compreender Aquele por Quem eles foram apresentados.

O Criador 

Em Colossenses 1, encontramos algumas glórias surpreendentes. Paulo fala da imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criação, preeminente ali, pois n’Ele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na Terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. João afirma isso também. Nem uma coisa sequer foi trazida à existência senão por Ele, o Senhor Jesus Cristo. Aquele que traz cada coisa à existência precisa estar acima dessa coisa e, de fato, também acima de todas as coisas. Ele acrescenta que as coisas foram criadas não somente por Ele, mas para Ele. Tudo estava conectado com Ele e com a manifestação da Sua glória divina. Novamente (v. 17), “e Ele é antes de todas as coisas”. Ele era antes de tudo, pois era a única causa de tudo, e a causa deve ter prioridade e superioridade para todos os efeitos, e acrescenta: “e todas as coisas subsistem por Ele” ou permanecem juntas. Ele sustenta tudo pela mão de Seu poder.

Então ele continua falando de redenção, o lugar peculiar que Ele manteria para uma parte dos remidos, “E Ele é a cabeça do corpo, a assembleia; Aquele que é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos, para que Ele tivesse a preeminência em todas as coisas: pois n’Ele, toda a plenitude da Divindade Se agradou habitar, e por Ele reconciliar todas as coisas a Ela mesma, havendo feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio d’Ele, tanto as coisas sobre a Terra como as coisas nos céus” (Cl 1:18-20 – JND).

A Igreja e Israel 

Ele está aguardando por aquele maravilhoso momento em que haverá um novo céu e uma nova Terra, onde habita a justiça: tudo trazido por Si mesmo sob o poder de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e no céu acima de Si mesmo tendo a Igreja, a Noiva; na Terra, tendo Israel, a nação sob governo e então sob bênção; e tudo o que não tivesse se sujeitado, lançado no lago de fogo.

Quem, do início ao fim, é o Executor de tudo isso? O Filho de Deus, o Homem que me amou e Se entregou por mim – o Homem que foi pendurado entre dois malfeitores no Calvário. O poder divino era d’Ele; o nome de todos que deveriam estar com Ele em glória foi dado a Ele pelo Pai. Que tipo de Pessoa era essa? Oh, amados amigos, a luz que estava ativa no reino da criação foi manifestada. Que demonstração de poder, de ternura para os que estão na Terra! Que poder todo-poderoso que tirará do pó todos os que dormem na morte e os eleva à glória celestial e enche a Terra com uma nova raça, igual a Ele na glória acima, enchendo todos e para sempre, nos novos céus e na nova Terra, onde habita a justiça!

O plano divino 

Eu acho que posso traçar, desde a criação, os passos graduais do homem colocado no jardim do Éden até a ordem mais baixa da criação. Mas, desde a mais alta expressão da perfeição humana até o Deus infinito, existe um abismo entre os dois. O menor grão de areia transportado pelo vento tinha uma relação mais próxima comigo do que aquela que tenho, como criatura, com o Deus Todo-Poderoso e Infinito. Quando olho para o fim do que Deus está fazendo, fico impressionado. Existe a plenitude da glória divina em um Homem e, em toda a elevação daquela glória, o Homem perfeito e um povo no céu. O céu não foi feito para o homem; Ele deu a Terra aos filhos dos homens. Mas um povo é vivificado pelo Espírito Santo, adotado como filhos, revestidos com corpos gloriosos, e a partir d’Ele, o todo é mesclado juntamente até Deus. Todo o Pai é apresentado no Filho, Deus na glória divina, o Deus-Homem naquele trono, e uma companhia preparada como a Noiva na glória; e, a partir disso, passo a passo, ele dá unidade ao que está diante da mente divina.

Oh, que lugar o Homem que morreu no Calvário tinha na mente de Deus Pai! Não é de admirar que o coração de Paulo estivesse explodindo: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). “Todas as bênçãos espirituais” – são nossas por meio d’Ele, n’Ele que é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Ele nos escolheu em Cristo antes que o mundo existisse. A mente volta ao lugar que Ele tinha no seio do Pai. O que entendemos por todas as bênçãos espirituais? Temos pensamentos claros sobre elas? Poderíamos nos assentar e escrever uma lista delas, assim como poderíamos escrever uma lista de bens materiais desta vida? Bênçãos para Israel – o que são em comparação?

Comunhão 

Nas coisas divinas, somente a Escritura não é suficiente; é uma questão de comunhão. Sabemos o que é comunhão com o Pai e o Senhor Jesus Cristo? As pessoas que sabem provavelmente mostrarão isso em seu rosto. Sabemos o que isso significa? Que coisa bendita é o Pai ter um Filho assim, e esse Filho ter um Pai assim! Dizer, deitado em sua cama à noite: “Lá estão Eles lá em cima; quão bendito Deus é com um Filho assim! Que Pessoa feliz é Cristo em ser o Filho de um Pai assim – o Filho que produziu todas as riquezas da graça, para que até eu possa apreciá-las!” O coração olha de Um para o Outro, conhecendo o relacionamento e o que o relacionamento envolve, e deleita-se nele. É uma pequena degustação da nova criação.

Temos que esperar com paciência com Ele, não apenas por Ele. Ele está esperando por Sua Igreja, que é criada por Deus em Cristo Jesus. Mas a Igreja é criada para as boas obras, e Deus as preparou de antemão para que andássemos nelas. Não há obras para as quais você foi criado? Aquele que morreu por você, que vive por você – você não tem que viver por Ele? Em grandes coisas? Não, em pequenos detalhes. Comer para Ele, beber para Ele, dormir e acordar para Ele. Como isso enobrece todo o percurso de um Cristão! Quando eu descansar, os olhos de Cristo estarão sobre mim? De manhã, quando eu começo, é com Cristo – viver para Cristo? Como posso? Nós somos um espírito com Ele.

G. V. Wigram (adaptado)

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