Origem: Revista O Cristão – A Trindade
A Plenitude da Divindade
Na frase “foi do agrado [do Pai] que toda a plenitude n’Ele habitasse” (Cl 1:19 – ARC), o leitor pode perceber, logo à primeira vista, que a expressão “do Pai” foi inserida por nossos tradutores. Isso nos priva do desenvolvimento da glória na Pessoa de nosso mais bendito Senhor. “Pois n’Ele toda a plenitude da Divindade Se agradou habitar” (JND); Da forma como está redigida em várias versões, é apenas o prazer do Pai sobre o Filho, o que considero uma depreciação injuriosa da glória divina do Filho, privando-nos da revelação daquilo em que, para mim, consiste o Cristianismo – uma revelação da Trindade conhecida no relacionamento a que somos introduzidos pela fé nela. No capítulo 2, temos o fato: “Porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9), isto é, na encarnação do Filho. Enquanto Ele era o Filho em união pessoal com a carne como Jesus, não havia separação do Filho em relação ao Pai ou ao Espírito, embora fossem muito distintos em Seu relacionamento. Portanto, o Senhor diz que, embora Ele próprio tenha operado os milagres, “o Pai, que está em Mim, é Quem faz as obras” (Jo 14:10), e ainda: “se Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus” (Mt 12:28). Que Ele era o Filho, no entanto, é o objeto direto da fé, mas revelando o Pai e, portanto, “Quem Me vê a Mim vê o Pai” (Jo 14:9). Em uma palavra, a plenitude da Divindade (como é declarado pelo Espírito a respeito d’Ele) “n’Ele habita corporalmente”. Essas coisas podem ser difíceis quanto à explicação humana, mas não quanto à comunhão, onde está o Espírito de Deus, pois Ele revela em comunhão, segundo o poder da verdade, e de nenhuma outra maneira. E acredito que, embora o intelecto humano se despedaçe contra a glória da revelação divina, a plenitude de nosso gozo e esperança, a solidez de nosso Cristianismo e, consequentemente, a força e energia Cristãs dependem principalmente da clareza com a qual estamos concientes da unidade e Trindade, tornadas conhecidas a nós na encarnação, que é a revelação dela. Creio ser essa uma revelação conhecida, onde somente pode ser conhecida, em comunhão, pelos que foram feitos participantes do Espírito pela fé em Cristo Jesus.