Origem: Revista O Cristão – Simão Pedro

Serviço e Comida

Depois das tantas experiências, parecia que Pedro agora estava qualificado para o serviço. Ele saiu, seguido por seis outros discípulos, para pescar no mar de Tiberíades. O que caracterizou esse empreendimento foi o fato de Pedro ter tomado a iniciativa de começar a trabalhar para obter os resultados de seu esforço. Foi em vão, e a noite passou antes que ele e seus companheiros vissem seus esforços coroados com algum sucesso. Pedro empregou os mesmos meios que usou em uma ocasião correspondente, anterior à sua conversão. Quantas vezes quando Deus nos confia um serviço ativo, nós o fazemos como homens na carne, e nosso trabalho é estéril? É importante entender que, no ministério, tudo, absolutamente tudo, deve ser de Deus e nada do homem.

O lado direito 

A cena mudou assim que Jesus Se apresenta na praia; Sua presença inaugurou o amanhecer de um dia de bênção. Sua presença era o que era mais necessário. Enquanto eles haviam trabalhado duro sem Ele, seus esforços foram infrutíferos. Era o amanhecer quando essa cena aconteceu. Há um momento especial determinado por Deus para o serviço, e os discípulos, indiferentes a isso, perderam seu tempo durante toda a noite. Eles encontraram o peixe no lado direito do barco, em um lugar especial conhecido apenas por Jesus, e Pedro teve que confiar nesse conhecimento antes que sua atividade pudesse ser coroada de sucesso. Os discípulos lançaram a rede de acordo com Sua palavra, não tendo mais nada em que confiar, e capturaram 153 grandes peixes; suas pescarias neste local foram encerradas com um número determinado e conhecido apenas pelo Senhor. A partir desse momento eles tinham algo mais a fazer; eles trouxeram o resultado de seu trabalho para Jesus (v. 10). Eles não pescaram para si ou para os outros, mas somente para o Senhor.

Oh, que o nosso coração possa aprender essa lição! Será que nossa vida consiste em uma longa noite de atividade humana dirigida pela vontade do homem, ou se assemelha a uma aurora iluminada pela presença do Senhor? Vemos nossas redes cheias porque trabalhamos em dependência d’Ele?

Quanto à comida, Jesus estava em pé na praia e disse: “Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-Lhe: Não”. Sem dúvida, eles pensaram que esse Estranho, a quem ainda não haviam reconhecido, estava precisando de comida. Mas a pergunta os forçou a afirmar que até agora todo o seu trabalho não havia dado nada a Cristo. Depois vieram as palavras: “Lançai a rede”. Era como se Ele lhes dissesse: “Se quiserdes dar-Me algo, deveis recebê-lo de Mim”. A partir desse momento João, o discípulo a quem Jesus amava, não podia mais estar enganado, pois para ele o Senhor era Aquele que dava e a Quem nada era dado.

Trabalho 

Aqui outro ponto aparece; os próprios discípulos não tinham nada para comer. O trabalho não alimenta; ele provoca fome. Mesmo um trabalho frutífero, uma pesca milagrosa, deixou os discípulos muito famintos. Quantas almas existem nos dias atuais de atividade que permanecem infrutíferas apesar de todo o seu trabalho, porque se iludem quanto ao proveito espiritual que sua atividade traz à sua vida espiritual! Não foi no mar em meio a todo o esforço e agitação ao redor, mas na costa onde tudo estava quieto, quando os discípulos ouviram o Senhor lhes dizendo: “Vinde, jantai”. A refeição não foi preparada inicialmente com peixes retirados da rede, mas fornecida pelo próprio Senhor, que a distribuiu a eles. Eles se alimentaram do resultado da obra de Cristo – do que somente Ele havia feito por eles.

Que assim seja conosco, amados. Quando tivermos levado o resultado do nosso serviço ao Senhor, para que Ele faça com isso o que achar melhor, assentemo-nos, convidados por Ele, para nos alimentarmos d’Ele no retiro da praia.

Voltemos à santa Palavra que revela Cristo, não apenas para os outros, mas, acima de tudo, para nós mesmos. Depois de ter se alimentado, Pedro foi conduzido um passo adiante em seu serviço e foi capacitado a alimentar os cordeiros e ovelhas do Senhor.

H. L. Rossier

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