Origem: Revista O Cristão – Os Mistérios
As Duas Orações e o Mistério
A oração em Efésios 1:15‑23 é para o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele é visto como Homem, mas o Objeto de todos os pensamentos de Deus. A oração em Efésios 3:14‑21 é ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele é visto como Filho. A primeira oração se baseia em três grandes temas: (1) a esperança de Seu chamado, (2) as riquezas da glória de Sua herança nos santos e (3) a grandeza do poder que nos colocou no chamado. Para entender isso, os olhos do nosso coração devem ser iluminados. O coração do apóstolo transbordou em adoração, atribuindo bênção Àquele que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais. Observe que é o chamado d’Ele, o chamado de Deus, não o nosso chamado. A esperança de Seu chamado não é especialmente a vinda do Senhor, mas a percepção de tudo para o que Deus nos chamou, em Cristo, como fruto de Seu propósito. Assim como o chamado nos leva a olhar para o céu, a herança direciona a atenção para a Terra.
Originalmente, Sua herança estava em Israel; agora está nos santos. Nós não somos a herança, mas herdeiros de Deus. Nós obtivemos uma herança em Cristo. Esses pensamentos não devem ser confundidos um com o outro; todos eles são bem distintos. Duas grandes partes dessa oração são: primeiro, que os efésios possam conhecer o lugar e segundo, que eles possam conhecer o poder que os levou até lá. Esse poder é extremamente grande e encontra sua medida na ressurreição de Cristo dentre os mortos. Tudo ao redor estava na morte. O homem estava morto em delitos e pecados, em meio aos quais Deus operou para realizar o Seu propósito eterno e ao mesmo tempo revelar-Se a Si mesmo. As autoridades selaram o túmulo e colocaram uma guarda, decidiram que Cristo nunca mais iria interferir com a humanidade, mas Ele ressuscitou dentre os mortos pela glória de Deus Pai. Esse mesmo poder nos vivificou juntamente com Ele e nos ressuscitou e nos fez assentar juntamente nos lugares celestiais em Cristo Jesus. A primeira parte do capítulo 1 revela nosso lugar individual em Cristo diante de Deus Pai na eternidade, enquanto a segunda parte mostra nosso relacionamento corporativo com Cristo como Seu corpo em relação à obra de Deus para cumprir Seu propósito eterno.
A segunda oração
No terceiro capítulo, o apóstolo apresenta seu duplo ministério; o do evangelho e o do mistério, para fazer todos os homens verem qual é a administração desse ministério. Esse está relacionado ao tempo presente; não será necessário no céu. É esperado que a conduta do Cristão aqui seja profundamente afetada por ele. Os anjos, os poderosos poderes do céu, veem na Igreja o que não viram na criação, nem nas manifestações subsequentes de Deus. Na revelação do mistério, mostra-se um novo desdobramento nos caminhos de Deus, a saber, que os gentios devem ser coerdeiros e participantes da Sua promessa em Cristo no evangelho. Seus componentes mal ajustados (judeus e gentios) formam, todavia, um só corpo, constituído por todos os que pertencem a Cristo, unidos a Ele em glória. A oração não é para que possamos conhecer nosso lugar em Cristo (como no capítulo 1), mas que a verdade possa estar habitando de forma renovada em nosso coração na comunhão de Cristo. Existem recursos nas riquezas de Sua glória – o poder pelo qual podemos ser fortalecidos pelo Espírito no homem interior. É o Espírito Quem opera para que Aquele que habita no seio do Pai possa habitar no coração dos Cristãos pela fé! A primeira oração tem a ver com estarmos em Cristo; a segunda oração, com Ele estando em nós. Ele é o centro do propósito eterno; esse centro é trazido ao nosso coração pelo Espírito. O amor de Cristo fará com que os santos apreendam a largura, o comprimento, a altura e a profundidade da esfera ilimitada da glória (que não pode realmente ser definida), e então conheçam o próprio amor que ultrapassa o conhecimento. A primeira oração é objetiva, uma vez que o poder está operando exteriormente; na segunda oração, o poder está operando em nós interiormente e, portanto, é subjetivo em seu efeito. É muito apropriado que a oração termine com uma doxologia tão maravilhosa.