Origem: Revista O Cristão – Jó: O caminho de Deus é com ele

O Fim ou o Propósito do Senhor

“Vistes o fim que o Senhor lhe deu” (Tg 5:11). O Senhor sempre tem um “fim” ou objetivo em vista em tudo o que acontece com Seu povo, particularmente quando doenças e problemas semelhantes vêm sobre eles. É extremamente importante que tenhamos esse fato firmemente estabelecido em nosso coração, pois se conhecermos “o fim do Senhor”, isso nos permitirá passar ainda mais agradecidos pelo período de provação. E quanto mais firmemente estivermos convencidos desse fato, mais leve a provação parecerá e mais curta sua duração.

O apóstolo Paulo, em suas inigualáveis aflições, sabia que “o fim do Senhor” era “um peso eterno de glória mui excelente”. Com essa perspectiva em vista, sua aflição presente parecia ser leve quanto ao seu caráter e apenas por um momento quanto à sua duração (2 Co 4:17-18).

Há uma grande diferença entre procurar o fim da provação e procurar “o fim do Senhor”. É natural procurar o primeiro, e se a provação for uma doença, então o mais comum é chamar um médico e tomar remédios para se livrar dela. Pois espera-se que cuidemos desse corpo que temos agora. Mas é preciso fé para procurar “o fim do Senhor”, pois essa é uma das coisas “que se não veem”. “Ora, a fé é a substanciação das coisas que se esperam, a convicção de coisas que não se veem” (Hb 11:1 – JND).

A referência em Tiago 5:11 é a única alusão ao livro de Jó em toda a Bíblia, embora o nome de Jó seja mencionado duas vezes em Ezequiel 14. Jó, em todas as suas explicações sobre suas aflições, atribuiu-as às ações de Deus, mas não reconheceu que Deus tinha um propósito benéfico nelas. A única perspectiva que Jó podia ver de escapar delas era pela morte. A diferença entre a visão de Jó e a de seus três amigos era que Jó sustentava que Deus enviava o mal aos homens, assim como enviava o bem, e que sendo Deus, Ele tinha o direito de fazer o que quisesse com Suas próprias criaturas. Portanto, os homens devem aceitar o mal sem reclamar, assim como aceitam o bem das mãos de Deus. As palavras de Jó para sua esposa declaram suas opiniões: “receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isso não pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2:10). Jó manteve isso até silenciar seus três amigos.

Os três amigos de Jó 

Seus amigos sustentavam o contrário. Eles diziam que as aflições eram punições pelos pecados e eram sempre em proporção exata à natureza dos pecados. Por esse argumento ficou claro que Jó, sendo o mais aflito de todos os homens, devia ser o mais perverso de todos os homens. A grande discussão chegou ao fim sem que nenhum dos quatro homens demonstrasse ter a menor ideia do propósito de Deus, apesar das muitas coisas excelentes que eles disseram sobre Deus.

O propósito de Deus em permitir aflições é trazer o aflito à bênção por meio do julgamento próprio, confissão e correção de seus caminhos. Nenhum deles tinha o menor pensamento sobre “o fim do Senhor” ou que “o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Em tudo o que aqueles quatro homens disseram sobre Deus, as palavras amor, misericórdia, gentileza, bondade, compaixão, piedade e semelhantes não ocorreram uma única vez. Não obstante todos os seus grandes pensamentos sobre Deus, eles não O conheciam bem. “Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu Sou o SENHOR, que faço beneficência, juízo e justiça na Terra; porque destas coisas Me agrado, diz o SENHOR” (Jr 9:23-24).

Eliú 

Eliú resume a contenda de Jó no capítulo 33:9-11: “Limpo estou, sem transgressão; puro sou; e não tenho culpa. Eis que Ele acha contra mim ocasiões e me considerou como Seu inimigo. Põe no tronco os meus pés e observa todas as minhas veredas” Ou seja, Deus fez todas essas coisas arbitrariamente, embora Jó fosse, aos seus próprios olhos, limpo, sem transgressão e inocente.

Eliú rejeita essa visão do assunto dizendo brevemente: “Eis que nisto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do que o homem”. Então ele prossegue mostrando que em todos os tratamentos de Deus para com os homens, Seu propósito é salvá-los de descer ao abismo e trazê-los para a luz dos viventes.

Muitas vezes agimos como se não tivéssemos nenhum “Intérprete” inspirado para nos dizer claramente os significados dessas coisas em nossa vida, Alguém que nos dirá que “o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Mas há Alguém para revelar o fato de que Ele mesmo disse: “já achei resgate” na Pessoa de Seu próprio Filho amado. Ele abrirá livremente o depósito de Suas ricas misericórdias para todo homem como Jó, que disse: “Pequei e perverti o direito, o que de nada me aproveitou” (Jó 33:27).

Eliú conclui sua lição com as palavras em Jó 37:23: “Ao Todo-poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça” Em relação à aflição, também está escrito: “Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das Suas misericórdias. Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens” (Lm 3:32-33).

Quantas vezes os filhos de Deus, como Jó, têm que aprender da maneira mais difícil. O velho ditado alemão está correto: “Quem não quer ouvir, tem que sentir”. As súplicas graciosas do Senhor passam despercebidas até que, a cada vez, precisam ser ditas de maneiras mais claras. Pode ser primeiro por um sonho, em uma visão da noite, quando o sono profundo cai sobre os homens, em sonolências na cama. Se não forem ouvidas, podem ser em seguida por instrução: “então, abre os ouvidos dos homens, e lhes sela a sua instrução”. Finalmente, pode ser por castigo como “Também na sua cama é com dores castigado, e com a incessante contenda dos seus ossos”. Finalmente, em sua dor, Jó aprendeu sua lição.

Adaptado de Christian Treasury, Vol. 4

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