Origem: Revista O Cristão – Jó: O caminho de Deus é com ele
Os Três Amigos de Jó
No mês passado, em nossa primeira edição de O Cristão sobre Jó, falamos um pouco sobre Jó e seus três amigos – quem eles eram e quando viveram. Podemos mencionar um pouco sobre eles quanto à sua origem ancestral. Está registrado que Elifaz era um temanita, e sabemos que o primeiro homem com o nome Elifaz era filho de Esaú. Por sua vez, seu filho Temã é nomeado como um dos príncipes de Edom – veja Gênesis 36:10, 15. Bildade, o suíta, é o próximo nomeado, e ele pode ter sido descendente de Suá, que era filho de Abraão e Quetura. Finalmente, Zofar, o naamatita, é nomeado, e não temos informações específicas sobre sua ascendência. Mas todos eram amigos de Jó, embora provavelmente vivessem a alguma distância dele.
A interação deles com Jó é interessante e instrutiva, pois embora eles tenham acusado Jó injustamente, o Senhor o permitiu, pois isso trouxe à tona algo em Jó que ainda não havia aparecido, apesar de toda a sua aflição anterior vinda de Satanás. O que havia em seus discursos para Jó que causou tanta dificuldade?
É claro que eles realmente eram amigos de Jó. Em toda a interação com Jó, o Espírito de Deus nunca os chama de outra coisa senão seus amigos. Que eles realmente se importavam com Jó é evidente, pois eles tinham combinado de se reunir para visitá-lo, sem dúvida depois de ouvir relatos de tudo o que tinha acontecido com ele. Mais do que isso, eles não eram rápidos em falar, como talvez alguns de nós teríamos sido. Não, está registrado que “E se assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande” (Jó 2:13). Então foi Jó quem quebrou o silêncio, e eles começaram, um após o outro, a responder a ele.
Justiça retributiva
O que foi dito por aqueles três amigos às vezes continha verdade, e até mesmo Jó reconheceu isso em um ponto, quando disse: “Na verdade sei que assim é” (Jó 9:2). No entanto, sua perspectiva e base de raciocínio estavam erradas, e essas têm sido frequentemente usadas neste mundo, quando os tratamentos de Deus com o homem estão em questão. Todos os três assumiram que os atuais tratamentos de Deus com o homem, e particularmente o que parecia ser “justiça retributiva”, eram o governo e o julgamento de Deus sobre o homem por transgressões. Quando Jó foi afligido tão severamente, eles assumiram que Deus o estava punindo por pecados ocultos. Eles até inventaram uma lista de supostos pecados que Jó haveria cometido, e o acusaram deles, sem qualquer prova.
Como apontamos em outro lugar nesta edição de O Cristão, Deus usou tudo isso para trazer à tona algo em Jó que talvez nem ele mesmo tivesse percebido que estava lá – uma raiva e impaciência que eram o resultado de seu orgulho em seu próprio caráter. Infelizmente, essa raiva e impaciência foram eventualmente direcionadas até mesmo contra o Senhor. No entanto, quando Jó aprendeu sua lição, Deus teve que dizer a Elifaz: “A Minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de Mim o que era reto, como o Meu servo Jó” (Jó 42:7). Eles foram compelidos a oferecer sacrifícios e a pedir a Jó que orasse por eles. Evidentemente eles fizeram isso e foram perdoados.
O que aprendemos com tudo isso? Primeiro, do lado de Jó, aprendemos que Deus pode e usa aqueles que podem dizer coisas sobre nós que não são verdadeiras. Um velho irmão costumava nos lembrar: “Eu nunca saberei o quão próximo você anda do Senhor até que alguém diga algo desagradável sobre você, e eu veja como você reage”. Outros podem ser culpados de ações erradas, mas, será que às vezes somos, como Jó, culpados de reações erradas?
Suposições erradas
Do lado dos amigos de Jó, suas reações às calamidades de Jó mostraram que eles não tinham ideia de como o Senhor trabalha ou o que Ele estava fazendo com Jó. Como resultado, todos os seus conselhos estavam “longe do alvo” e apenas aumentaram o sofrimento de Jó. Eles basearam seus conselhos em seus próprios pensamentos e experiências, em vez dos pensamentos de Deus. Dessa forma, eles fizeram suposições sobre Jó que não eram verdadeiras e que causaram muito dano.
Alguns podem argumentar que eles fizeram o melhor que puderam e realmente tentaram ajudar com a luz limitada que tinham de Deus naqueles dias. Mas então um homem mais jovem aparece – Eliú – que tinha a mente do Senhor e que falava por Deus, não apenas a Jó, mas também a seus amigos. Como ele obteve essa luz, em um dia antes de as Escrituras serem escritas? A resposta é que ele estava andando com o Senhor e, como um homem mais jovem, ele não confiou em sua própria experiência ou em seus próprios pensamentos. Em vez disso, ele procurou olhar para todo o assunto com o ponto de vista de Deus, e ele foi o único capaz de esclarecer todo o assunto para Jó e seus amigos. O Senhor lhe deu sabedoria muito além de sua idade porque ele confiou no Senhor, e não em sua própria sabedoria.
Fale corretamente pelo Senhor
Ser capaz de falar pelo Senhor neste mundo é algo muito a ser desejado por cada um de nós. Vivemos em um mundo que está se afastando do temor do Senhor com ímpeto crescente e que despreza os pensamentos de Deus, enquanto se exalta. No meio de tudo isso, aqueles que podem falar pelo Senhor, com Seus pensamentos, são cada vez mais necessários. Paulo poderia lembrar aos colossenses: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal” (Cl 4:6), e é esse caráter duplo da linguagem que devemos desejar. Graça é o caráter desta dispensação, pois Deus “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4 – ARA). Por outro lado, o sal nos lembra da santidade de Deus e de Suas justas reivindicações sobre nós. Ser capaz de misturá-los em uma combinação correta somente pode ser feito por uma caminhada com o Senhor e pelo poder do Espírito de Deus.