Origem: Revista O Cristão – Restituição
A Restauração de Todas as Coisas
A frase a “restauração de todas as coisas” (ARA) refere-se àquela “era de ouro” da qual os profetas escreveram com entusiasmo e sobre a qual os salmistas cantaram extasiados desde o início de seu testemunho. É aquele maravilhoso tempo em que os direitos divinos serão respeitados em todos os lugares aqui embaixo, quando o Jesus, há muito rejeitado, será entronizado em Seu reino designado e quando a carreira maligna do homem será abruptamente interrompida. Então o poder de Satanás será colocado de lado; sua obra miserável será em grande parte desfeita e as feridas da criação serão curadas. “O ermo exultará e florescerá como a rosa”; “em lugar da sarça, crescerá a murta”; “a glória do SENHOR se manifestará, e toda carne juntamente a verá”; sim, “e todos os confins da Terra verão a salvação do nosso Deus” (Is 35:1, 55:13, 40:5 – ARA, 52:10). Era abençoada! Quão longe estaria se julgássemos pelas aparências, mas quão perto quando erguemos a lâmpada profética com fé!
Vamos ler juntos Atos 3:19-21: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie Ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o Qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas, desde o princípio.” Pedro era o orador. Ele estava se dirigindo ao povo judeu por ocasião da cura do coxo na Porta Formosa do templo. Ele fez uma proposta definitiva ao seu público – pela autoridade divina, é claro. Se eles se arrependessem de seus muitos pecados, e especialmente de sua rejeição homicida de Jesus, tempos de refrigério viriam a eles desde a presença de Jeová. Ele até enviaria de volta Aquele a Quem eles haviam expulsado, e o tempo da restauração de todas as coisas seria estabelecido. Os leitores da Bíblia em Israel há muito esperavam por tal consumação. Em Mateus 17:11, o Senhor confirmou os discípulos em sua expectativa de que Elias “virá primeiro e restaurará todas as coisas”. De acordo com essa esperança, eles perguntaram a Ele após Sua ressurreição: “Senhor, restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1:6). Agora Pedro, com luz do céu em sua própria alma como nunca possuiu antes, apresenta ao povo as condições sob as quais a tão esperada restauração poderia ocorrer. Seus pensamentos podem estar limitados a Israel; Os pensamentos de Deus abrangem toda a criação.
A restauração de todas as coisas depende de dois outros eventos: o arrependimento de Israel e o retorno de Jesus. Ele não retornará até que Israel esteja preparado para recebê-Lo, e até Seu retorno nenhuma restauração universal é possível. Um milênio sem o Senhor Jesus, quaisquer que sejam os objetivos e desejos dos homens, nunca pode existir.
O arrependimento de Israel
A restauração de todas as coisas tem limitações. As palavras de Pedro mostram isso – “Do Qual Deus falou pela boca de Seus santos profetas desde o início dos tempos”. Alguns têm pressionado as palavras do apóstolo para que incluam até mesmo os mortos não perdoados. A restauração não vai além do que “Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas”, e certamente nenhum profeta nos convida a procurar a restauração do favor divino de homens que morreram em seus pecados. O ponto de vista dos profetas era a Terra, e em linguagem comovente descrevem a remoção pelo poder divino de todas as cicatrizes que o pecado causou, a fim de que Deus possa mais uma vez ter prazer nas obras de Suas mãos, e que os homens possam desfrutar de Sua misericórdia. A cura do coxo foi um exemplo, ilustrando de modo notável Isaías 35:5-6.
Naquela era, Israel será restaurado. Todas as doze tribos desfrutarão da bênção de Deus em toda a extensão da magnífica possessão prometida aos pais. (No passado, eles ocuparam apenas uma pequena parte de sua herança destinada.) O templo será restaurado a eles, com a presença de Jeová enchendo-o continuamente (Sl 68:29; Ez 43:4-5). Nenhum deles precisará exortar seu próximo: “conhecei ao Senhor”, pois todos O conhecerão do menor ao maior deles (Jr 31:34).
As nações
As nações também serão abençoadas (Sl 22:27-28, 72:17). Não mais serão caracterizadas pelo orgulho e independência de Deus, não mais cheias de inveja e ódio uma pela outra, elas habitarão pacificamente sob o domínio do Rei dos reis e Senhor dos senhores. De acordo com o propósito divino, reconhecerão o lugar especial de favor e supremacia dado a Israel, e prestarão respeitosa homenagem. Elas buscarão a face de Jacó, como o Salmo 24:6 nos diz, porque Deus está na terra de Jacó. De ano em ano, os embaixadores de todas as nações comparecerão em Jerusalém na Festa dos Tabernáculos (Zc 14:16).
A criação em geral será restaurada. Os fortes não mais atacarão os fracos. Até o lobo habitará com o cordeiro, o leopardo se deitará com o cabrito e o leão comerá palha como o boi (Is 11:6-7). O governo benéfico do Filho do Homem se estenderá aos “animais do campo, às aves do céu e aos peixes do mar, e a tudo o que passa pelas veredas dos mares” (Sl 8:7-8). A manifestação dos filhos de Deus será o sinal para a libertação completa de todos da escravidão da corrupção (Rm 8:19-21).
Mas qualquer que seja a bem-aventurança daquela época, a perfeição absoluta não será alcançada e, portanto, a finalidade não será atingida. A Era Milenar (a última das dispensações de Deus) é o portal para o reino eterno, o estado eterno, os novos céus e a nova Terra. Nela a perfeição será realmente encontrada. O Filho do Homem tendo subjugado todo adversário e silenciada toda língua rebelde, Deus será “tudo em todos” (1 Co 16:28).