Origem: Revista O Cristão – Fruto do Espírito

O Fruto do Espírito como Visto no Homem Cristo Jesus

O Senhor Jesus tornou-Se um Homem de verdade, assim como nós, exceto que Ele era “sem pecado” (Hb 4:15). Além disso, como todo verdadeiro crente, Ele foi ungido com o Espírito de Deus, pois a Palavra de Deus registra que o Espírito desceu sobre Ele como uma pomba (Mt 3:16). Assim, toda ação em Sua vida era a de um Homem perfeito e dependente, e essas ações eram pelo poder do Espírito de Deus. A exibição do “fruto do Espírito” n’Ele foi perfeita em todos os sentidos.

O fruto do Espírito, como nos foi trazido em Gálatas 5:22-23, é dado em uma ordem que é significativa. Em primeiro lugar, há o que era divino, em entidades como o amor, o gozo e a paz. Essas qualidades também fluíram em bênção para o homem, embora manifestadas primeiramente para Deus. Então temos os aspectos mais práticos do fruto – coisas que nos afetam em grande parte, e afetam os outros também. Todos eram perfeitos e combinados pelo Espírito de Deus.

Amor, gozo e paz 

A primeira qualidade é o “amor” (caridade – ARC), e sem isso nada mais pode existir. Sem amor, todos os outros aspectos do fruto deixam de existir, pois o amor deve ser o motivo para tudo em nossa vida. Com o Senhor Jesus, Ele poderia dizer com confiança a Seu Pai: “porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). O Senhor Jesus desfrutou perfeitamente desse amor e o retribuiu. Ele pôde dizer: “para que o mundo saiba que Eu amo o Pai e que faço como o Pai Me mandou” (Jo 14:31). Sua perfeita obediência fluiu de Seu amor ao Pai.

Isso nos faz regozijar e, novamente, está ligado à obediência. Era o supremo gozo de nosso abençoado Mestre fazer a vontade do Pai. Lemos em Hebreus 12:2: “Olhando para Jesuso Qual, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz”. O gozo aqui é o de fazer a vontade do Pai e depois poder dizer com confiança: “tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4). Embora Seu caminho fosse, em muitos aspectos, um caminho de tristeza, ainda assim Ele tinha um gozo interior que fazia tudo valer a pena. Ele desejou o mesmo para os Seus, pois Ele orou no final de Seu tempo aqui embaixo, “para eles que tenham o Meu gozo completo em si mesmos” (Jo 17:13- ARA). Se formos fiéis ao Senhor, nossa experiência neste mundo será de tristeza, mas podemos ter Seu gozo em nosso coração – o gozo da obediência.

Em seguida, temos “paz”, e Sua paz é mencionada em João 14:27: “a Minha paz vos dou”. Isso deve ser distinguido da paz que é nossa quanto aos nossos pecados terem sido perdoados; isso é mencionado primeiro no versículo: “Deixo-vos a paz”. Essa paz é o resultado de Sua obra por nós na cruz. Mas Sua paz era aquela paz que aceita todas as circunstâncias como vindas de Deus e, em seguida, leva todas as dificuldades dessas circunstâncias a Deus. Embora Ele certamente as sentisse, circunstâncias difíceis nunca perturbaram o Senhor Jesus; Ele as aceitou de Seu Pai e passou muito tempo em oração. Essa mesma paz nos é deixada como legado, mas depende de andarmos “como Ele andou” (1 Jo 2:6).

Longanimidade, benignidade e bondade 

A “longanimidade” é um dos frutos mais difíceis de exibir, pois a maioria de nós é naturalmente impaciente e não quer suportar as coisas que nos incomodam. Isto é especialmente verdadeiro quando vemos a atividade da carne nos outros. Nosso Senhor Jesus nunca perdeu a paciência ou falou uma palavra indelicada, apesar da insensibilidade de Seus discípulos e das exigências das multidões que O seguiam por toda parte. Quando Ele e Seus discípulos atravessaram o Mar da Galileia para um necessário descanso e as multidões O seguiram, quão longânimo Ele foi! Como um pastor, Ele pregou a eles e depois os alimentou. Mesmo quando os discípulos talvez estivessem impacientes com tudo isso, quão longânimo Ele era para com eles! Ele foi um exemplo perfeito para nós.

A “benignidade”, ou gentileza, é a próxima. Quão necessária! A palavra original em grego é usada várias vezes no Novo Testamento. Também é traduzida como “bondade”, como em Efésios 2:7 (AIBB): “Sua bondade para conosco, em Cristo Jesus”. É aquela excelência de caráter que pensa nos outros e age com benignidade e bondade para com eles. A bondade do Senhor Jesus ultrapassa tudo o que podemos pensar, pois Sua bondade não estava apenas nas coisas naturais. Sua bondade O levou até a cruz do Calvário, para carregar nossos pecados. Essa mesma bondade em Deus e no Senhor Jesus será demonstrada por toda a eternidade, à medida que nos são mostradas “as abundantes riquezas da Sua graça”.

Em seguida, temos a “bondade”, e podemos pensar que essa qualidade já foi abordada na palavra “benignidade”, pois também significa bondade. No entanto, essa palavra em grego é diferente e é usada apenas quatro vezes no Novo Testamento (G19 – agathōsunē – Rm 15:14; Gl 5:22; Ef 5:9; 2 Ts 1:11). Tem o pensamento de virtude, ou de ser benéfico para os outros. É o espírito de dar em vez de receber. Quando o Senhor Jesus veio a este mundo, Deus estava procurando algo no homem caído por 4.000 anos. Como Ele não recebeu nada, Deus Se tornou um Doador, e durante todo o Seu ministério neste mundo, nosso Senhor foi um Doador. Ele nunca fez nada para agradar a Si mesmo; Seu coração sempre olhava para os outros e estava pronto para dar o que fosse necessário a eles, de acordo com a vontade de Deus.

Fidelidade, mansidão e domínio próprio 

A próxima palavra é “fé”, mas também pode ser traduzida como “fidelidade” ou lealdade. Certamente inclui uma firme crença no que Deus deu, mas também aquela constância e continuidade firme nisso, não apenas em relação a Deus, mas também em relação aos outros. Falamos com toda a reverência que o Senhor Jesus, como o Homem perfeito e dependente, não tinha dúvida da fidelidade de Deus. Ele disse: “Pois não deixarás a Minha alma no inferno (Seol – JND), nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção” (Sl 16:10). Ele também orava com confiança: “Deus Meu, não Me leves no meio dos Meus dias” (Sl 102:24). Da mesma forma, outros poderiam depender totalmente d’Ele para cumprir o que Ele disse que faria. Quando Ele disse: “e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:20), os Seus sabiam que Ele estaria lá por eles.

A mansidão é mencionada muitas vezes na Palavra de Deus, e especialmente em conexão com Moisés – veja Números 12:3. Mas mansidão não é fraqueza, pois embora nosso Senhor tenha manifestado mansidão como nenhum outro manifestou, Ele não era fraco. Mas Sua mansidão mostrou-se em nunca se ofender. Sim, Ele defendeu a glória de Seu Pai e insistiu em Sua própria Pessoa como o Filho de Deus. No entanto, quando insultos pessoais foram lançados contra Ele, Ele os ignorou. Ele foi chamado de samaritano. Em Sua mansidão, o Senhor Jesus não respondeu aos insultos que Lhe foram dirigidos.

Finalmente, tudo isso nos leva à temperança, ou domínio próprio. Às vezes, dizemos de alguém que fala ou age de maneira indevida: “Ele estava (ou está) fora de controle”, o que significa que suas palavras e linguagem corporal são controladas por emoções incivilizadas, em vez de calma razão. Mas nunca o Senhor Jesus Se permitiu agir dessa maneira, pois Suas ações estavam sempre no poder do Espírito de Deus. Ocasionalmente, Ele podia demonstrar ira justa, mas nunca “deixou o Sol se pôr” sobre Sua ira (Ef 4:26). Ela foi sempre medida na quantidade certa e da maneira certa. Ele chamou a atenção dos escribas e fariseus pela hipocrisia deles (Mt 23), e expulsou os cambistas e animais do templo em duas ocasiões. No entanto, tudo foi feito em perfeito domínio próprio.

Nós também, como crentes, somos habitados pelo Espírito de Deus e podemos exibir esses mesmos frutos do Espírito, pois lemos em João 3:34 que “não lhe dá Deus o Espírito por medida”. Se andássemos mais no poder desse Espírito, também seríamos capazes de exibir mais do fruto do Espírito, assim como fez nosso abençoado Mestre. Ele fez isso perfeitamente; a perfeição conosco não virá até que estejamos em casa com Ele, mas este é o padrão para nós agora. 

W. J. Prost

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