Origem: Revista O Cristão – Mares
A Passagem pelo Mar Vermelho
A primeira coisa, quando Deus desperta a alma para a percepção de pecado aos Seus olhos, é a questão de como ela pode ser protegida contra o justo julgamento do pecado. Então ela vê o sangue nos umbrais das portas e fica em paz. Portanto, se eu perder de vista o sangue, Deus ainda é, no entendimento da minha alma, um Juiz. Ora este não é, de forma alguma, o lugar apropriado para um crente estar. Há a justiça de Deus, e “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Se posso dizer que o sangue que foi derramado satisfez essa justiça, posso ver que Deus não é mais um Juiz, Sua justiça foi satisfeita. Mas se, por outro lado, Sua justiça ainda tem que ser satisfeita, Deus ainda é um Juiz.
O poder do mal
Os israelitas ficaram tão aterrorizados, angustiados e desanimados, tão subjugados pelo poder do mal que era contra eles, que entraram na questão prática de saber se Deus ou Satanás é que deveria tê-los. E assim é constantemente com os santos. Temos sido tão escravizados pelo poder de Satanás que não temos consciência da redenção para Deus. Havia Faraó (Satanás para nós), o poder do mal, perseguindo-os e conduzindo-os até este ponto, até que a morte e o julgamento (dos quais o Mar Vermelho é o símbolo) os encararam. A questão deve ser resolvida, se eles conseguirem passar pela morte e pelo julgamento. Eles não conseguiram sair da dificuldade por conta própria: O Mar Vermelho estava diante deles, e eles não conseguiam passar por ele. O Faraó e todo o seu exército estavam atrás deles, e não havia como escapar por outro caminho. Eles estavam completamente fechados e levados à sensação de que deveria haver um libertador ou estaria tudo acabado para eles. Tudo isso era extremamente alarmante em si mesmo, mas era a maneira de Deus libertar. “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos e vede o livramento do SENHOR, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre” (Êx 14:13). Você não pode ir para trás nem para frente; você deve apenas ficar quieto e ver a salvação do Senhor. “O SENHOR pelejará por vós, e vos calareis” (Êx 14:14).
O Senhor intervém e Se coloca entre Satanás e Seu povo. “E o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, Se retirou e ia atrás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles e se pôs atrás deles. E ia entre o campo dos egípcios e o campo de Israel; e a nuvem era escuridade para aqueles e para estes esclarecia a noite; de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro” (Êx 14:19-20). Antes de dar o conforto da libertação, Ele sempre cuida para que Satanás não nos toque.
O poder sobre o mar
Então, o que acontece com Israel? Versículo 21: A própria coisa que parecia ser a sua destruição torna-se a sua salvação. “Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o SENHOR fez retirar o mar por um forte vento oriental toda aquela noite; e o mar tornou-se em seco, e as águas foram partidas E os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco; e as águas lhes foram como muro à sua direita e à sua esquerda” (vs. 21-22). Não foi uma batalha de Israel contra Faraó. “E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até ao meio do mar. E aconteceu que, na vigília daquela manhã, o SENHOR, na coluna de fogo e de nuvem, viu o campo dos egípcios; e alvoroçou o campo dos egípcios, e tirou-lhes as rodas dos seus carros, e fê-los andar dificultosamente. Então, disseram os egípcios: Fujamos da face de Israel, porque o SENHOR por eles peleja contra os egípcios. E disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros. Então, Moisés estendeu a sua mão sobre o mar, e o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios fugiram ao seu encontro; e o SENHOR derribou os egípcios no meio do mar, porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem ainda um deles ficou. Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar em seco: e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda. Assim, o SENHOR salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar” (vs. 23-30).
Morte
A morte é o salário do pecado; não há escapatória; o Mar Vermelho deve ser atravessado. “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9:27). Isso é a consequência natural do pecado. Não importa se são egípcios ou israelitas, a morte e o julgamento atingem a todos. O Mar Vermelho deve ser atravessado. Mas se formos recebidos em graça, como foi o caso de Israel, veremos que exatamente isso é nossa libertação completa e pura. Lá, o pobre Israel se levantou e olhou para a derrota eterna de seus inimigos. Quando os egípcios estavam mortos na praia, Israel estava seguro, cantando o cântico da redenção. É verdade que o deserto tinha que ser percorrido, Amaleque ser combatido, e assim por diante, mas eles estavam fora do Egito.
Tentando passar pelo Mar Vermelho
E agora sobre a “tentativa” de passar pelo Mar Vermelho: É isso, infelizmente, o que muitos estão fazendo no presente momento. Não estou falando agora dos inimigos declarados de Deus, mas daqueles que estão “tentando” passar pela morte e pelo julgamento à sua maneira. Só porque eles estão em um país Cristão e entre Cristãos, eles esperam, com o nome de Cristo, chegar ao céu em companhia do povo de Deus. Mas se chegamos ao Mar Vermelho, a morte e o julgamento devem ser atravessados, e onde estaremos com toda a nossa sabedoria e conhecimento egípcios, com todos os nossos carros e cavaleiros, diante da morte e do julgamento? Se a questão da morte e do julgamento ainda não está resolvida (como foi para Israel quando “pela fé passaram pelo Mar Vermelho como por terra seca”), isso deve ser nossa destruição. As pessoas confessam que têm que morrer e que após a morte há um julgamento, mas se elas estão “tentando” fazer isso com suas próprias forças, será então, positivamente, uma destruição.
Todos nós devemos, convertidos ou não convertidos, desistir do mundo. O mais forte admirador do mundo deve, mais cedo ou mais tarde, desistir de suas vaidades e prazeres, suas esperanças e interesses; ele deve desistir dessas coisas. A única diferença é que o Cristão as abandona por Deus, o mundano as abandona porque não pode mantê-las. O rei do Egito abriu mão do Egito e da corte egípcia, assim como Moisés, mas há uma diferença: o rei do Egito abriu mão dele por julgamento, Moisés abriu mão dele por Cristo.