Origem: Revista O Cristão – A Boca, os Lábios, a Língua
Uma Palavra Sobre a Fala Imprudente
A Escritura nos diz que “o indignaram junto às águas de Meribá, de sorte que por causa deles [o povo de Israel] resultou mal a Moisés: Porque eram rebeldes ao espírito de Deus, E Moisés falou imprudentemente com os seus lábios” (Sl 106:32-33).
É muito importante percebermos que Deus trata conosco com base no Seu próprio relacionamento para conosco. Isso é tão verdadeiro na disciplina quanto em qualquer outra coisa, pois recebemos a correção de nosso Pai porque Ele é nosso Pai. Deus não pode ignorar os pecados de Seus santos como os do mundo. O pecado em um santo de Deus é muito mais sério do que em um incrédulo, uma vez que a glória de Deus sofre muito mais em nossas mãos.
Além disso, é reconfortante ver que Deus não hesita em registrar em Sua Palavra os fracassos de Seus santos. Ele está nos mostrando neles que a Sua fidelidade nunca falha. Embora Deus visite os pecados de Seu povo, suas bênçãos não falharão, pois Deus não falha em Suas promessas por causa do nosso fracasso.
Moisés
Quando chegamos a Moisés, descobrimos que “ele falou imprudentemente com os lábios”. O próprio Moisés registra isso várias vezes, para mostrar que mesmo uma palavra imprudente não passa despercebida.
Creio que pecamos muito a esse respeito, ao falar imprudentemente com nossos lábios. Como diz o apóstolo Tiago: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3:2). É aqui que Satanás obtém tal vantagem sobre nós. A quantidade de tristeza assim trazida sobre as almas não pode ser estimada, pois grande parte do mal que surge entre os santos é de falar imprudentemente com os lábios.
Em contraste, onde Moisés falhou, o Senhor Jesus Se manteve firme. Quando Ele estava aqui, todas as vezes que aqueles escarnecedores Lhe rodearam procurando enredá-Lo em Seu discurso, toda a contradição dos pecadores contra Si mesmo, toda a argumentação deles nunca fizeram emergir d’Ele uma palavra imprudente. Em vez disso, Sua sabedoria brilhou visivelmente ao silenciá-los.
Murmurando
Não é incomum, que aqueles que conheceram a redenção por meio do sangue do Cordeiro, murmurem, como fez Israel, por não terem “as vinhas, os figos e as romãs”, tão rapidamente quanto desejavam. Quando a congregação estava sem água, o que Moisés e Arão poderiam fazer? Eles não tinham recursos em si mesmos; só poderiam levar isso diante do Senhor. “Então, Moisés e Arão se foram de diante da congregação, à porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto” (Nm 20:6). Como resultado, lemos que “a glória do SENHOR lhes apareceu”. Quão abençoado foi isso para Moisés e Arão! Quaisquer que sejam as circunstâncias, no momento em que chegamos diante do Senhor, a glória do Senhor aparece. “E o SENHOR falou a Moisés, dizendo: Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, e dará a sua água; assim, lhes tirarás água da rocha e darás a beber à congregação e aos seus animais” (Nm 20:7-8). Moisés deveria ter descansado simplesmente no Senhor, pois a vara que ele deveria ter tomado era a vara de Arão – a vara da graça sacerdotal.
As águas de Meribá
Deus honrará Seus servos, mas no momento em que saímos do lugar de servo, Ele nos humilha. Moisés pega a vara e diz: “Ouvi agora, rebeldes; (nós) tiraremos água desta rocha para vós?”. Ele não santifica o Senhor aos olhos da congregação, pois ele diz “nós”, não “o Senhor”. Tão logo assumimos ser alguma coisa, saímos do lugar de servo. Então, “Moisés levantou a sua mão e feriu a rocha duas vezes com a sua vara”. Foi-lhe dito para falar à rocha, mas ele a fere duas vezes, como se o poder divino precisasse ser ajudado pela energia humana. Mas ainda assim “saíram muitas águas”. A fidelidade de Deus não é tocada pelo fracasso de Seu servo. Moisés falha, mas Deus não nega que Moisés seja Seu servo, nem nega o poder da vara. Deus pode estar usando o ministério de um indivíduo para abençoar a alma dos outros, quando Ele está prestes a disciplinar essa mesma pessoa, tão usada por Ele. Ele permanece fiel; Ele não negará (bendito seja o Seu nome!) a Sua própria verdade, embora misturada com muita fraqueza, e até mesmo com o ego, naqueles que a pregam.
“Pelo que o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não Me crestes a Mim, para Me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não metereis esta congregação na terra que lhes tenho dado. Estas são as águas de Meribá, porque os filhos de Israel contenderam com o SENHOR; e o SENHOR Se santificou neles” (Nm 20:12-13).
Amados, lembremo-nos de que foi uma pequena coisa, uma palavra imprudente, que fez com que Moisés perdesse Canaã. E lembremos, além disso, de que o governo da língua é mais pressionado sobre nós no Novo Testamento do que quase qualquer outra coisa. “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12:37). Buscar exaltar a nós mesmos é rebelião contra Deus, pois é tomar a glória de Deus e dá-la a nós mesmos. Aonde quer que formos, esforcemo-nos para levar conosco um senso da presença de Deus, Sua santidade e Seu amor; isso nos preservará de mil armadilhas.
Christian Friend, Vol. 1 (adaptado)