Origem: Livro: Reunião de Irmãos

Sobre Recepção

Sentindo cada vez mais nossa responsabilidade em receber à Mesa do Senhor, desejo fazer algumas observações sobre o assunto. Certamente, o desejo do nosso coração é que não mantenhamos ninguém afastado desnecessariamente, nem admitamos alguém que o Senhor não queira que esteja ali; porque devemos receber “como também Cristo nos recebeu para glória de Deus” (Rm 15:7). Assim, o bendito Senhor, que sabia que sentiríamos essa grande responsabilidade, nos deu esta preciosa promessa em conexão com isso: “vos digo que, se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos céus” (Mt 18:19). Sempre nos valemos dessa promessa quando recebemos? A falta de tal dependência não poderia ser, muitas vezes, a fonte de problemas depois? Mas não desejo agora entrar na questão de quem deve ser recebido, mas sim tentar definir, a partir da Palavra de Deus, quem detém a autoridade para receber e como a recepção é realizada. Escrevo por causa de algumas pequenas diferenças de pensamento e com o desejo de que sejamos “unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Co 1:10).

Parece-me então que a Palavra nos ensina que a responsabilidade de receber recai sobre a assembleia (traduzida como “Igreja” na versão ACF). A assembleia liga e desliga (Mt 18:18); julga os que estão dentro (1 Co 5:12); tira de seu meio (1 Co 5:13); e perdoa, depois que a punição infligida produziu o efeito desejado (2 Co 2:6-7). Para os indivíduos está escrito: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7:1). Onde está, então, a autoridade para julgar? Ela é investida na assembleia quando reunida com o Senhor no meio. “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos [estando juntamente reunidos – JND] vós e o meu espírito, pelo poder [com o poder – ARA] de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 5:4). Com um júri o princípio é o mesmo. Há autoridade quando juntamente reunidos como um júri, a qual os indivíduos não possuem. A comparação é imperfeita, mas apresenta o princípio de quando e onde está a autoridade.

A responsabilidade da assembleia é local – “onde (= em que lugar) dois ou três estão congregados em [para o – JND] Meu nome” (Mt 18:20 – TB). “Dize-o à Igreja” (Mt 18:16), significa, é claro, a reunião local. Cada reunião deve agir por si mesma, embora, é claro, não agindo de forma independente, mas em unidade. Os dons pertencem a toda a Igreja, e os irmãos podem ir ao local para exortar, ensinar, admoestar e coisas semelhantes; mas os coríntios precisam se purificar a si mesmos. “Em tudo mostrastes estar puros neste negócio” (2 Co 7:11).

Assim acontece agora com os poucos reunidos, como no princípio. Alguns amados irmãos que argumentam que, por pertencerem ao único corpo, estão corretos em assumir a responsabilidade de receber ou rejeitar em qualquer localidade onde haja reuniões, não percebem, tenho certeza, o resultado de tal conduta. Temos visto isso acontecer para nossa vergonha e tristeza. Daí a importância de insistir na ordem da Palavra de Deus, que claramente designa a autoridade (Mt 18:18-20; 1 Co 5:4-5, 12-13). Quanto ao perigo de usar a doutrina da unidade do corpo para se opor à responsabilidade local, doutrinas essas que estão em perfeita harmonia na Palavra, espero, com sua permissão, caro Sr. Editor, fazer algumas observações em uma ocasião futura.

Mas ouço alguns dizerem: “Por que tanto alvoroço? Se o Sr. Fulano de Tal está satisfeito, nós também estamos satisfeitos”. Respondo: Sem dúvida, tal pensamento, ou o desejo de evitar responsabilidades, foi o que o originou, foi uma das causas da existência do “nosso Ministro”, que faz todo esse tipo de coisa por nós, aparecer nos dias de hoje. No entanto, está escrito: “faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14:40). Oh! Se a ordem de Deus tivesse sido observada desde o princípio, de quantos problemas o Seu povo teria sido poupado!

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Atenciosamente, n’Ele,

C. O. A.

Bible Treasure, Volume 18

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