Origem: Revista O Cristão – Ressurreição

O Molho das Primícias

O próprio Cristo é as Primícias da nova criação, onde tudo é de Deus. Se Cristo, como o verdadeiro Cordeiro Pascal, lançou o fundamento em Sua morte para a glória de Deus, é em Cristo ressuscitado dentre os mortos que Deus demonstra Sua justiça em poder e glória! Nisto, também, Cristo é enfaticamente declarado ser o cumprimento da figura como as Primícias na ressurreição. O grão de trigo é uma figura significativa, sendo usada pelo próprio Senhor, que como o semeador, Ele semeou para produzir o trigo, para ser devidamente colhido para o celeiro celestial. Em João 12, Ele, inequivocamente faz referência a Si mesmo ao responder a Filipe a respeito dos gregos que desejavam ver Jesus. O que estava, então, diante d’Ele era o momento solene de Sua cruz e morte, quando Ele deveria estar sozinho com Deus, pois Ele, o grão de trigo, deveria morrer, se outros devessem estar associados a Ele, o que Ele afirma definitivamente. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”.

O molho aceito em seu favor 

Esse fato por si só é o golpe mortal para aqueles que propõem o ensino errôneo da união com Cristo encarnado, pois claramente Ele esteve sozinho em Sua vida pura, santa e imaculada, como Ele esteve em Sua morte, onde Seu desejo era que o nome do Pai fosse glorificado, como o Pai O glorificaria. Sim, o grão de trigo que morre aponta não apenas para a morte da cruz, onde todas as necessidades do homem, até mesmo para o seu fim moral, foram satisfeitas. Não só isso, mas foi o caminho direto para Cristo Se tornar as Primícias e a realidade do que é apresentado, em figura, no molho da oferta, apresentado a Jeová, ao qual se acrescenta “para que sejais aceitos” (Lv 23:11).

Os discípulos do Senhor não estavam cientes, quando comeram a última Páscoa com Ele (Lc 22), que Ele deveria, então, Se tornar a realidade da figura dada na Páscoa – Ele era o Cordeiro de Deus. Além disso, eles ignoravam a respeito de Sua ressurreição como as Primícias, embora Ele lhes tivesse dito claramente que no terceiro dia Ele ressuscitaria, cumprindo assim a figura do que aconteceria no dia seguinte ao sábado. Muito cedo na manhã do que doravante seria chamado de Dia do Senhor, os entes queridos ignorantemente trouxeram especiarias para embalsamar seu Senhor. Mas acharam a pedra removida do sepulcro; e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. No sepulcro foram desafiados, se não repreendidos, por vozes angélicas que diziam: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou”. A surpreendente verdade de que Aquele que morreu e foi sepultado havia se tornado as Primícias no campo da vida da ressurreição era a prova viva de que tudo estava acabado quanto à cruz e ao sepulcro, e que Cristo, as Primícias dentre os mortos, triunfou de uma vez por todas sobre o pecado e Satanás, a morte e o sepulcro. Embora Maria Madalena esperasse em vão no sepulcro, na esperança de encontrar o corpo morto de seu Senhor, seu coração dedicado foi recompensado por ser a primeira a contemplar seu Senhor e Salvador ressuscitado, embora não para tocá-Lo ou tê-Lo como antes.

A manhã da ressurreição 

Não é uma alusão tocante e um aspecto precioso da apresentação do molho movido? O Senhor, após Maria tê-Lo confessado como Mestre, disse: “Não Me toque, pois ainda não subi para Meu Pai” (JND), (acrescentando também a verdade da associação com Ele mesmo como fruto de Sua morte), “mas vai para Meus irmãos e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”. Não foi apenas a ascensão ao Pai depois que o Cordeiro foi morto, mas toda a vontade do Pai, na vida e na morte, havia sido totalmente concluída, de modo que Ele foi ressuscitado pelo poder de Deus como pela glória do Pai. Assim Ele é apresentado como o molho movido pelo qual Seus irmãos são separados e aceitos. A aplicação das Primícias a Cristo é mais positiva em 1 Coríntios 15:20 e também aos que são d’Ele como associados a Ele (v. 23). Assim, os mortos em Cristo que adormeceram serão ressuscitados e com os vivos serão transformados à Sua imagem, pois a ordem divinamente designada é: “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo em Sua vinda”.

O Senhor ressuscitado 

Quando eles moviam o molho das primícias, eles deveriam oferecer, naquele dia, “um cordeiro sem mancha, de um ano, em holocausto ao SENHOR. E sua oferta de manjares serão duas dízimas de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR, e a sua libação de vinho, o quarto de um him. E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até àquele mesmo dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo é por vossas gerações, em todas as vossas habitações” (Lv 23:12-14).

Assim, a figura é estabelecida em sua verdadeira dignidade no Senhor ressuscitado, com sua apresentação, aceitação e aplicação divina, não omitindo o sacrifício que acompanha o holocausto, a oferta de manjares e a libação. Tais coisas devem ser oferecidas e aceitas com o molho movido antes que Israel pudesse comer do trigo da terra, declarando, inequivocamente, a reivindicação e a porção de Jeová primeiro, o que, na figura, é abençoada e importante. A Quem Se apresentará o Senhor, senão ao Seu Deus e Pai, que O deu? “Eu saí do Pai para o mundo; novamente deixo o mundo e vou para o Pai”. No período significativo de Sua vida e morte toda a vontade de Deus é realizada. Quem poderia avaliar toda a Sua devoção, expressa no holocausto e na oferta de manjares, como Aquele a Quem foi oferecido, com a libação, no gozo e prazer que Ele tinha em fazê-lo? Bendito seja Deus, a aceitação e a avaliação repousaram com Ele – por um lado, não com os anjos, nem por outro com aqueles que compartilham os benefícios eternos do molho movido e das variadas ofertas, embora seja o tema e a adoração dos redimidos por toda a eternidade. Mas Deus tem Seu próprio deleite e satisfação no Filho e em tudo o que Ele fez.

G. Gardner (adaptado)

Compartilhar
Rolar para cima