Origem: Revista O Cristão – Joias
A Nova Jerusalém
O assunto da Nova Jerusalém é muito pouco estudado em comparação ao intenso interesse que deveria haver em cada um de nós. Mesmo estando na Terra, cantamos: “Não há lugar como o lar”, e para ele nossos pensamentos sempre se voltam em todas as nossas andanças. Quanto mais, então, nosso coração deveria desfrutar da consideração de nosso lar eterno — aquela Jerusalém da qual há muito tempo se escreveu:
“Com jaspe brilham teus baluartes;
Tuas ruas com esmeraldas reluzem;
O sárdio e o topázio unem neles seus raios;
Teus muros eternos são cercados de ametista sem preço;
Teus santos constroem seu tecido, e a pedra angular é Cristo;
Jerusalém, a gloriosa! A glória dos eleitos!
Oh futura e desejada visão que nosso coração ansioso espera;
Mesmo aqui pela fé eu te vejo; ainda aqui prevejo seus muros;
A ti sobem meus pensamentos, e se esforçam e se cansam e anseiam.”
Bernard de Cluny (adaptado)
A cidade
Em Apocalipse 21:9, vemos que a Jerusalém celestial é a própria noiva, a esposa do Cordeiro. Ela é divina em sua origem – vem de Deus – é celestial em seu caráter. Ela estará sobre a Jerusalém terrenal à qual dará luz e glória (compare Is 4:5). Embora seja a noiva do Cordeiro que João vê, ela é descrita como uma cidade, sendo esta a sua aparência aqui embaixo na Terra. Estamos destinados a conhecer as mais profundas afeições de Cristo, como Sua noiva, mas para o mundo seremos o centro do governo celestial, transmitindo a glória e o poder de nosso Senhor às partes mais distantes do mundo redimido.
Um cubo transparente
A cidade é ainda descrita pelo apóstolo como um cubo transparente perfeito, 2.200 quilômetros em todas as direções, tendo a glória e o brilho do ouro, e a clareza cristalina do vidro ou jaspe. Essa cidade é segura; ela tem um muro grande e alto (apenas um símbolo) e 12 portões, ou tronos de julgamento, dos quais os anjos são os porteiros (ver também Hb 2 e 1 Co 6:3), e em cada um dos quais uma tribo judaica é julgada de acordo com as palavras do Senhor em Mateus 19:28: “também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”. (Veja também Lucas 22:30). Os fundamentos dessa cidade gloriosa são os 12 apóstolos do Cordeiro, de acordo com Efésios 2:20. Tal é a nova e celestial capital do governo de Deus. Os fundamentos são pedras preciosas (a parte que será mais vista pela Terra), mostrando todas as variadas glórias de Cristo.
Criação, graça e glória
Temos essas glórias representadas três vezes na Escritura por pedras preciosas. Encontramos Suas glórias mostradas na criação em Ezequiel 28:13. Temos as variadas glórias em graça no peitoral do sumo sacerdote, e todas elas em glória aqui. A pura luz branca da glória de Cristo é assim dividida pelos meios pelos quais ela passa, até chegar às suas variadas características, como é exibida entre homens e apreendida por eles. Essa cidade difere da Jerusalém terrenal por não ter templo, pois a presença Toda-envolvente do Senhor Deus Todo-Poderoso e do Cordeiro está lá. Tal é então o aspecto glorioso geral do nosso futuro lar.
A cidade como portadora da luz
A cidade é um cubo de cristal, tendo nela o trono e o centro da glória de Deus e do Cordeiro (Ap 22:3). Cada raio da glória divina deve passar através desse cubo transparente, para chegar a esta Terra, e vem somente de Cristo, embora tudo seja transmitido por meio dos santos que irão, então, formar um meio perfeitamente transparente. Eles desfrutam da luz direta; a Terra, da luz transmitida. Que gozo pensar que então cumpriremos perfeitamente nosso alto destino de sermos portadores da luz da glória do Cordeiro.
Paraíso recuperado
Nesse panorama maravilhoso, temos novamente, em toda a sua perfeição divina, aquelas coisas das quais o homem foi excluído no paraíso terrenal, aqui reaparecendo no paraíso de Deus. Essa cidade é a fonte do rio da bênção; a árvore da vida cresce lá, seus frutos, sem dúvida, para os habitantes da cidade, suas folhas concedidas em graça às nações para a cura delas. Deus e o Cordeiro, agora unidos em glória, têm Seu trono na cidade, e os que a compõem são seus felizes servos. A glória de Deus sendo vista no Cordeiro, todavia, temos um Deus; portanto, Seus servos “O servirão: e verão o Seu rosto” (Ap 22:3-4). Eles também, como o Cordeiro (Ap 11:15), reinarão para todo o sempre.
A nossa posição
Teremos nosso lar na presença imediata de Cristo, cuja face veremos sempre, e seremos usados para transmitir Suas glórias à Terra milenar, sobre a qual reinaremos com Ele. Estaremos seguros de todo o mal; nenhuma das influências profanas que serão vistas na Terra, perto do fim do Milênio, jamais estragará nosso infindável gozo. Morte, tristeza e dor serão todas palavras esquecidas, exceto quando, ao contemplarmos Suas mãos ainda perfuradas, nos lembrarmos do alto custo que nos garantiu todo esse gozo infinito. Oh, como o coração anseia e suspira pela realização dessas cenas gloriosas! De qualquer modo, graças a Deus, todas elas estão asseguradas, e certamente contemplaremos o Rei em Sua beleza e desfrutaremos plenamente daquela esfera de bem-aventurança que temos considerado.
Beleza que nunca desvanece
Nos primeiros quatro versículos de Apocalipse 21, encontramos outro fato glorioso. Nos novos céus e na nova Terra que sucedem o Milênio – quando todo pecado é eliminado para sempre, quando Satanás tiver sido lançado no lago de fogo para não mais enganar – no estado eterno, nosso glorioso lar permanece inalterado e é visto descendo do céu tão fresco e belo quanto no início do Milênio no versículo 10. Pode parecer estranho para alguns que o versículo 10 deva realmente datar antes do versículo 2. A explicação é que os primeiros oito versículos deste capítulo encerram o assunto do capítulo 20, e no versículo 9 uma nova cena se abre na qual o anjo descreve a João o aparecimento da nova Jerusalém durante o Milênio.
Muito brevemente o consideramos, mas não deixemos que suas glórias sejam esquecidas quando este pequeno artigo for deixado de lado, mas que seja o meio de despertar desejos novos e duradouros para o momento em que a fé será transformada em visão e a oração em louvor.