Origem: Revista O Cristão – Eliseu

Respostas de Graça

O favor imerecido de Deus chega até nós a grandes custas; o Senhor Jesus pagou o preço dando Sua vida. Deus ficou tão satisfeito com Ele que O exaltou ao céu com o direito de levar Consigo quem quisesse para lá. O Senhor Jesus respondeu em João 17:24, pedindo que a Igreja fosse Sua noiva no céu. Tal graça nos obriga a responder de uma maneira que O agrade. Os exemplos de graça que Eliseu realizou revelam uma variedade de reações dos benfeitores de sua graça. Que possamos aprender a responder assim para agradar a Deus.

A mulher sunamita 

Nenhuma resposta é registrada dos primeiros milagres que Eliseu realizou – daqueles de Jericó, Betel ou dos três reis. Mas a grande mulher de Suném respondeu quando Eliseu prometeu dar-lhe um filho como recompensa pela hospitalidade mostrada a ele. Sua resposta foi: “Não, meu senhor, homem de Deus, não mintas à tua serva” (2 Rs 4:16). Isso foi dito por que era maravilhoso demais para se esperar? Foi em consideração as suas próprias incapacidades? Ou por descrença no profeta? Por qualquer motivo, podemos deixá-los com o Senhor, pois, independentemente de tudo, Ele lhe deu um filho. Era apenas pela graça, embora ela fosse testada se aceitava isso como base na graça. É uma grande coisa aprender isso

O filho prometido nasceu, mas de repente ele morreu. Isso a levou a considerar por que motivo havia recebido o filho. Deitou a criança na cama de Eliseu e foi vê-lo no monte Carmelo; ela foi à fonte da dádiva e não deixou o profeta do Senhor. É interessante considerar nesse momento como Eliseu também não deixaria Elias, quando ele sugeriu três vezes que ele retornasse de segui-lo. Como resultado, Deus o recompensou com a porção dupla. Assim, Eliseu sabia da fidelidade de Deus e sentiu-se constrangido a dar a sunamita seu pedido. Suas palavras remetem ao que ela disse pela primeira vez: “Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?” (v. 28). Antes de tudo, ela lembrou a Eliseu que não foi seu pedido que levou à promessa de ter o filho. Segundo, se ela aceitasse o filho como uma dádiva com base na graça, poderia devolvê-lo ao Senhor, dizendo: “Vai bem”. Ela se recusou a reivindicar o filho em qualquer outra base que não a graça. Portanto, ela esperou apenas a resposta de Eliseu.

Eliseu foi constrangido, nessas circunstâncias, a interceder pela vida do filho. O Senhor o ressuscitou dos mortos, e Eliseu o apresentou vivo a sua mãe. É aqui que sua ação sem palavras brilha tão intensamente. “E entrou ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho e saiu” (v. 37). Prostrando-se no chão estava sua demonstração de humildade e adoração. Ela fez isso antes de tomar o filho. Ela contava com graça e agora tinha seu filho para sempre no terreno da ressurreição; ele voltou à vida.

Naamã 

Naamã é outro que respondeu de maneira positiva à graça que lhe foi mostrada, apesar de ter um problema em se humilhar para fazer o que Eliseu lhe disse. Quantas vezes a graça é recusada por causa do nosso orgulho! A graça é demonstrada por causa da bondade do Doador, não do recebedor. Naamã finalmente desceu e lavou-se no Jordão sete vezes, depois que seus servos pleitearam com ele, e ele foi limpo. Ele ainda não percebeu que a bênção era toda pela graça e voltou para retribuir o profeta. “Então voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva, e chegando, pôs-se diante dele, e disse: Eis que agora sei que em toda a Terra não há Deus senão em Israel; agora, pois, peço-te que aceites uma bênção do teu servo” (2 Rs 5:15).

Eliseu recusou os presentes; aceitá-los tiraria o crédito do Senhor que havia dado a bênção. A graça de Deus dá mais do que poderíamos merecer. Mas então a pergunta é: O que deve ser feito em resposta ao Doador? Naamã parece cumprir sua obrigação, pois pede: “Se não queres, dê-se a este teu servo uma carga de terra que baste para carregar duas mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses, senão ao SENHOR” (v. 17). A carga de terra das mulas era para ele adorar a Jeová em solo Judeu. A melhor resposta à graça é adorar ao Senhor. O Senhor Jesus revelou Seu sentimento a respeito disso quando um leproso purificado “voltou glorificando a Deus em alta voz; e caiu aos Seus pés, com o rosto em terra, dando-Lhe graças” (Lc 17:15-16). As seguintes palavras do Senhor nos sondam: “Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?” Será que apenas um em cada dez cumpre esse maravilhoso papel de dar glória a Deus por Sua graça?

O Senhor do rei 

Durante a fome de Samaria causada pelo cerco de Ben-Hadade, rei da Síria, a comida ficou tão escassa que as mães estavam comendo seus filhos. As notícias dessa extremidade levaram o rei a ir a Eliseu com a intenção de cortar sua cabeça. O rei de Israel culpou o Senhor pelos males. Eliseu os parou na porta e disse: “Ouvi a palavra do SENHOR; assim diz o SENHOR: Amanhã, quase a este tempo, haverá uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, à porta de Samaria” (2 Rs 7:1). Eliseu respondeu em graça, dizendo que a fome terminaria. “Porém um senhor, em cuja mão o rei se encostava, respondeu ao homem de Deus e disse: Eis que ainda que o SENHOR fizesse janelas no céu, poder-se-ia fazer isso?” (v. 2). Essa expressão de desdém pelo céu e incredulidade na palavra do Senhor o impediu de participar da bênção. Parece ser uma imagem profética do que acontecerá com aqueles que rejeitaram a graça no final da presente dispensação quando o Senhor vier. Eliseu responde a ele: “Eis que o verás com os teus olhos, porém disso não comerás” (v. 2). No dia seguinte, quando a comida foi descoberta, esse senhor tentou controlar o fluxo de pessoas no portão, mas foi pisoteado pelo povo e morreu. É uma coisa solene impedir o fluxo da graça de Deus.

Hazael 

O último caso ocorreu enquanto Eliseu estava na Síria, e era para cumprir o que Deus havia dito a Elias muitos anos antes. Terminaria o tempo da graça e introduziria o julgamento. O caso diante de nós é que o rei Ben-Hadade enviou Hazael para perguntar ao Senhor se ele se recuperaria de sua doença. “E Eliseu lhe disse: Vai, e dize-lhe: Certamente viverás. Porém, o SENHOR me tem mostrado que certamente morrerá. E afirmou a sua vista, e fitou os olhos nele até se envergonhar; e o homem de Deus chorou. Então disse Hazael: Por que chora o meu senhor? E ele disse: Porque sei o mal que hás de fazer aos filhos de Israel E disse Hazael: Pois, que é teu servo, que não é mais do que um cão, para fazer tão grande coisa? E disse Eliseu: O SENHOR me tem mostrado que tu hás de ser rei da Síria. Então partiu de Eliseu, e foi a seu senhor, o qual lhe disse: Que te disse Eliseu? E disse ele: Disse-me que certamente viverás. E sucedeu que no outro dia tomou um cobertor e o molhou na água, e o estendeu sobre o seu rosto, e morreu; e Hazael reinou em seu lugar” (2 Rs 8:10-15).

É triste ver como Hazael usou as informações mostradas em graça para se voltar contra seu mestre para obter a posição. Que egoísmo! Que contraste com a conduta de Davi depois que ele foi ungido para ser rei. Hazael tomou as coisas em suas próprias mãos para fazer com que o rei morresse para que ele pudesse ser rei. Então, fazer essas “grandes coisas”, como ele as chama, contra Israel – matando mulheres e crianças – é insensibilidade além da descrição. Este foi o tipo de homem que Deus escolheu para julgar Israel; certamente o mal deles deve ter sido grande diante de Deus para usar tal homem. É fácil ver por que Eliseu choraria. Os juízos que caem depois que a graça é rejeitada são os mais severos.

Conhecer a vastidão da graça de Deus deve nos tornar humildes, agradecidos e adoradores. E, por outro lado, as terríveis consequências de rejeitar a graça são as mais solenes. Que o Senhor nos permita responder à Sua graça de maneira que Lhe agrade no pouco tempo que resta antes de Seu julgamento chegar.

D. C. Buchanan

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