Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino, Parte 3

Perdão Fraternal

Devedores de dez mil talentos 

O devedor de 10.000 talentos em Mateus 18 nos instrui sobre como somos perdoados e recebidos no reino dos céus. Todos nós, em nossa responsabilidade, fomos perdoados mais do que poderíamos retribuir. Por esta razão, cabe-nos sempre perdoar em nosso coração aqueles que nos ofendem.

A pergunta de Pedro: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?” provocou uma resposta do Senhor em forma de uma parábola. A parábola nos ensina por que devemos perdoar e com que frequência. “Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete”. Sete é o número da perfeição e 70 (sete vezes dez) é a perfeição na responsabilidade. O real significado da resposta do Senhor não é apenas até 490 vezes, mas o número perfeito de vezes, que significa “sempre”.

“Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos” (v. 23). A parábola é uma descrição geral de todos os que estão no reino dos céus; não foi apenas uma resposta para Pedro e os discípulos.

Uma parábola de ampla aplicação 

A parábola tem uma ampla aplicação. Todos os que professam conhecer o Rei no céu fazem parte do reino dos céus. Todo aquele que entra no reino dos céus é recebido lá com base em ter sido perdoado. Todos os que estão no reino dos céus são como o devedor que foi perdoado. Ninguém entra com base no mérito próprio. A recepção no reino inclui aqueles que são verdadeiros crentes e aqueles que são meros professantes. Ambos estão no lugar de terem recebido o perdão governamental. Aqueles que são verdadeiros crentes e têm o Espírito Santo habitando neles também têm o perdão eterno. Mas aqui Ele está falando do perdão que todos recebem do Rei no céu. Eles são todos como o devedor que devia dez mil talentos.

“Começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos” (v. 24). Uma pessoa serve de exemplo para todos, porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Estamos todos reduzidos ao mesmo nível. E Deus oferece perdão a todos por meio do Senhor Jesus, que morreu por todos.

Quando o rei exigiu o pagamento, “então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei” (v. 26). As consequências de não pagar a dívida e sua incapacidade de pagar uma dívida tão grande obrigaram o devedor a implorar por tempo. Isso foi pelo menos um reconhecimento do que ele devia. O rei perdoou o devedor porque ele foi “movido de íntima compaixão”, não porque o devedor pudesse pagar a dívida. Isso o tornou devedor da misericórdia e perdão do rei em vez de devedor dos dez mil talentos. Ele ainda devia muito ao rei. A percepção disso nos ensina por que devemos perdoar. Embora Pedro achasse difícil perdoar muitas ofensas, isso o tornaria consciente do quanto Deus o havia perdoado e de sua obrigação de perdoar os outros por causa de Deus.

Uma atitude implacável 

A seriedade de manter uma atitude implacável para com os outros é destacada nos versículos seguintes, onde o servo não perdoaria a seu conservo uma dívida muito menor. As mesmas palavras implorando por misericórdia foram agora dirigidas a ele: “Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei”” (v. 29), mas ele não perdoou. Ele “foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida”. Tal atitude era imprópria, embora os 100 denários fossem devidos. Ele se apropriou indevidamente do perdão que ele havia recebido do rei e, assim, o representou mal diante de seu conservo.

“Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? (vs. 31-33). O Senhor deseja que aqueles em Seu reino mostrem aos outros a mesma compaixão e perdão que receberam d’Ele. Se não perdoarmos, impediremos a manifestação do caráter e o propósito de Sua vontade.

O remédio para um espírito implacável 

O versículo seguinte descreve o remédio para aqueles que não perdoam seus companheiros de serviço. “indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia” (v. 34). Este é o tratamento governamental de Deus, permitindo que “atormentadores” disciplinem aqueles que não perdoam os outros. Isso pode ser feito de muitas maneiras diferentes, como doença, perda de propriedade, perda de trabalho ou até mesmo a morte. Não é uma questão de saber se eles são verdadeiros crentes ou não. O soberano Rei controla todas as coisas e pode trazer correção para fazer com que Seus servos parem de abusar de Sua compaixão e perdão.

O Senhor Jesus termina a parábola com a admoestação: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (v. 35). Esta palavra é dirigida ao nosso coração. Embora seja verdade que não é apropriado mostrar perdão até que um erro seja confessado, este versículo fala do perdão do coração, independentemente da atitude do ofensor. Quando chega a hora em que o ofensor reconhece seu erro, então o perdão pode ser estendido publicamente. Devemos perdoar de coração, conforme expresso em Efésios 4:32: “Sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.

D. C. Buchanan

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