Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino, Parte 3
A Veste Nupcial
A parábola da ceia das bodas (Mt 22:1-14) traz diante de nós a extrema bondade de Deus e a oposição e inimizade sem esperança do homem. Deus está prestes a fazer um casamento para Seu Filho, e Ele envia Seus mensageiros para convidar homens para a festa de casamento. Seu objetivo é honrar Seu Filho. Não nos é dito nesta parábola nada sobre a noiva, ou a esfera das núpcias. É simplesmente uma comparação do reino dos céus. Sabemos Quem é o Rei e sabemos Quem é o Filho; o grande objetivo é mostrar a maravilhosa graça de Deus. A questão é: o homem virá à festa de casamento se for convidado?
Em breve veremos a resposta. “E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir” (v. 3). Isso ocorreu na vida de nosso Senhor aqui na Terra. Ele enviou os doze e os setenta, exclusivamente para Israel. Mas, infelizmente, não havia coração para o Rei, nenhum coração para Seu Filho. O homem provou ser uma ruína sem esperança; ele não quer ter nada a ver com Deus ou Seu Filho, pois uma convocação para um casamento não oferece motivo possível para desculpa. Mas ninguém jamais será encontrado lá, se não for obrigado a vir. Não há, em toda a extensão do coração humano, um único desejo por Deus ou pelas coisas celestiais. O homem, se deixado a si mesmo, nunca viria a Deus. Ele não quer ir para o inferno, mas não deseja a presença de Deus.
O segundo convite
No segundo convite, o rei faz exigências muito mais fortes ao coração dos convidados. “Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas” (v. 4). Aqui temos ilustrado o segundo chamado a Israel, na pregação dos apóstolos no dia de Pentecostes. Após a morte e ressurreição de nosso Senhor, o Espírito Santo desceu, com novo poder para persuadir o povo com o bendito convite. A obra expiatória foi feita; todas as coisas estavam prontas. “Ressuscitando Deus a Seu Filho Jesus, primeiro O enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades” (At 3:26).
Qual foi o resultado, no que diz respeito à nação e seus líderes? Rejeição deliberada. Milhares se prostraram em verdadeiro arrependimento diante de Deus, mas a grande massa do povo “Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, e outro para o seu negócio” (Mt 22:5). No entanto, há mais do que indiferença; há inimizade positiva. “e, os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram” (v. 6). Isso está de acordo com o discurso solene de Estevão, pouco antes de seu martírio: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam” (At 7:51, 57-58).
Graça divina
Todo esforço da graça divina é enfrentado pelo ódio determinado do coração humano – a lei quebrada, os profetas apedrejados, o Filho rejeitado e crucificado e o vaso do Espírito Santo martirizado. Nada restava a não ser que o julgamento seguisse seu curso. “E o rei, tendo notícias disso, encolerizou-se, e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade” (v. 7). Quão literalmente isso foi cumprido na terrível história de Jerusalém, quando foi destruída pelo general romano Tito em 69-70 d.C.! Os horrores daquele terrível cerco são bem conhecidos, conforme os lemos nas páginas da história. Mas tão certo quanto Jerusalém foi destruída pelos romanos, assim também certamente todos os que rejeitam o evangelho da graça de Deus terão que suportar a agonia daquele lugar onde a esperança nunca pode chegar. Um é tão verdadeiro quanto o outro e aparece com igual força e solenidade em nossa parábola.
A todos os que encontrardes
“Então, disse (o rei) aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial ficou cheia de convidados” (vs. 8-10). Aqui vemos a rica graça de Deus fluindo para os gentios. “esta salvação de Deus foi enviada aos gentios. E eles a ouvirão” (At 28:28 – TB). Em Lucas, temos outra expressão relacionada a esse assunto. “E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e atalhos e força-os a entrar, para que a minha casa se encha” (Lc 14:23). Deus diz ao pecador: “Eu o salvarei apesar de você mesmo. Eu vou obrigar você a vir. Estou determinado a encher Minha casa de convidados. Tomei todo o assunto em Minhas próprias mãos, do começo ao fim, e você será, por toda a eternidade, um monumento da Minha graça que salva, vivifica e convence”. Que graça incomparável! Deus encherá Sua casa de convidados que, se deixados a si mesmos, Lhe dariam as costas para sempre!
Responsabilidades santas
Mas há responsabilidades santas fluindo de toda essa graça maravilhosa. Se a graça nos compeliu a entrar no círculo da salvação de Deus, que tipo de pessoa devemos ser? Se recebemos a veste nupcial, não devemos usá-la? É triste dizer, mas há muitos professando coisas inúteis em nosso meio. Pode-se falar sobre as doutrinas da graça, mas quantos há que exibem uma mentalidade terrenal em sua vida privada diária! Alguns podem perguntar: O que tudo isso tem a ver com a parábola das vestes nupciais? Leiamos as frases finais. “E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste nupcial. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos” (vs. 11-14).
Sem a veste nupcial
Quão solene é alguém aparecer entre os convidados e ainda não estar vestido com as vestes nupciais! É um insulto ao Rei, a Seu Filho e à festa nupcial – a mais alta ofensa contra a graça de Deus. A ideia de aparecer entre o povo do Senhor, professando pertencer a Ele, e ainda assim não estar realmente revestido com Cristo, a verdadeira veste nupcial, é um pecado que só pode ser encontrado entre as fileiras dos batizados professos. Infelizmente, é característico da Cristandade. Não há desculpa; o homem ficou emudecido.
Quão terrível é o fim disso! É a total rejeição de Cristo, a negligência da grande salvação, a recusa da veste nupcial; e, o tempo todo, professando ser Cristão. Como nada pode exceder a graça de Deus que agora é pregada, nada pode exceder a culpa daqueles que de coração a negligenciam, enquanto professam tê-la. “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb 2:3).
“Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o e lançai-o nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes” (v. 13). A interpretação humana apenas enfraqueceria a força deste versículo. Deus conceda que possamos não apenas aparecer entre os convidados, mas realmente vestir as vestes nupciais, para o louvor daquela convincente graça à qual devemos nossa paz presente e glória eterna.
Autor desconhecido