Origem: Revista O Cristão – As Semelhanças do Reino, Parte 3
Hora de Acordar do Sono
A peregrinação da Igreja está rapidamente chegando ao fim, e há uma necessidade de lançar, antes que termine, uma palavra de advertência e um grito de despertar para todos os nossos irmãos ao nosso alcance. Um inimigo muito furtivo e insuspeito está entre nós. Sua presença não é assinalada por pecados graves ou escândalos. Ele ganha ascendência e reina mesmo quando a vida religiosa externa do Cristão é conduzida com regularidade e suavidade. Seu nome é SONO.
O sono é evidentemente um inimigo caracterizado por peculiar tenacidade durante a presente dispensação, pela simples razão de que a vigilância é aquilo que deveria caracterizar este tempo. Estamos vivendo no momento em que o reino dos céus foi comparado pelo Senhor Jesus a “dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo”, e destas Ele disse: “E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas” (Mt 25:5-7 – ARA).
O retorno do Noivo
A profecia de nosso Senhor nesta parábola foi devidamente cumprida. Rejeitado e condenado à morte por Seu próprio povo, e entregue por eles aos gentios pelos quais foi crucificado, Ele assumiu Seu lugar em glória ressurreta, fora de todas as instituições existentes na Terra. Consequentemente, aqueles que creram em Seu nome e se tornaram Seus seguidores também saíram de todas as instituições humanas existentes, compartilhando Sua rejeição e aguardando Seu retorno. Essa era a posição adequada e primitiva da Igreja. Elas “saíram a encontrar-se com o Noivo” (v. 1 – ARA).
Mais uma vez a profecia foi cumprida. O Noivo demorou e, consequentemente, o sono tomou conta de todas. Prudentes e tolas, “foram todas tomadas de sono e adormeceram” (v. 5 – ARA). A sonolência tomou conta do povo de Deus. O primeiro amor diminuiu, como encontramos no Apocalipse 2:4 e, consequentemente, as influências indutoras do sono do mundo prevaleceram contra eles. Eles caíram naquela condição de insensibilidade e letargia que é um sono de tipo espiritual. Como resultado da condição insensível do povo de Deus, todo tipo de corrupção invadiu a Igreja, e todas as abominações do sistema romano apareceram.
A esperança da vinda do Senhor
Podemos levar a parábola um passo adiante e indicar que o “clamor à meia-noite” foi ouvido. A vinda do Noivo tornou-se novamente uma expectativa e uma esperança e, consequentemente, mais uma vez seu poder separador foi conhecido. Os santos voltaram mais uma vez à posição original que haviam deixado, mas que deveria tê-los marcado o tempo todo. O clamor era: “Sai ao Seu encontro”; elas obedeceram e, consequentemente, encontraram-se onde estavam quando pela primeira vez “saíram a encontrar-se com o Noivo”.
E agora, especialmente onde esta preciosa verdade é bem conhecida, há sintomas graves que nos levariam a temer que o sono esteja novamente vencendo muitos. O mundo está tolerante, falta perseguição exterior e as circunstâncias são confortáveis em muitos países ocidentais. Quão fácil, então, sem fazer nada que possa ser contestado por outros Cristãos, tornar-se insensível às necessidades urgentes do momento e indiferente quanto aos interesses do Senhor. Podemos ser gentis, amáveis e corretos, e quanto às coisas de Deus regulares o suficiente e bastante dispostos a ajudar, se tal ajuda não envolver o abandono de nossos próprios interesses. No entanto, podemos estar dormindo no sentido bíblico da palavra.
A necessidade de ficar acordado
Precisamos despertar da maçante indiferença e sacudir as influências sonolentas do mundo. A vinda do Senhor se aproxima! Devemos nós, então, que somos Seus e consequentemente identificados com Seus interesses e testemunho, desperdiçar a presente oportunidade de sermos totalmente para Ele, por imersão nas buscas e nos prazeres da época? Ouça as palavras do apóstolo: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia” (Rm 13:11-13).
Aqui a exortação para despertar é baseada no fato de que se aproxima o dia que significará nossa libertação total e final da presente era. Ainda estamos na noite, mas pertencemos a esse dia e devemos andar “honestamente” ou “adequadamente” como se já fosse aquele dia – não tomando os caminhos e costumes da noite como nosso padrão, mas andando de acordo com os caminhos e princípios do dia, antes que chegue o dia.
A hora tenebrosa da apostasia
O dia, que traz consigo a nossa salvação, está próximo! Nós realmente acreditamos nisso? Está claro para nós que a noite está se aproximando rapidamente de sua hora mais escura de apostasia e o consequente derramamento (uma vez que a Igreja se for) da ira de Deus reprimida desde há muito?
Os sinais dos últimos dias estão plenamente manifestados. Não temos o desejo de ocupar nossos leitores com os feitos do presente mundo mau, mas, por outro lado, é bom às vezes dar uma boa olhada nas condições como elas estão. Sem dúvida, muitos de nossos leitores aprenderam a bem-aventurança do verdadeiro caminho Cristão de separação do sistema mundano e, talvez por essa mesma razão, dificilmente percebem quão completamente o mundo está se aproximando dos dias de Noé e de Ló, porém, em uma escala muito maior. Os dias de Noé terminaram em um dilúvio de água; os dias de Ló em um dilúvio de fogo; o presente mundo em breve terminará em um dilúvio, não providencial nem provisório, mas do julgamento direto de Deus.