Origem: Revista O Cristão – Paz e a Aparição do Senhor
Paz Verdadeira e Duradoura
Mais de dez anos atrás, na edição de agosto de 2010 do The Christian , discutimos o assunto da Paz Mundial. Naquela época, os Estados Unidos e a Rússia haviam acabado de assinar outro tratado de desarmamento, com vistas a reduzir o estoque de armas nucleares de cada país. Outras nações elogiaram essa mudança e acharam que era mais um passo em direção à paz mundial. Mas nem é preciso dizer que, dez anos depois, a tão procurada paz está mais distante do que nunca. Mais e mais pontos problemáticos surgiram no mundo, e muitos desafiaram todos os esforços para eliminá-los. Dificuldades sérias e a guerra civil na Síria e no Líbano continuam a abalar o Oriente Médio, assim como as contínuas hostilidades entre Israel e os palestinos. (A pesada explosão no porto de Beirute, no Líbano, em 4 de agosto de 2020, com um grande número de baixas e tremendos danos estruturais, complicou ainda mais o processo de paz no Oriente Médio.) O Talibã está ganhando terreno no Afeganistão, enquanto O Iêmen é devastado pela guerra civil, resultando em milhares de vítimas tanto da guerra quanto da fome. Apesar da presença de tropas americanas, o Iraque continua instável e o Irã ameaça o mundo com sua pressão para adquirir novas armas nucleares. Vários países da África, como a Líbia, a Nigéria e a Somália, sofrem com inquietação.
China e Coreia do Norte
As maiores dificuldades, no entanto, dizem respeito à China e à Coreia do Norte. No mesmo ano em que os Estados Unidos e a Rússia assinaram o tratado de desarmamento a que nos referimos, a China ultrapassou o Japão para se tornar a segunda maior economia do mundo. Desde então, a China flexionou seus músculos econômica e militarmente e tentou dominar o Sudeste Asiático e o Mar da China Meridional. Suas manobras agressivas, como a criação de novas ilhas para construir pistas de pouso, irritaram outras nações e alimentaram as tensões na área. Sua recente restrição de liberdade em Hong Kong resultou em protestos generalizados e também indignou outras nações. Enquanto isso, a Coreia do Norte continuou seu desafio para o mundo, e para os Estados Unidos em particular, tendo persistido em construir e testar armas nucleares, enquanto empobrecia seu povo.
O hemisfério ocidental
Mesmo no Hemisfério Ocidental, as guerras das drogas no México entre gangues rivais aumentaram a ponto de o governo parecer incapaz de lidar com elas, e também há sérios focos de conflito na América do Sul, como Venezuela e Colômbia. Nos Estados Unidos, incidentes de alegada brutalidade policial e racismo eclodiram em graves motins e anarquia, e dividiram ainda mais o país. Parece não haver nenhuma área do mundo onde não existam problemas potenciais.
A pandemia
Soma-se a tudo isso a pandemia do coronavírus, que envolveu o mundo inteiro, prejudicou seriamente o comércio e os negócios e matou centenas de milhares de pessoas. Antes que a pandemia se acalme, muitos mais provavelmente morrerão, não apenas como resultado do vírus, mas também devido a interrupções no abastecimento mundial de alimentos, que já era precário em várias áreas. As tensões entre as nações aumentaram previsivelmente, pois cada uma procura proteger seus próprios interesses, proteger a saúde de seu povo e preservar sua economia. Muitos nos países mais pobres estão levantando as mãos em desespero, enquanto se perguntam o que é pior – morrer de colapso econômico e fome ou de pegar o vírus COVID-19. Onde a verdadeira paz pode ser encontrada em tal ambiente?
O Príncipe da Paz
Como apontamos no artigo sobre “Paz Mundial” dez anos atrás, a raiz da guerra é o egoísmo, e a raiz do egoísmo é o pecado. Muito poucos neste mundo realmente escolhem a guerra; antes, o homem escolhe o egoísmo, e o resultado é a guerra. Quando Deus enviou Seu Filho a este mundo como “o Príncipe da Paz” (Is 9:6), este mundo O rejeitou de comum acordo e escolheu um homem que combinava em seu caráter muitas tendências criminosas. O mundo não é diferente hoje. Dois anos atrás, durante uma entrevista, um arcebispo católico romano foi questionado por que o nome de Jesus Cristo não era invocado com mais frequência em discursos à ONU por representantes do Vaticano. O arcebispo defendeu sua abordagem dizendo que preferiam “usar a linguagem dos direitos humanos que é comum no sistema da ONU” para “tentar chegar a todas as pessoas, Cristãos, muçulmanos, budistas, pessoas de todas as convicções”. Essa atitude é geral, pois enquanto o homem pode, de maneira convencional, reconhecer a existência de Deus, seu coração natural odeia a revelação de Deus em Cristo.
Deus agora está oferecendo paz ao homem, como indivíduo, se ele se arrepender e vier a Cristo, e Ele enviou Seus servos “anunciando a paz por Jesus Cristo” (At 10:36). Como resultado abençoado de haver “paz no céu” (Lc 19:38), todos os que creem podem ter “paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). Nada que acontece neste mundo pode tocar a fonte dessa paz, e assim o crente no Senhor Jesus pode desfrutar “a paz de Deus, que excede todo o entendimento” (Fp 4:7), em todas as provações e dificuldades da vida neste mundo.
Paz mundial
Mas que dizer da paz duradoura para este mundo? Os conflitos, as guerras e o derramamento de sangue continuarão indefinidamente? Absolutamente não, pois Deus decretou solenemente: “Eu, porém, ungi o Meu Rei sobre o Meu santo monte Sião” (Sl 2:6). Mas duas coisas são absolutamente necessárias para a paz mundial – a exaltação de Cristo neste mundo e a ausência de pecado. Nenhum esforço do homem em si mesmo pode trazer a paz; deve vir da intervenção de Deus, e nosso Senhor Jesus Cristo precisa receber Seu lugar de direito. Somente “quando os Teus juízos estão na Terra” é que “os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). Isso acontecerá durante os 1.000 anos do Milênio, quando nosso Senhor Jesus Cristo reinará em justiça. Durante esse tempo, “E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre” (Is 32:17 – AIBB).
O Milênio
Mas haverá completa ausência de pecado durante o Milênio? Aparentemente não, pois haverá aqueles que se submeterão a Cristo por medo, mas sem nenhuma mudança real em seu coração. De tempos em tempos, o mal levantará sua cabeça, embora seja tratado todos os dias. “Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade do SENHOR todos os que praticam a iniquidade” (Sl 101:8). A justiça realmente reinará durante aquela era abençoada. Então, no final desse tempo maravilhoso, Satanás será novamente solto e liderará uma rebelião final de proporções impressionantes, com números “como a areia do mar” (Ap 20:8). Mil anos de governo perfeito e prosperidade não terão mudado o coração natural do homem; quando tiverem a oportunidade, eles se unirão mais uma vez contra o Senhor Jesus Cristo. Quando essa rebelião for destruída, Deus dará início a um tempo de bênção eterna – um reino onde habitará a justiça.
O Estado Eterno
Durante o estado eterno – o “dia de Deus” – nosso Senhor Jesus Cristo realmente terá Seu lugar de direito, não tanto em um reino visível na Terra, mas naquele reino eterno que realmente durará, não apenas por 1.000 anos, mas para sempre. Além disso, o pecado nunca mais será visto, pois o resultado completo da obra de Cristo será exibido. Como o “Cordeiro de Deus”, Ele terá tirado “o pecado do mundo” (Jo 1:29). Citemos outros que descreveram aquele dia:
“O reino de Deus é um vasto reino moral com o Filho do Homem à sua frente, Deus tendo-o confiado a Ele para sempre (2 Pe 1:11; Jo 5:22). Este reino eterno será distinto do reino milenar. No reino de Deus, todos terão uma nova natureza alegremente sujeita a Cristo e ao Pai, e a graça governará nossa alma em liberdade e paz”.
“Toda a humanidade e os anjos serão os habitantes deste reino; toda autoridade estará nas mãos de Cristo como Homem para sempre, com a Igreja (Ap 21:10). Cristo será o Cabeça do governo, sobre a criação como Homem. A Jerusalém celestial será a sede do governo. ‘Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém!’ (1 Tm 1:17).”
C. E. Lunden
“‘O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e de Seu Cristo, Ele reinará pelos séculos dos séculos’ (Ap 11:15 – TB). Vozes no céu anunciam o fato do reinado de Jeová e de Seu Cristo de acordo com o Salmo 2, e que Ele (pois João, como sempre, une ambos em um pensamento) deve reinar para todo o sempre, e assim será. Mas tanto o reino terrenal quanto o reino eterno são celebrados, apenas no reino eterno a distinção do reino do mundo e da subordinação a Cristo são omitidas. Nas ações de graças dos anciãos, também é celebrado Jeová Elohim Shaddai [Senhor Deus Todo-Poderoso], como o grande Rei que toma para Si o Seu poder e reina; porque é o reino de Deus”.
J. N. Darby (comentando Apocalipse 11:15-17)
Paz eterna
Na presença do pecado e sem Cristo, a paz mundial sempre será uma meta impossível para a humanidade. Mas Deus a trará, em Seu tempo, e durará por toda a eternidade. O crente pode descansar nessa perspectiva, sabendo que nada pode frustrar os propósitos de Deus em Cristo.
Por fim – o reino final,
Sem limite, não tendo fim:
Quando o céu e a Terra –
Deus tudo em todos
Encherá com as maiores bênçãos.
Toda raiz do mal banida,
Nenhum sopro de pecado para fazer murchar,
Na Terra – no alto –
Nada mais que regozijo,
E paz bem-aventurada para sempre!
G. Gilpin